Rua Em Um Território Criativo Com Painéis Coloridos E Um Teto De Guarda Chuvas

Você sabe o que são Territórios Criativos?

No dicionário Oxford, define-se criatividade como: “inventividade, inteligência e talento, natos ou adquiridos, para criar, inventar, inovar, quer no campo artístico, quer no científico, esportivo etc.”. Essa capacidade logo foi percebida como a possibilidade de ser um ativo econômico, ainda nos anos 1990, países como Austrália e Reino Unido começaram a adotar estratégias de desenvolvimento e políticas públicas baseados nesta premissa (BENDASSOLLI et al, 2009). Aqui começa o primeiro passo para o que chamamos de territórios criativos.

ECONOMIA CRIATIVA

Em 2001, o termo “economia criativa” é cunhado por John Howkins no livro “The creative economy: How people make money from ideas”, que define os ciclos de criação, produção e distribuição que produzem bens e serviços intelectuais ou artísticos, munidos de conteúdos criativos, valor econômico e objetivo mercadológico, tendo como insumos primários a criatividade e o capital intelectual (UNCTAD, 2010). A UNCTAD (United Nations Conference on Trade and Development) categoriza os setores criativos em quatro grupos:

  • Patrimônio: artesanato, festivais e celebrações, sítios arqueológicos, museus, bibliotecas e exposições;
  • Artes: pintura, escultura, fotografia, antiguidades, música, teatro, dança, ópera e circo;
  • Mídia: livros e narrativa gráfica, imprensa, streaming, cinema, televisão, rádio e radiodifusão;
  • Criações funcionais: design, novas mídias, software, games e conteúdo digital criativo, arquitetura, publicidade, P&D, serviços digitais e outros serviços criativos relacionados.

Com o passar dos anos, outros termos associados foram criados, como, por exemplo, a ECONOMIA LARANJA, que seria um precedente da economia criativa, voltada para a América Latina e o Caribe, termo este cunhado por Felipe Buitrago Restrepo e Iván Duque Márquez em seu livro “La economía naranja: una oportunidad infinita”.

Imagem que descreve a economia laranja

ECONOMIA CRIATIVA NO BRASIL

No Brasil, o potencial da economia criativa pode ser observado no “Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil”, da FIRJAN (2016) que aponta que o setor movimentou um valor estimado em mais de R$ 155 bilhões em 2015. (BERNARD; TEIXEIRA, 2020).

Com este potencial é necessário criar ambientes dinâmicos que estimulem a criatividade e também propiciem o crescimento e fortalecimento de empreendimentos criativos, que podem ser denominados Territórios Criativos que podem se apresentar como uma parte da cidade, um conjunto de quadras, um ou mais bairros, caracterizando um distrito criativo. Pode ser toda a cidade, e seria então uma cidade criativa. E pode ser também uma região criativa, quando reúne e articula várias cidades próximas.

DISTRITOS CRIATIVOS

Um distrito criativo é definido como um cluster vibrante, delimitado em um perímetro urbano, onde a criatividade é o motor da inovação dos empreendimentos ali situados. Esses locais permitem a transferência de conhecimento, acelerando o processo de desenvolvimento de ideias e práticas, e intensificando a atividade cultural, gerando uma rede de serviços criativos(Testoni; Teixeira, 2020).

Em um distrito criativo há uma concentração de empreendedores criativos ou de pessoas que utilizam o território para lazer, entretenimento e estudo. Desta forma, um distrito criativo também possui diversas opções de entretenimento, tornando-o diversificado, tolerante e inspirador (Testoni; Teixeira, 2020). Bairro Alto, em Portugal; Manboneng, na África do Sul; Bronx, na Colômbia; e Soho, na Inglaterra, são exemplos de distritos criativos amplamente conhecidos. Clicando aqui você pode conhecer os distritos criativos pelo mundo.

CIDADES CRIATIVAS

Cidades criativas são conceituadas como cidades que se assentam fortemente no potencial da economia criativa e em sua capacidade de atrair e reter talentos, criando contextos territoriais específicos, como ambientes dotados de diversidade, mente aberta, cena cultural ampla e mercado de trabalho flexível, a fim de favorecer a criatividade e atrair a classe criativa por meio de políticas públicas ligadas à inovação (Depiné et. al., 2018).

A UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura) possui um programa de reconhecimento de cidades criativas pelo mundo. No Brasil, temos um seleto grupo de 10 cidades que fazem parte deste grupo que são Curitiba (PR), Brasília (DF) e Fortaleza (CE), na temática de design; Belém (PA), Florianópolis (SC), Paraty (RJ) e Belo Horizonte (MG), na gastronomia; Salvador (BA), na música; João Pessoa (PB), no grupo de artesanato e artes populares; e Santos (SP), no cinema.

Marca original de Florianópolis como cidade criativa da gastronomia

TERRITÓRIOS CRIATIVOS

Como já mencionado, um território criativo pode ter diversos formatos, podendo ser um distrito, uma cidade, ou uma região. O importante é entender que se trata de lugares transformados em sua aparência e uso, por meio de diferentes ações ecossistêmicas, o que, em consequência, faz surgir um ambiente urbano dinâmico que estimula a criatividade das pessoas que circulam ali ao mesmo tempo em que despertam o interesse do cidadão, alavancando o desenvolvimento econômico e sustentável (VIA ESTAÇÃO CONHECIMENTO, 2021).

Em suma, são ambientes que conseguem articular negócios e pessoas formando um verdadeiro ecossistema criativo e valorizando a identidade urbana (VIA ESTAÇÃO CONHECIMENTO, 2021).

TERRITÓRIOS CRIATIVOS E FLORIANÓPOLIS… O QUE VEM POR AÍ?

Visando então o desenvolvimento e fortalecimento de territórios criativos em Florianópolis que a ACIF e o Via estão juntos na concepção de seis novos distritos criativos na Capital. O primeiro foi O Estreitar que teve sua largada decretada no ano passado, este ano novas cinco regiões serão trabalhadas.

Se você quer saber ou ficou interessado sobre os próximos passos e onde serão os novos distritos criativos da capital catarinense, fique atento às redes sociais da VIA, novas publicações estão chegando.

Painel no centro de Florianópolis homenageando Franklin Cascaes

Fonte: acervo pessoal.

 

REFERÊNCIAS

BENDASSOLLI, Pedro F. et. al.. Indústrias criativas: definição, limites e possibilidades. Rev de Adm de Emp, São Paulo, v. 49, n.1, p. 10-18, jan./mar. 2009. Disponível em:

<http://www.scielo.br/pdf/rae/v49n1/v49n1a03.pdf>. Acesso em: 08 de outubro de 2020.

BERNARD, A.P.;TEIXEIRA, C.S. Economia criativa no universo das startups. R. Tecnol. Soc., Curitiba, v. 16, n. 40, p. 1-12, abr/jun. 2020. Disponível em: https://periodicos.utfpr.edu.br/rts/article/view/8591. Acesso em: maio de 2021.

DEPINÉ, A.; MEDEIROS, D. O.; BONETTI, G.; VANZIN, T.;. Cidades Criativas e o Componente Cultural no Desenvolvimento Urbano. In: Habitats de Inovação: conceito e prática. DEPINÉ, A.; TEIXEIRA, C. S. (Orgs). São Paulo: Perse, 2018. p. 67-86.

EMMENDOERFER, Magnus L. Centros históricos como territórios criativos em cidades luso-brasileiras: critérios para denominação, análise e inovação como subsídios para políticas públicas. Relatório de estágio pós-doutoral apresentado a Escola de Economia e Gestão (EGG) da Universidade do Minho, 2015. 294f.

FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DO RIO DE JANEIRO (FIRJAN). Mapeamento da Indústria Criativa no Brasil. Rio de Janeiro, 2016.

HOWKING, John. Economia Criativa: como ganhar dinheiro com ideias criativa. Tradução de A. Griesi. São Paulo: M. Books do Brasil, 2013.

RESTREPO, Felipe Buitrago; MÁRQUEZ, Iván Duque. A Economia Laranja: uma oportunidade infinita. BID: Nova Iorque, 2013. Disponível em:<https://publications.iadb.org/pt/economia-laranja-uma-oportunidade-infinita>. Acesso em: fev. 2022.

TESTONI, B.; TEIXEIRA, C. S. Distritos Criativos: Bairro Alto e Maboneng. In: Habitats de Inovação: conceito e prática. v. 3. DEPINÉ, A.; TEIXEIRA, C. S. (Orgs). São Paulo: Perse, 2018. p. 130-150.

UNCTAD. United Nations Conference On Trade And Development. Creative economy report 2010. Creative economy: a feasible development option. U.N., 2010.

VIA ESTAÇÃO CONHECIMENTO. Documento interno sobre Distritos Criativos. 2021

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Danisson Luiz dos Santos Reis

Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina. Mestre em Propriedade Intelectual e Transferência de Tecnologia para Inovação pela Universidade Federal de Alagoas. Graduado em Engenharia de Produção pela Universidade Federal de Sergipe. Atuo há cerca de 10 anos com Inovação, Empreendedorismo, Criatividade e Sustentabilidade. Integrante do Grupo de Pesquisa VIA Estação do Conhecimento.

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