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VIA participa do IV Encontro Internacional de Inovação na Educação – Educação Fora da Caixa

Nos dias 14 e 15 de Junho, a VIA participou do IV Encontro Internacional de Inovação na Educação – Educação Fora da Caixa. O encontro foi realizado em uma parceria entre a VIA Estação Conhecimento (UFSC), o Sebrae de Santa Catarina, o Grupo de Pesquisa Mídia e Conhecimento (UFSC) e os Departamentos de Informática e Estatística e de Metodologia de Ensino (UFSC).

Em sua IV edição, o evento levantou questões pertinentes relacionadas às tendências e mudanças necessárias à educação do futuro e sobre as práticas inovadoras para o ensino-aprendizado de diferentes públicos. Foram convidados educadores, pesquisadores, gestores e empreendedores em educação, reconhecidos nacional e internacionalmente, para compartilharem as suas experiências. A programação foi distribuída em dois dias de evento e organizada entre plenárias principais e quatro salas temáticas sobre educação em rede e o papel das mídias do conhecimento em tempos de pandemia, metodologias de ensino-aprendizagem, criatividade e o empreendedorismo, e pesquisa e inovação responsáveis.

As trocas foram riquíssimas e recebemos a presença virtual de mais de 5 mil pessoas em cada dia do evento !
Nós da VIA listamos alguns pontos comuns que permearam as falas de nossos convidados.

Afinal, quais os caminhos da inovação na educação?

1. Um novo modelo da base curricular

A base curricular escolar nos próximos anos passará por uma grande revisão que deve romper radicalmente com o modelo de ensino tradicional. Os pilares principais desse novo modelo tendem a abordar o letramento digital, letramento de dados e a alfabetização de privacidade, os conhecimentos cognitivos e os saberes sócio emocionais. Caberá aos alunos e professores não apenas compreender e consumir as tecnologias, como também se tornarem usuários críticos e reflexivos, de maneira a buscar conhecimento para criar ou inovar determinadas tecnologias.

Nesse contexto, o currículo escolar deverá fundamentar-se nas competências, habilidades e condições necessárias para compreensão das atuais tecnologias e das próximas que estão por vir. As mudanças sugerem uma maior atenção à formação dos professores e alunos, ambos expostos a um desenvolvimento integral que dialoga com o desenvolvimento global.

 

 

2. Metodologias ativas para o engajamento na aprendizagem

As metodologias ativas de aprendizagem tornam a busca pelo conhecimento mais atraente, de maneira a engajar os alunos e promover debates significativos na sala de aula. A partir de atividades de experimentação, dinâmicas interativas e até a gamificação que envolvam a resolução de problemas reais, o estudante desenvolve um pensamento crítico diante da elaboração de soluções e associações de saberes interdisciplinares. Nessas práticas, os alunos passam a compreender que o professor não possui todas as respostas, e se colocam como protagonistas de seu aprendizado e produtores de conhecimento.

Os exercícios do pensar a partir de metodologias ativas tendem a aflorar o interesse e engajamento dos alunos, de maneira que eles não se limitem à perguntas como “o que vai cair na prova?” e passem a abraçar os saberes que façam sentido para ele e sua comunidade. A aprendizagem deverá levar cada vez mais em conta a satisfação pessoal de cada estudante para ampliar as suas jornadas de estudo, compreendendo que a educação é também uma forma de se colocar e se expressar diante de novos desafios.

As novas tecnologias atuam como ferramentas diante deste contexto, e as necessidades humanas se colocam à frente. Nesse sentido, a colaboração entre diferentes atores e instituições nos processos ativos de aprendizagem desenvolvem uma educação em rede, mais horizontal, com trocas que vão além do espaço escolar e permeiam outras dimensões da vida dos alunos, professores e toda a comunidade envolvida.


3. A formação de professores em práticas experimentais

A formação continuada dos professores diante das mudanças na aprendizagem se coloca como um grande desafio na educação. Os profissionais de ensino devem contar com uma formação contínua além de sua formação de base. As formações contínuas devem visar práticas experimentais, que podem ser em conjunto com os estudantes, nas quais os professores possam explorar atividades mais “mão na massa”.

A capacitação prática e exploratória dos profissionais de educação permitirá que eles elaborem experiências de aprendizagem diferenciadas aos alunos. A atenção deve ser muito mais voltada a quem está aprendendo, levando em conta as especificidades de aprendizagem da turma e de cada aluno, do que realmente o conteúdo proposto nos planos de ensino tradicionais. A aprendizagem deve ocorrer como um processo colaborativo de resolução de problemas e busca por soluções, no qual o professor atua como um verdadeiro mediador e designer de experiências e percursos de aprendizagens.

 

 

4. A educação empreendedora

Uma educação empreendedora tem como principal ponto de partida o engajamento do aluno, de maneira que ele consiga lidar com as mudanças de forma criativa, com empatia, liderança, motivação e, principalmente, protagonismo. A construção de espaços e práticas experimentais, que permitem compreender e aplicar conhecimentos, técnicas e habilidades multidisciplinares em colaboração com diferentes atores e parceiros, oferecem as capacidades cognitivas e competências sócio emocionais necessárias para os jovens desenvolverem as suas próprias ideias e determinarem quais caminhos irão construir para além da extensão escolar.

A educação empreendedora é mais um aspecto que vem sendo introduzido no ensino, desde o ensino fundamental ao superior, pelas disciplinas, laboratórios, projetos de extensão, incubadoras, entre outros, que propõe a aprendizagem baseada em projetos de necessidades e problemas reais, com impactos locais, nacionais e globais. A educação deverá preparar jovens não apenas para construir carreiras, mas para lidarem com projetos e inovação disruptiva, sempre conectando o conhecimento à prática.

5. A inclusão para qualidade na educação

As instituições de ensino devem ser ambientes inclusivos, em uma busca constante pela introdução de tecnologias e técnicas acessíveis e na modelagem de espaços de encontro e saberes que conectam diferentes pessoas em uma só rede. A inclusão pode se manifestar de diferentes maneiras, desde a acessibilidade para pessoas com deficiência até a garantia de acesso à internet e equipamentos para alunos de extrema vulnerabilidade. A inclusão se estabelece como um valor, um direito humano e multiplicador, e é fundamental para a inovação, pois a partir da troca e interação de diferentes formas de aprendizado, surgem novas formas de pensar e agir.

 

 

6. O que a pandemia nos ensinou…

De fato, a pandemia acentuou os desafios antes já existentes, apresentando um cenário ainda mais complexo e um futuro incerto. Por outro lado, também despertou um novo olhar às problematizações, permitindo compreender como a educação pode direcionar novos percursos. O cenário pandêmico com certeza marcou uma nova era que impulsiona a inovação, a pesquisa e a responsabilidade em geral. Um dos maiores desafios revelados foi o da desigualdade do acesso à tecnologia e a urgência pela democratização tecnológica. Em segundo lugar, o despreparo e desconhecimento das competências do ensino remoto entre a comunidade acadêmica, ressaltando a importância de uma formação contínua entre os profissionais da educação.

Por fim, a pandemia colocou a escola nesse “não-lugar”, fora das quatro paredes da sala de aula e dentro de telas digitais. Compreendemos que a instituição de ensino não se limita a apenas um espaço, um locus, mas se estabelece como uma extensão perene, que permite promover inúmeras experiências de trocas de saberes e de afetos que alarguem os nossos horizontes de pensamento.


Este ano, o
IV Encontro Internacional de Inovação na Educação foi realizado de forma virtual. Apesar da distância física, o evento promoveu encontros inspiradores entre pessoas múltiplas ao redor do mundo. Como se fala de educação usando tecnologias, nada mais apropriado do que trocar conhecimentos fazendo um bom uso das mesmas.

Se nas edições anteriores contamos com a média de 800 participantes, nesta IV edição o Educação Fora da Caixa acolheu por volta de 6 mil participantes, e esperamos recebê-los novamente no próximo ano. No nosso próximo encontro pretendemos levantar discussões interessantes sobre as tendências da inovação na educação, o acompanhamento de algumas diretrizes e também o mapeamento dos efeitos da pandemia no ensino-aprendizagem.

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Aline de Camargo Barros

Graduada em Arquitetura (SENAC - SP) e mestranda em Design (UDESC), investiga projetos inseridos no ambiente urbano, suas diretrizes e possibilidades diante das inovações tecnológicas da realidade contemporânea, buscando um viés centrado nas necessidades e demandas do cidadão e da comunidade.

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