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Inovação social na intersecção com o gênero

A dicotomia da inovação social

A inovação social ganhou lugar de destaque nos últimos trinta anos. Sobretudo, alinhada ao contexto da economia neoliberal. Nesse sentido, entendemos que se por um lado a inovação social é vista como um importante processo para a superação das desigualdades sociais a partir do desenvolvimento de bens e serviços destinados a “gerar melhores condições de vida, saúde e bem-estar para as pessoas”, de modo geral. Em sentido oposto, alguns autores apontam que a inovação social também pode ser vista como um discurso que mantém as mesmas condições de desigualdades da atual estrutura social (Huysentruyt 2014; Casaqui 2015; Lindberg, Forsbergb Karlbergc 2016).

Assim, a dicotomização posta em aberto refere-se principalmente aos efeitos da inovação social na sociedade. Neste caso, temos aqueles que defendem sua relevante contribuição social e, paralelamente, os estudiosos que apontam seu efeito nocivo ao mascarar a realidade a partir de uma falsa ideia de coesão social (Huysentruyt 2014; Casaqui 2015; Lindberg, Forsbergb Karlbergc 2016).

Inovação Social vs Gênero

Logo, a partir dessa contextualização, torna-se pertinente problematizar a inovação na intersecção com os estudos de gênero enquanto categoria analítica. Segundo Lindberg (2009), a área da inovação com foco na indústria e desenvolvimento de tecnologias é um espaço para pensarmos tais questões. Pois, conforme pesquisa realizada na Suécia, alguns setores da economia, por exemplo – automotivo, indústria química, energia, engenharia e manufatura e tecnologias – eram majoritariamente ocupados por homens. E, nas áreas como entretenimento, varejo e saúde, isto é, com pouco prioridade para os Estados, as mulheres eram maioria.

No Brasil, sabe-se que as mulheres ainda ocupam poucos espaços nas engenharias e ciências da tecnologia. Além disso, ao analisarmos os relatórios do Global Entrepreneurship Monitor (Monitoramento de empreendedorismo global) entre 2013 e 2017, evidencia-se que os homens ainda são os que mais empreendem em nosso país.

Danilda e Thorslund (2011), apontam que o ambiente de inovação social pode ser um instrumento para a superação das desigualdades. Neste caso, por exemplo, quando o gênero é visto como potencial para a inovação por meio da diversidade. Deste modo, observamos que as discussões sobre o papel desempenhado pela inovação social ainda precisa ser intensamente debatido. Sobretudo, para que tenhamos de forma mais concreta o reconhecimento de seus efeitos na sociedade.

Quer saber mais sobre o assunto? Acceder aquí e acesse “Protagonismo Feminino: o Gênero como atravessamento para pensar Inovação Social no Brasil”.

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Vitor Martins

Graduando em Administração (FGV-Sociesc) e Psicologia (UFSC). Escreve sobre temas transversais relacionados à Deficiências e Trabalho, População de Rua, Gênero e Políticas Públicas. Atua como Pesquisador em Iniciação Científica (UFSC) com bolsa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cujo estudo encontra-se vinculado ao Programa de Pós Graduação em Engenharia do Conhecimento (PPGEGC/UFSC) e ao grupo Via Estação do Conhecimento. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4817371773157513

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