Bar Graph Statistics Analysis Business Concept

Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento – IBID 2025

O Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI), por meio de sua Coordenação-Geral de Economia e Inovação, apresenta a 2ª edição do Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento – IBID, instrumento concebido para mensurar e analisar o desempenho dos ecossistemas locais de ciência, tecnologia e inovação (CT&I) em todo o território nacional.

Metodologia IBID 2025

O índice é formado por dois grandes blocos de análise:

• Contexto para a inovação, que avalia o ambiente e os fatores que facilitam ou dificultam a inovação em cada estado ou região; e

• Resultado da inovação, que mede os efeitos concretos do processo inovador, como o número de marcas e patentes, a produção científica e o uso de novas tecnologias

Esses dois blocos se desdobram em sete áreas temáticas principais (chamadas de pilares) e 21 aspectos específicos (ou dimensões), que são analisados por meio de 80 indicadores estatísticos.

A metodologia do IBID baseia-se integralmente no modelo do Índice Global de Inovação (Global Innovation Index – GII), elaborado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).

Na edição mais recente do GII, divulgada em 2024, o Brasil ocupa a 50ª posição no ranking global de inovação, recuo de uma posição em relação a 2023, quando ocupava o 49º lugar. Apesar desse pequeno recuo, o Brasil teve um avanço significativo a longo prazo, subindo 20 posições desde 2015, um dos maiores avanços globais desde 2019, O país mantém sua posição entre os 50 países mais inovadores do mundo e permanece como líder na América Latina e no Caribe, à frente de Chile (51º) e México (56º). Além disso, figura em 6º lugar entre os países de renda média alta.

Resultados do contexto geral

De acordo com o estudo, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro e Rio Grande do Sul são as economias mais inovadoras do Brasil.

São Paulo reafirma sua liderança nacional em inovação. Em 2024, seu IBID alcançou 0,891, equivalente a 3,1 vezes a média do país. Em 2025, manteve-se robusto com 0,872, 3,0 vezes acima da média nacional. A liderança de São Paulo é consistente ao longo de toda a série histórica calculada pelo INPI, que inicia em 2014.

O top 10 do ranking geral do IBID permaneceu inalterado entre 2024 e 2025, refletindo estabilidade no curto prazo: São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás e Mato Grosso do Sul.

Em análise de médio e longo prazo, observa-se uma ascensão contínua de Santa Catarina e Paraná, que vêm ganhando relevância no cenário da inovação nacional ao longo da última década (2015-2025). E o estado de Amazonas foi o que mais ganhou posições em comparação com o ranking de 2024, subindo de 20ª para 17ª posição.

Quanto aos líderes regionais temos São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, Rio Grande do Norte e Amazonas.

No Nordeste, com exceção de Alagoas, todos os estados superam o desempenho esperado para seu nível de renda. No Norte e Centro-Oeste, a maioria dos estados apresenta desempenho inferior ao estimado. No Sul, todos os estados estão acima do esperado e no Sudeste, apenas o Espírito Santo fica abaixo; sendo São Paulo o destaque de outlier de produtividade.

Em relação ao IBID-Resultado, São Paulo não ocupa a primeira posição apenas em cinco indicadores:

  • Impacto científico das publicações – liderado pelo Rio Grande do Sul;
  • Quantidade de startups – liderado por Santa Catarina;
  • Depósito de patentes na agroindústria – liderado pelo Rio Grande do Sul;
  • Acessos à internet por 100 mil habitantes – liderado por Santa Catarina;
  • Salários em setores criativos – liderado pelo Rio de Janeiro.

A figura abaixo apresenta as posições dos estados em cada pilar:

Com relação ao pilar Instituições, o estado de São Paulo (1º) lidera exclusivamente em ‘Ambiente de negócios’, mas apresenta desempenho modesto em ‘Ambiente regulatório’, ocupando apenas a 15ª posição. Já Santa Catarina (2º) lidera no ‘Ambiente institucional’, enquanto Goiás (3º) se destaca na liderança do ‘Ambiente regulatório.

Já o subíndice do IBID que avalia o estoque de ‘Capital humano’ das economias divide-se em 3 dimensões – ‘Educação básica, ‘Ensino superior’ e ‘P&D’ – e é composto por 12 indicadores. Observa-se que mesmo com baixa colocação no ranking geral, o Ceará (11º) e a Bahia (23º), alcançam a 5ª e a 8ª posição, respectivamente, em ‘P&D’. Já o Espírito Santo (8º) ocupou a 4ª colocação em ‘Educação básica’.

Outro pilar abordado é da Infraestrutura, pois infraestrutura de qualidade em comunicação, transportes e energia facilita a
produção e o intercâmbio de bens, serviços e ideias, melhora o acesso a mercados e diminui custos de transação, estimulando a eficiência e a sustentabilidade do sistema de inovação. Assim, o IBID dividiu esse subíndice em
3 dimensões – ‘Tecnologias da informação e comunicação (TICs)’, ‘Infraestrutura geral’ e ‘Sustentabilidade’ – e é composto por 14 indicadores. São Paulo, Santa Catarina, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Paraná registram o melhor desempenho nesse pilar.

Apesar do desempenho inferior na média geral, o Nordeste apresenta destaques positivos na dimensão ‘Sustentabilidade’. Bahia (12º), Rio Grande do Norte (13º), Piauí (19º), Paraíba (21º) e Ceará (23º) figuram entre os melhores colocados nesta
dimensão, resultado possivelmente impulsionado pela expansão da geração de energia renovável – especialmente solar e eólica – na região. Esses avanços revelam um potencial estratégico para o desenvolvimento sustentável e a atração
de investimentos verdes.

No pilar Economia, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Paraná e Minas Gerais registram a melhor pontuação. A escala de mercado, a disponibilidade de crédito e um ambiente econômico que apoie e estimule o investimento são elementos fundamentais para que as empresas prosperem e a inovação ocorra. O subíndice do IBID referente ao pilar de inovação ‘Economia’ possui 3 dimensões estruturadas em torno das condições de mercado e do nível total de transações – ‘Crédito’, ‘Investimento’ e ‘Indústria, Comércio e Serviços’ – sendo composto por 10 indicadores.

O pilar Negócios busca avaliar o nível de sofisticação dos negócios e o quanto as empresas são indutoras e voltadas à atividade de inovação, incluindo a capacidade do mercado absorver profissionais e técnicos altamente qualificados. São Paulo, Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Rio de Janeiro e Paraná são destaques em ‘Negócios’. Há desafios regionais que se destacam: Santa Catarina (6º) ocupa a 8ª posição em ‘Força de trabalho qualificada’, abaixo dos demais pares, o
que sugere margem para avanço na atração e retenção de talentos.

O pilar ‘Conhecimento e Tecnologia’ abrange todas as variáveis tradicionalmente consideradas como frutos de invenções e/ou inovações. Refere-se à criação de conhecimento e difusão tecnológica, incluindo indicadores que medem o resultado e o impacto de atividades inventivas e inovadoras, como, por exemplo, patentes, transferência de tecnologia, startups e produção científica. São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais registram a melhor pontuação. Fora do grupo de elite, o destaque positivo vai para o Piauí (9º), que figura em 3º lugar na dimensão ‘Impacto do conhecimento’, mostrando que estados com menor estrutura econômica também podem gerar externalidades relevantes em CT&I.

Por fim, Economia criativa’ avalia a função da criatividade para a inovação, sinalizando a capacidade de criação de negócios disruptivos. Abrange indicadores de marcas e demais ativos de propriedade industrial relacionados à agregação de valor e à
criatividade de uma economia, bem como o ambiente digital que a impulsiona. São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Minas Gerais são destaques em ‘Economia criativa.

Referências

INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL (Brasil). Índice Brasil de Inovação e Desenvolvimento – IBID 2025. Rio de Janeiro: INPI, Coordenação-Geral de Economia e Inovação, 2025. 63 p. Disponível em: https://www.gov.br/inpi/pt-br/inpi-data/indice-brasil-de-inovacao-e-desenvolvimento-ibid/ibid_2025_pt-br-final.pdf. Acesso em: 8 set. 2025.

The following two tabs change content below.

Juliana de Souza Corrêa

Doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC, formada em Relações Internacionais (UFSC) e com especialização em Inovação em Gestão Pública. Servidora da UFSC, atuando junto à SINOVA e integrante do Grupo VIA realizando pesquisas com foco em inovação e empreendedorismo universitário.