Laboratórios de Inovação no setor público
Os laboratórios de inovação no setor público têm a expectativa de influenciar esse setor como um todo, promovendo mudanças estruturais e sistêmicas por meio da cocriação, experimentação e desing colaborativo de soluções entre governo, sociedade civil e setor privado.
O que são laboratórios de inovação no governo?
Há uma variedade de conceitos acerca dos laboratórios de inovação, Sano (2020) analisou essas definições e concluiu que:
Laboratórios de inovação no setor público são ambientes colaborativos que buscam fomentar a criatividade, a experimentação e a inovação, por meio da adoção de metodologias ativas e da cocriação, na resolução de problemas.
Além disso, a literatura também ressalta que um dos principais aspectos desses ambiente é o foco na inovação aberta, ou seja, a adoção de uma perspectiva de coprodução de serviços públicos, contando com a participação de especialistas, sociedade civil e setor privado (SANO, 2020).
Vale destacar que o crescimento desses espaços ocorre dentro do movimento de inovação do setor público em que a inovação tem ganhado cada vez mais importância. As organizações do setor público contam com a participação de multiatores para ampliar sua capacidade de execução e assim alcançar o valor público e resolver problemas complexo (SUZUKI, 2o21).
Organizações públicas têm a necessidade de serem efetivas, é fundamental que busquem junto ao cidadão a cocriação os seus serviços. Nesse sentido, os laboratórios de inovação em governo passaram a ser vistos como mecanismos para fomentar tanto a participação como uma forma de buscar absorver a inovação encontrada na sociedade (SANO, 2020).
Além disso, a criação desses laboratórios está inserida num contexto mais amplo dos living labs que são espaços de inovação aberta centrados no usuário baseados em uma abordagem sistemática de cocriação de usuários, integrando processos de pesquisa e inovação em comunidades reais e configurações (ENOLL, 2018).
Objetivos e propósitos
De acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os labs de inovação do setor público apresentam os seguintes objetivos:
- Fomentar um ambiente inovador na administração pública
- Desenvolver inovações específicas
- Introduzir tecnologias na administração pública
- Modernizar os processos da administração pública
- Criar novos mecanismos de participação do cidadão
- Introduzir novos métodos de comunicação na administração pública
- Abrir os dados da administração pública
Mulgan (2014) apresenta uma classificação dos laboratórios segundo os propósitos formam estágios de inovação
Segundo o autor, no primeiro estágio, os laboratórios preocupam-se em compreender melhor os desafios do setor onde atuam com a finalidade de identificar oportunidades de ação.
A partir da compreensão desse cenário, passam a desenvolver ideias inovadoras para superar os problemas identificados (2), o que permitirá que, na próxima fase, seja desenvolvido um protótipo para ser testado quanto à sua aplicabilidade e alcance de resultados (3).
Diante de um resultado positivo, o laboratório teria um caso bem fundamentado (4) e que, portanto, poderia ser implementado na organização (5) e levar a um ganho de escala (6).
Por fim, a disseminação dessa inovação poderia levar a uma mudança no sistema como um todo (7).
Estratégias para o funcionamento dos labs
Uma das estratégias para uma boa atuação desses ambientes são alianças e parcerias com atores de outros setores do governo, bem com organizações externas ao âmbito governamental (Puttick et al., 2014).
Outro ponto a ser considerado é a mensuração do impacto das iniciativas dos labs a fim de evitar que as inovações acabem se restringindo a um exercício de geração de ideias (SANO, 2020).
Além disso, outros aspectos relevantes são: o tamanho da equipe, a fonte de recursos financeiros, bem como a importância dos procedimentos metodológicos adotados pelos laboratórios em seu processo de inovação, que incluem questionamentos quanto à forma de envolvimento da sociedade e os métodos de trabalho adotados, muitos dos quais baseados em dinâmicas ativas e, portanto, participativas (SANO, 2020).
Acerca dos métodos colaborativos tem-se a cocriação e a experimentação. Aquela diferencia os laboratórios de firmas de consultoria visto que as soluções são encontradas a partir de um processo participativo e dialógico com estímulo à inovação e experimentação (SANO, 2020).
A experimentação, por sinal, é um dos desafios dos laboratórios, pois a perspectiva é de que as soluções sejam testadas em escala menor para analisar sua viabilidade, bem como compreender a complexidade envolvida em uma posterior implementação em maior escala.
Alguns exemplos de laboratórios de inovação em Santa Catarina são o Nidus e o Labjus (SC).
Referências Bibliográficas
ACEVEDO, S.; DASSEN, N. Innovation for better management: the contribution of public innovation labs. USA: IADB, 2016. (IDB Technical Note; 1101)
ENoLL, 2018. Bill Mitchell, Father of the Living Lab Concept, Passed Away This Weekend. Disponível em: < http://www.openlivinglabs.eu/news/call-papers-living-labsopenlivinglab- days-2018>
MULGAN, G. The radical’s dilemma: an overview of the practice and prospects of Social and Public Labs. UK: Nesta, 2014.
PUTIICK, R.; BAECK, P.; COLLIGAN, P. I-teams: the teams and funds making innovation happen in governments around the world. UK: Bloomberg, 2014.
SANO, Hironobu. Laboratórios de inovação no setor público: mapeamento e diagnóstico de experiências nacionais. 2020.
SUZIKI, R. Inovação do setor público: reflexão e tendências. VIA Estação do Conhecimento, 2021.
Juliana de Souza Corrêa
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