Universidades Empreendedoras

Universidades empreendedoras – entenda o conceito

Universidades empreendedoras e suas características

As universidades são instituições milenares que atuam na criação, gestão e preservação do conhecimento para a sociedade. Desta forma, no decorrer de séculos diversos paradigmas de universidades surgiram e ganharam protagonismo, dentre eles o modelo Humboldtiano, Napoleônico, e mais recentemente, o modelo de universidades empreendedoras. No decorrer do século XX a mudança para uma sociedade do conhecimento fez emergir este paradigma da universidade empreendedora. Assim, assumindo um papel mais central na sociedade, expandindo os papéis acadêmicos de professor para pesquisador empreendedor (ETZKOWITZ, 2016), exercendo um papel de fonte de inovações a serem transferidas para a sociedade (CASADO; SILUK; ZAMPIERI, 2012).

Uma das principais características destas instituições é a forte ligação com o mercado e a indústria, facilitando a aplicação prática de pesquisas realizadas. São universidades que maximizam o potencial de comercialização de suas ideias e pesquisas. Assim criam valor na sociedade, não vendo isto como uma ameaça aos valores acadêmicos (GIB; HANNON, 2006). Desta foram são instituições que possuem incorporados em sua missão o desenvolvimento social e econômico (ETZKOWITZ, 2003).

As características das universidades empreendedoras

Segundo Audy e Ferreira (2006) as universidades empreendedoras apresentam cindo dimensões:

  • Administração coesa, focada no resultado e composta por especialistas, gerentes qualificados e professores.
  • Cultura empreendedora integrada, focada na busca de novas oportunidades, desenvolvendo habilidades de atuação multidisciplinar e valorizando o comportamento empreendedor.
  • Desenvolvimento de unidades periféricas descentralizadas e auto-sustentáveis, focadas na conexão com a sociedade, envolvendo ações de forte conexão com a comunidade, como transferência de tecnologia, parques científicos e tecnológicos, agências de gestão e inovação tecnológica, institutos de pesquisa aplicada, ancorados em modelos de gestão que estimule a criatividade e o empreendedorismo.
  • Motivar o núcleo acadêmico e desenvolver um perfil de assumir riscos, altamente proativo e empreendedor.
  • Base financeira diversificada, que envolve, além das mensalidades, recursos públicos, agências financeiras, empresas e outras instituições da sociedade, além de serviços, licenças e contribuições tecnológicas.

Desta forma, a universidade empreendedora foca na realização de atividades de ensino, pesquisa e empreendedorismo simultaneamente (ETZKOWITZ, 2004), abrangendo os estudantes de diferentes áreas da conhecimento e não apenas os matriculados em escolas de negócios (FERNÁNDEZ-NOGUEIRA et al., 2018).

No Brasil existe o ranking de universidades empreendedoras que avalia anualmente as instituições. O ranking é organizado pela Confederação Brasileira de Empresas Juniores. Assim, a confederação avalia as instituições em três eixos: comunidade acadêmica, ecossistema favorável e desenvolvimento da sociedade. Você pode acompanhar o ranking acessando este link.

Referências

AUDY, J.; FERREIRA, G. C. Entrepreneurial University: A View From Pucrs. Innovation And Entrepreneurialism in the University, p. 412, 2006.
CASADO, F. L.; SILUK, J. C. M.; ZAMPIERI, N. L. V. Universidade empreendedora e desenvolvimento regional sustentável: proposta de um modelo. Revista de Administração da Universidade Federal de Santa Maria, v. 5, p. 633-649, 2012.
ETZKOWITZ, Henry. The entrepreneurial university: vision and metrics. Industry and Higher Education, v. 30, n. 2, p. 83-97, 2016.
ETZKOWITZ, Henry; CARVALHO DE MELLO, Jose Manoel. The rise of a triple helix culture: Innovation in Brazilian economic and social development. International Journal of Technology Management & Sustainable Development, v. 2, n. 3, p. 159-171, 2004.
ETZKOWITZ, H. Research groups as ´quasifirms´: the invention of the entrepreneurial university. Research Policy, n. 32, 2003.
FERNÁNDEZ-NOGUEIRA, D. et al. The entrepreneurial university: a selection of good practices. Journal of Entrepreneurship Education, v. 21, n. 3, 2018.
GIBB, A.; HANNON, P. Towards the entrepreneurial university. International Journal of Entrepreneurship Education, v. 4, n. 1, p. 73-110, 2006.

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Rayse Kiane

Mestre e doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela Universidade Federal de Santa Catarina. Graduada em Sistemas de Informação pela mesma instituição . Realiza pesquisas interdisciplinares sobre: inovação na educação, mídia e conhecimento, compartilhamento de conhecimento por meio das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs), open science e usabilidade de software.