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Inovação e empreendedorismo no ambiente acadêmico

Schmitz et al (2017) realizaram uma revisão de literatura relacionada às atividades de inovação e empreendedorismo no ambiente acadêmico.

Inovação x Empreendedorismo

Em primeiro lugar, no que diz respeito à diferença entre conhecimento inovador e conhecimento empreendedor, os autores esclarecem que o primeiro se refere ao conhecimento necessário nesse processo de destruição criativa que proporciona a compreensão de um determinado assunto ou tecnologia que serve de base para uma oportunidade comercial (SHAH; PAHNKE, 2014) ou uma demanda social.

Já o conhecimento empreendedor, por outro lado, fornece uma compreensão do processo empreendedor e das redes das quais extrair recursos e conhecimentos (SHAH; PAHNKE, 2014) para aplicar o conhecimento inovador para o desenvolvimento socioeconômico regional e para a sustentabilidade das universidades.

Nesse sentido, as características indicadas na literatura confirmam as mudanças que ocorrem nas universidades e na sua relação com a sociedade do conhecimento. Em particular, o trabalho desenvolvido por Clark (1998) e Etzkowitz (2003, 2004, 2013) expande a ideia de empreendedorismo acadêmico para abranger tanto o indivíduo com inclinação empreendedora e a organização acadêmica com exigência de demonstrar engajamento com o empreendedorismo (BRENNAN; MCGOVERN;MCGOWAN, 2007).

Conhecendo as atividades no ambiente acadêmico

De acordo com Audy (2006), as políticas institucionais (relacionadas à transferência de tecnologia, conflitos de interesse, projetos de pesquisa com empresas, etc.) redes de inovação, etc.) são importantes para criar as condições para o desenvolvimento de um ambiente voltado para a inovação e o empreendedorismo. Isso significa que, para se tornarem mais inovadoras e empreendedoras, as universidades precisam incorporar diversas atividades que nem sempre estiveram em seu escopo.

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Assim, Schmitz et al (2017) fizeram uma síntese das atividades identificadas de acordo com os artigos analisados, juntamente com os respectivos autores e denominações, como universidade empreendedora, empreendedorismo acadêmico, etc.

Etzkowitz (1984) Universidade empreendedora Utilização comercial dos resultados da investigação; criação de empresas a partir de resultados de pesquisas; financiamento externo; criação de grupos de pesquisa como quase-empresas; contratos e concessões; empreendimentos conjuntos

 

Doutriaux (1987) Empreendedorismo acadêmico Criação de spin-offs; criação de startups; empresas de consultoria; empresas de serviços técnicos; empresas de manufatura

 

Louis, Blumenthal, Gluck, and Stoto (1989) Atividades da Universidade Empreendedora: Engajar-se em ciência em larga escala, com projetos de pesquisa financiados externamente; auferir renda complementar fora da universidade, principalmente por meio de consultoria; ganhar apoio da indústria para pesquisa universitária; obtenção de patentes ou geração de segredos comerciais; formar empresas com base nos resultados de pesquisas
Klofsten and Jones-Evans (2000) Empreendedorismo acadêmico pesquisa de contrato; projetos científicos de grande escala; ensino externo; teste; patenteamento/licenciamento; spin-offs; vendas.

 

Etzkowitz (2001) Universidade Empreendedora Instalações de incubadoras de empresas; criação de spin-off; criação de startups; programas de ligação industrial; escritórios de ligação; escritórios de transferência de tecnologia; publicação (após a preservação da propriedade intelectual)

 

Chang et al (2006) Inovação acadêmica Patenteamento; licenciamento; startups incubadas; spin-offs; escritórios de propriedade intelectual; escritórios de transferência de tecnologia; escritórios de licenciamento de tecnologia

 

Yokoyama (2006) Universidade Empreendedora Corporações comerciais; despesas gerais; consultoria; atendimento à comunidade; bolsas de estudo

 

Em resumo as atividades relacionadas à inovação e empreendedorismo no ambiente acadêmico são: Ensino, cursos de treinamento, educação empreendedora, publicação, patente, licenciamento, serviços de consultoria, serviços técnicos, serviços comunitários, criação de negócio, fundos de investimento, contrato de pesquisa, pesquisa colaborativa, infra de incubadora, parques tecnológicos, Núcleo de Inovação Tecnológica, fundo externo, ciência em larga escala, comercialização do conhecimento, grupos de pesquisa, Programas e escritórios para aumentar as parcerias com indústria, governo e comunidades.

innovación y emprendedorismo

Análise das atividades e características

Ao analisar as atividades indicadas e as características das universidades empreendedoras os autores concluem que as atividades de inovação e empreendedorismo estão relacionadas ao desenvolvimento socioeconômico regional (ETKOWITZ, 2003a, 2003b, 2004) e à sustentabilidade das universidades (ETKOWITZ, 1998; ETKOWITZet al., 2000; PHILPOTT et al., 2011).

Também referem-se aos indivíduos dentro das universidades, à própria universidade e à relação da universidade com seu entorno (GUERREIRO; URBANO, 2012; ROPKE, 1998; URBANO; GUERREIRO, 2013), bem como ao processo e resultados da criação do conhecimento, disseminação do conhecimento e aplicação do conhecimento (ETKOWITZ, 2003a, 2003b, 2004, 2013).

Tais atividades também se relacionam ao lucro da universidade ou de seus parceiros e ao desenvolvimento social das comunidades do entorno da universidade (ABREU; GRINEVICH, 2013; YOKOYAMA, 2006). E, por fim, estão relacionadas com o cumprimento das missões das universidades e com as suas relações na sociedade do conhecimento (GOLDSTEIN, 2010; MAINARDES et al., 2011).

Referências Bibliográficas

AUDY, Jorge Luis Nicolas. Between tradition and renewal: Challenges of the entrepreneurial university. INNOVATION AND ENTREPRENEURIALISM IN THE UNIVERSITY INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO NA UNIVERSIDADE, p. 42, 2006.

CLARK, Burton R. Creating entrepreneurial universities: organizational pathways of transformation. Issues in Higher Education. Elsevier Science Regional Sales, 665 Avenue of the Americas, New York, NY 10010 (paperback: ISBN-0-08-0433545; hardcover: ISBN-0-08-0433421, $27)., 1998.

ETZKOWITZ, Henry. The norms of entrepreneurial science: cognitive effects of the new university–industry linkages. Research policy, v. 27, n. 8, p. 823-833, 1998.

ETZKOWITZ, Henry. The second academic revolution and the rise of entrepreneurial science. IEEE Technology and Society Magazine, v. 20, n. 2, p. 18-29, 2001.

ETZKOWITZ, Henry. Innovation in innovation: The triple helix of university-industry-government relations. Social science information, v. 42, n. 3, p. 293-337, 2003.

ETZKOWITZ, Henry. Research groups as ‘quasi-firms’: the invention of the entrepreneurial university. Research policy, v. 32, n. 1, p. 109-121, 2003.

ETZKOWITZ, Henry. The evolution of the entrepreneurial university. International Journal of Technology and Globalisation, v. 1, n. 1, p. 64-77, 2004.

ETZKOWITZ, Henry. Anatomy of the entrepreneurial university. Social science information, v. 52, n. 3, p. 486-511, 2013.

ETZKOWITZ, Henry et al. The future of the university and the university of the future: evolution of ivory tower to entrepreneurial paradigm. Research policy, v. 29, n. 2, p. 313-330, 2000.

GUERRERO, Maribel et al. Entrepreneurial universities in two European regions: A case study comparison. The journal of technology Transfer, v. 39, n. 3, p. 415-434, 2014.

MAINARDES, Emerson Wagner; ALVES, Helena; RAPOSO, Mario. The Process of Change in University Management: From the” Ivory Tower” to Entreprunialism. Transylvanian Review of Administrative Sciences, v. 7, n. 33, p. 124-149, 2011.

PHILPOTT, Kevin et al. The entrepreneurial university: Examining the underlying academic tensions. Technovation, v. 31, n. 4, p. 161-170, 2011.

RÖPKE, Jochen. The entrepreneurial university. Innovation, academic knowledge creation and regional development in a globalized economy, v. 2, 1998.

SCHMITZ, Ademar et al. Activities related to innovation and entrepreneurship in the academic setting: a literature review. Entrepreneurial Universities, p. 1-17, 2017.

SHAH, Sonali K.; PAHNKE, Emily Cox. Parting the ivory curtain: understanding how universities support a diverse set of startups. The Journal of Technology Transfer, v. 39, n. 5, p. 780-792, 2014.

Yokoyama, K. (2006). Entrepreneurialism in Japanese and UK universities: Governance, management, leadership, and funding. Higher Education, 52(3), 523-555.

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Juliana de Souza Corrêa

Doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC, formada em Relações Internacionais (UFSC) e com especialização em Inovação em Gestão Pública. Servidora da UFSC, atuando junto à SINOVA e integrante do Grupo VIA realizando pesquisas com foco em inovação e empreendedorismo universitário.