
Sustentabilidade das cidades: como Florianópolis está evoluindo?
A Rede de Monitoramento Cidadão de Florianópolis – Rede Ver a Cidade Floripa foi constituída em 2017 para acompanhar, por meio de um conjunto de indicadores, a sustentabilidade da cidade em todos os seus aspectos. A VIA atua desde sua concepção, como representante da UFSC, juntamente com o Observatório Social do Brasil – Florianópolis e a Associação FloripAmanhã, na composição do Grupo de Monitoramento.
O Relatório Anual de Progresso dos Indicadores (RAPI) como ferramenta estratégica
A metodologia implantada, em conformidade com o Programa Cidades Emergentes e Sustentáveis, busca expor o cenário em temas que afetam a qualidade de vida das pessoas que residem em Florianópolis e assim, fornecer subsídios na proposição de políticas públicas.
O RAPI é produzido anualmente e faz um apanhado de indicadores divididos em temas e pilares, que em conformidade com padrões pré-estabelecidos, são semaforizados de acordo com o resultado obtido naquele ano, em pesquisa com a fonte detentora da informação. Os indicadores da cidade são coletados a partir da sensibilização do Grupo de Monitoramento, juntamente com a CASAN, CELESC e órgãos da PMF, por exemplo.
O que o RAPI 2024 nos revela?
O RAPI 2024 é a 8ª edição do relatório, em um apanhado de 187 indicadores, da qual expôs consideráveis melhorias em variados indicadores, se comparado com edições anteriores. Também a disponibilidade e consistência das informações apresentaram avanços favoráveis com a utilização dos dados da Plataforma Floripa em Números da PMF, o que facilitou a coleta por meio dos servidores, ainda que esta demande aprimoramento.
Contudo, alguns tópicos ainda instigam preocupação, com a semaforização em vermelho ou por constarem como cinza, indicando que o órgão ou entidade não possui conhecimento sobre aquele indicador ou não monitora.
Entre os indicadores, alguns temas podem ser destacados:
ÁGUA:
O consumo de água é muito acima do recomendado pela ONU, o que pode indicar um uso excessivo, devido a baixa conscientização para a economia. Em complemento, o tópico de água não contabilizada apresentou resultado negativo, o que expressa que o desperdício é ainda maior . Contudo, o não recebimento do indicador de “número remanescente de anos de saldo hídrico positivo” reforça a necessidade de medidas de gestão mais eficientes dos recursos hídricos do município de modo a garantir o acesso à água potável, mesmo com o aumento populacional.
SANEAMENTO E DRENAGEM:
Os indicadores de saneamento apontam um alerta para a dificuldade da cidade em acompanhar o avanço populacional, uma vez que apenas 66,67% das moradias são ligadas à rede de esgotamento sanitário e o índice de 13% das moradias que são afetadas por inundações intensas é bastante alto. O “tratamento de águas residuais ou efluentes” encontra-se muito próximo ao limite na marca de 60,14%, com tendência histórica para uma redução a cada ano.
RESÍDUOS SÓLIDOS:
No que tange a gestão de resíduos, a média em Florianópolis alcançou 1,28 kg/dia por habitante, muito acima da média do Banco Mundial de 0,74. A destinação ao aterro sanitário de 86,38% é superior ao adequado de 35%, indo ao encontro que apenas 9,05% dos resíduos são separados para a reciclagem.
ENERGIA:
O indicador de energia proveniente de fontes renováveis é 1,95%, dado de 2022 uma vez que este não foi recebido em 2023, ainda muito abaixo dos 50% desejáveis. Em contrapartida, 45% da iluminação pública utiliza a tecnologia LED, uma avanço muito positivo se comparado aos 17,50% de 2021 e 2022.
USO DO SOLO E MOBILIDADE:
O crescimento demográfico marcou 4,01% em 2022 (2023 não foi apresentado), valor muito acima do limite aceitável de 1,50%/ano. Com o aumento populacional, o tema de mobilidade foi fortemente afetado o que demanda mais alternativas. Porém, o número veículos/habitantes é de 0,65 (indicado inferior a 0,3), a cidade não dispõe de veículos de transporte público urbano movidos a energia elétrica e a frota do transporte público atual tem cerca de 8,43 anos, o que compromete o conforto e a eficência.
EDUCAÇÃO:
Sobre a educação, a cidade conta com taxa de 1,1% de analfabetismo entre adultos e a não é realizado o monitoramento da quantidade de vagas nas universidades públicas e privadas.
SAÚDE:
A taxa de mortalidade infantil apresentou redução para 6,53% em 2023 e o número de leitos hospitalares é de 387/100 mil habitantes, acima do indicado de superior a 100.
SEGURANÇA:
Observa-se uma tendência decrecente no número de feminicídios e homicídios, apontando 0,2 e 4,7/100 mil habitantes respectivamente em 2023.
QUALIDADE DO AR, MITIGAÇÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E RUÍDO:
Os indicadores de qualidade do ar, mitigação das mudanças climáticas e ruído não possuem série histórica, uma vez que não são monitorados e portanto se desconhece a situação, o que compromete a redução. Ainda, mitigar os impactos do aquecimento global e cumprir os objetivos de desenvolvimento sustentável é fundamental.
E sobre o RAPI 2025?
O RAPI 2025, que busca coletar os dados de 2024, encontra-se em desenvolvimento. O Grupo de Monitoramento une esforços na etapa atual de levantamento dos indicadores nas fontes, bem como na sensibilização dos gestores de modo que as informações recebidas possam ser pertinentes e cumpram o verdadeiro propósito da ação… fornecer subsídios de modo que possam ser criadas políticas públicas que tornem Florianópolis uma cidade cada vez mais sustentável.
Quer fazer o download do RAPI 2024? Clica aqui.
Clarissa da Silva Flôr
Latest posts by Clarissa da Silva Flôr (see allVIA - Knowledge Station
- Sustentabilidade das cidades: como Florianópolis está evoluindo? - 7 de June de 2025
- As incubadoras no contexto das universidades - 27 de June de 2019
- Fatores que influenciam a cooperação em rede - 17 de May de 2019