Ciência para o desenvolvimento mais inteligente: Relatório de Ciência da UNESCO
Tendências na governança da ciência no mundo.
Sobre o relatório
Foi lançado em 1993 com o nome de Relatório de Ciência Mundial. Atualmente é conhecido como: Relatório da Ciência da UNESCO.
Com o objetivo de monitorar a evolução do sistema de apoio à ciência, tecnologia e inovação no mundo, o relatório é para governos, acadêmicos e outros grupos interessados. Dessa forma, mostra como a governança científica está moldando as agendas de desenvolvimento dos países.
A edição de 2020 acompanha o progresso em direção aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para 2030. E também, a Quarta Revolução Industrial e o impacto da pandemia na pesquisa e inovação mundial.
Escrita por 70 autores de 52 países, essa edição explora como os países usam a ciência para concretizar um futuro digital e eco- inteligente. Para tanto, conta com dados sobre: gastos, pessoal, publicações científicas e patentes.
Será que usamos a ciência para um futuro melhor ?
Essa foi a questão central da sétima edição com o título: “ A corrida contra o tempo para um desenvolvimento mais inteligente”.
Desse modo, o objetivo foi mostrar os esforços globais em busca de novos modelos para um futuro melhor. Tendo em vista a inovação, economia digital e energias renováveis.
Por um lado, o relógio está correndo para que os países atinjam suas metas sustentáveis até 2030. Por outro lado, os países sabem que sua competitividade econômica futura dependerá da rapidez de sua mudança para as sociedades digitais.
Um ponto de atenção, é que as pesquisas de sustentabilidade não são uma tendência predominante na publicação acadêmica global. Além disso, constatou-se um fraco desempenho em publicações cientificas sobre os ODSs.
Enquanto, foram publicados cerca de 148 mil artigos sobre automação. Foram publicados, apenas 2500 sobre a captura de carbono.
Fonte: UNESCO ( 2021)
Desse modo, a ciência é sinônimo de modernidade, de poder econômico, e até mesmo de prestígio. Para os países que sofrem o impacto da mudança climática, a ciência oferece esperança de maior resiliência aos desafios atuais.
Assim, países de todos os níveis de renda tem como meta, uma dupla transição: a verde e a digital. Portanto, é uma corrida contra o tempo para um desenvolvimento mais inteligente.
Quer saber mais ? Clique aqui https://www.unesco.org/reports/science/2021/en/countries-regions
O que mais aponta o relatório?
Em primeiro lugar, o investimento em pesquisa no mundo aumentou 19%. Mas, esse indicador é realidade de apenas alguns países.
Nesse sentido, nota-se que Estados Unidos e a China respondem por quase dois terços desse aumento (63%). Entretanto, por outro lado, quatro em cada cinco países investem menos de 1% de seu PIB em pesquisa científica.
Produção científica
Em segundo lugar, a produção cientifica mundial aumentou 20%. E também houve um aumento de 24% na colaboração científica internacional. Mas, ainda 90% das publicações são dos países do G20.
Densidade de pesquisadores em alta
Em terceiro lugar, entre 2014 e 2018, o grupo de pesquisadores cresceu três vezes mais rápido (13,7%) do que a população global (4,6%). Isso se traduz em 8,854 milhões de pesquisadores com dedicação em tempo integral.
Em 2018, a China respondia por 21,1% dos pesquisadores mundiais, pouco menos que a própria participação da UE, de 23,5%.
Questão de Gênero
Em quarto lugar, o relatório destaca a questão da diversidade e inclusão para a evolução da ciência.
Tendo em vista o número de mulheres na produção de ciência, são necessários avanços. Pois, apenas 30% da pesquisa mundial, são feitas por elas.
Essa situação é pior nas áreas de IA e tecnológicas. Desse modo, as mulheres ainda são minoria nos campos da Indústria 4.0.
Outro ponto, é que ainda são minoria em cargos técnicos e de liderança em empresas de tecnologia.
Quer saber mais? Clique aqui https://www.unesco.org/reports/science/2021/en/women-digital-revolution
Patentes e P&D em empresas
Em quinto lugar, nota-se, que muitos governos estão fazendo reformas para facilitar o pedido de patentes.
Além disso, o relatório reforçou que nos países em desenvolvimento as empresas gastam menos em P&D.
Nesse sentido, os governos buscam estratégias para estimular a inovação por meio de investimentos fiscais. E também através dos ambientes de inovação.
E o Brasil?
O Brasil é um dos poucos países a ter um capítulo exclusivo
Produção cientifica em temas de sustentabilidade
Os cientistas brasileiros têm publicado pelo menos três vezes mais do que a média global. São destaques temas como: ajuda a pequenos produtores de alimentos, uso sustentável de ecossistemas terrestres e estado da biodiversidade terrestre.
Centros e polos de inovação tecnológica
Um aspecto positivo foram os polos de inovação tecnológica. Houve um impacto positivo sobre a inovação na academia com relação às patentes, à colaboração científica com a indústria e à incubação de startups inovadoras.
Patentes no Brasil
Dos 20 maiores patenteadores do Brasil, 18 são universidades.
Nesse contexto, vários indicadores alertam o Sistema Nacional de Inovação sobre a queda:
- nas despesas empresariais com P&D,
- depósito de patentes industriais e;
- exportações de produtos de alta tecnologia.
As empresas não demandam e não produzem tecnologia. Desse modo, há muito que se fazer nesse campo.
Em síntese, o investimento empresarial diminuiu. Assim como a participação da produção industrial no PIB e a participação do Brasil no comércio exterior. Em especial, de produtos de alta tecnologia.
O número de patentes de invenções depositadas no INPI recuou 9% entre 2017 e 2018.
Realizações científicas do Brasil
Nesse contexto, o Brasil tem notáveis realizações científicas. Isto porque, a qualidade e a quantidade da produção científica brasileira evoluíram desde 2011. O Brasil é referência mundial em pesquisas contra a Zika e o Covid-19.
O relatório ressalta a conquista de cientistas e engenheiros brasileiros que estão em vias de completar a Sirius. Essa, é uma das mais sofisticadas fontes de luz síncrotron do mundo.
Outro aspecto positivo, é que diminuíram as diferenças regionais em ciências e no ensino de pós-graduação. Mas ainda, a maior parte das empresas do conhecimento estão na região Sul.
Quanto ao gênero, o número de mulheres na ciência e tecnologia evoluiu, em relação a EUA e Europa.
Pontos críticos
O relatório discorre sobre o recente impacto da pandemia de Covid-19. E também , como a crise dinamizou os sistemas de produção de conhecimento. E ainda aumentou a colaboração científica internacional.
Mas, embora a colaboração tenha aumentado nos últimos cinco anos, ainda é um desafio o acesso aberto. Pois, apenas uma publicação em cada quatro está acessível. Ou seja, mais de 70% das publicações permanecem inacessíveis para a maioria dos pesquisadores.
A ciência deve se tornar menos desigual, mais cooperativa e mais aberta. Os desafios de hoje, são globais. É por isso que devemos mobilizar cientistas e pesquisadores de todo o mundo
Audrey Azoulay, diretora-geral da UNESCO.
Assim são necessários esforços para quebrar essas barreiras. De fato, a falta de acesso aberto é fonte tanto de desigualdade, quanto de ineficiência.
Reflexões finais
Em síntese, os países sabem que dependem de uma rápida transição simultânea para uma economia verde e digital.
Desse modo, esse processo pode contribuir para diminuir a dependência tecnológica externa dos países. Em especial, os países em desenvolvimento. Porque serão obrigados a realizar suas próprias mudanças.
Sendo assim, os governos devem assegurar que a industrialização e o desenvolvimento de infraestrutura se cruzem com a construção de capacidade em pesquisa e inovação.
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Referências Bibliográficas
Relatório de Ciências da UNESCO: A corrida contra o tempo por um desenvolvimento mais inteligente . UNESCO 2021
Ronise Suzuki_VIA
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