Público E Privado

A dicotomia entre público e privado: espaços de contradições


Um insight filosófico sobre a contradição entre público e privado.

A relação do ser humano e o ambiente é histórica. Nas culturas ocidentais, em especial, ela irá inscrever-se como importante atravessamento social para pensar a dicotomia: público e privado.

São essas práticas divisoras que passam a nortear as formas com que ocupamos os espaços e permitem-nos delinear nossas relações de pertencimento com o mundo público.

Ao nos propormos a estudar essa condição binária que configura os espaços urbanos, tais ambientes nos têm exposto campos em constante tensionamento social, à medida que expõem distintas formas de ser e estar no mundo e revelam as conexões humanas com suas respectivas comunidades. Todavia, parece-nos uma tarefa árdua delimitar o público e o privado, pois essa bipartição é fluida no tempo e espaço.

Há sempre uma linha tênue entre público e privado, justamente porque estes são espaços de contradições demarcados por regras sociais que operam, articulam diferentes modos de vida e organizam nossa vida social. Por exemplo, ao mesmo tempo que as praças das cidades são públicas, elas se tornam privadas para determinados grupos humanos, com base em um ethos coletivo que exclui moradores de rua, pedintes e mendigos.

Essa dinâmica envolve, assim como para Hannah Arendt (1906-1975), duas vidas – “viver a vida” e “viver no mundo”. Viver no mundo é, consequentemente, compreender aquilo que nos torna e faz públicos a partir das nossas produções e arranjos coletivos.

O mundo acaba quando é visto somente sob um aspecto e só lhe permite uma perspectiva.

– Hannah Arendt

Encontrar o equilíbrio para estes espaços de contradições implica no reconhecimento da diversidade humana, sobretudo, respeitando nossas particularidades. Um mundo visto por um único olhar não é plural, é singular, não é público, é privado. O público é de todos e para todos, ele não escapa nossa subjetividade, mas se organiza no campo social da coletividade, especialmente ao problematizarmos a produção das cidades e seus espaços urbanos.

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Vitor Martins

Graduando em Administração (FGV-Sociesc) e Psicologia (UFSC). Escreve sobre temas transversais relacionados à Deficiências e Trabalho, População de Rua, Gênero e Políticas Públicas. Atua como Pesquisador em Iniciação Científica (UFSC) com bolsa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cujo estudo encontra-se vinculado ao Programa de Pós Graduação em Engenharia do Conhecimento (PPGEGC/UFSC) e ao grupo Via Estação do Conhecimento. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4817371773157513

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