Incubadora criativa atuando em crises
Neste post estaremos analisando a publicação de Kim (2021), que traz a arte de uma incubadora criativa durante a maior falência municipal da história dos EUA, decretado por Detroit em julho de 2013 devido o excesso de confiança da indústria automotiva.
Para se ter uma ideia da gravidade enfrentada por Detroit, segundo artigo, a taxa de desemprego oficial atingiu 29%, enquanto que os dados não oficiais estimavam metade da população, isso corroborou com que 40% dos moradores estivessem vivendo abaixo da linha da pobreza.
Nesta publicação, destaco uma metodologia de uma incubadora criativa, que para alguns, diriam ser um tanto quanto ousada, por se tratar de uma incubadora fundada em 2012 que buscou reerguer a cidade, fomentando o empreendedorismo por meio de novos valores e crenças, indo contra os conhecimentos convencionais. Enquanto que as demais incubadoras da região fomentavam o aumento de investimentos e o lançamento de empreendimentos de rápido crescimento, a Green Incubator Detroit (GREEN) buscava revitalizar Detroit de forma sustentável.
A GREEN se instalou e transformou o prédio histórico da Ford Motor Company, montadora esta que startou o declínio da cidade, em uma estrutura ecologicamente correta, com dispositivos para concentrar a luz solar natural, substituindo assim as lâmpadas elétricas e os sistemas convencionais de aquecimento e resfriamento, por um sistema geotérmico movido a energia solar. Este prédio contava com uma biblioteca de sustentabilidade, espaços de ioga e na cobertura uma horta comunitária, onde os voluntários cultivavam vegetais orgânicos para vender a restaurantes vizinhos.
Qual o propósito de tudo isto?
O objetivo da GREEN era formar as 50 empresas residentes em seus espaços de coworking, em uma comunidade coesa, comprometidas com a ideia de que o negócio deveria criar um valor social e ambiental, não apenas lucro. Somente com estes princípios enraizados, seria possível reverter o cenário crise.
Após um novo ciclo, os fundadores das incubadas em potencial eram incentivados a uma imersão na comunidade GREEN por vários meses, e só após o entendimento do “design da comunidade” assim chamado, os incubados recebiam mentorias e troca de experiências com as demais empresas residentes. Assim, a cada ciclo de incubação, a GREEN com sua visão pragmática a crise, lançava novos negócios para Detroit, com crenças fundamentais e identidade própria, transformando a situação atual em novas oportunidades.
“Em contextos de crise, o desespero e a urgência da situação forçam as pessoas a agir primeiro antes de compreender completamente a situação” Weick, (1988).
Gostou da publicação? Então veja outro post sobre incubadoras criativas aqui no Blog
Veja aqui na integra este artigo.
Kim, S. Frame Restructuration: The Making of an Alternative Business Incubator amid Detroit’s Crisis. Administrative Science Quarterly. 2021, Vol. 66(3)753–805
Weick, K. E. Enacted sensemaking in crisis situations. Journal of Management Studies. 1988, Vol. 25: 305–317.
Ricardo Silvestro
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