Innovación

Gestão da Inovação: conceitos e origens

O desafio da inovação não é novidade. É preciso inovar para prosperar! As empresas sempre precisaram pensar em mudar o que oferecem ao mundo e nas maneiras de criar e distribuir essa oferta se quiserem sobreviver e prosperar. A inovação envolve um alvo em constante movimento – além da competição existente entre os participantes do jogo, o contexto geral em que o jogo acontece está em constante transformação. Mudanças em várias dimensões fundamentais do ambiente significam que a incidência das descontinuidades provavelmente aumentará em resposta a um aumento massivo na taxa de produção de conhecimento e ao consequente aumento no potencial de instabilidades ligadas à tecnologia. Para isso é preciso fazer uma gestão da inovação.

As principais tendências, que são postas como vetores de inovação na atualidade são:

  • Aceleração na produção de conhecimento e distribuição global do conhecimento produzido;
  • Expansão do mercado com o advindo da globalização, ao mesmo tempo que há uma maior fragmentação por nichos para atender demandas específicas;
  • Virtualização do mercado e aumento de usuários através de conectividade pela internet;
  • Crescimento da preocupação com questões de sustentabilidade e fatores sociais.

O que é inovação?

Shumpeter é considerado o pai de estudos da inovação e fala de um processo de “destruição criativa”, em que há uma constante busca pela criação de algo novo que simultaneamente destrói velhas regras e estabelece novas – tudo orientado pela busca de novas fontes de lucratividade.

Segundo Thomas Edson, “a inovação é mais do que simplesmente ter boas ideias; é o processo de fazê-las evoluir a ponto de terem um uso prático”.

As definições acerca de inovação podem variar na teoria, mas todas ressaltam a necessidade de completar os aspectos de desenvolvimento e de aprofundamento de novos conhecimentos, não somente de sua invenção.

As principais características da inovação são:

  • A inovação é frequentemente confundida com invenção – mas esta última é apenas o primeiro passo de um longo processo para fazer uma boa ideia difundir-se e ser útil.
  • A inovação é uma questão de conhecimento – criar novas possibilidades por meio da combinação de diferentes conjuntos de conhecimentos.
  • A inovação é movida pela habilidade de estabelecer relações, detectar oportunidades e tirar proveito delas.
  • A inovação nem sempre é fácil e sempre envolve riscos – história da inovação de processos e produtos está cheia de exemplos de ideias aparentemente boas que falharam – em alguns casos, com consequências catastróficas.
  • A tecnologia sempre desempenha um papel fundamental na disponibilização de opções radicalmente novas.
  • A inovação é importante não apenas no empreendimento individualizado, mas cada vez mais como a fonte principal do crescimento econômico em proporções nacionais e globais.
  • A configuração dominante ainda não está visível – em vez disso, há uma rica mistura em ebulição de possibilidades tecnológicas, modelos de negócio e participantes em potencial, da qual a configuração irá emergir gradualmente.

Visão de inovação como processo:

Tidd et al (2015) definem “Innovación” como o processo de transformar ideias em realidade e lhes capturar o valor.

Para realizar uma boa gestão da inovação, é preciso ir por fases. A primeira fase envolve a questão da busca. Usando uma metáfora biológica, precisamos gerar variedade em nosso “fundo genético” – e fazemos isso ao trazer novas ideias para dentro do sistema. Essas ideias podem vir de P&D, podem aparecer subitamente, podem surgir de indicadores do mercado, regulamentações, comportamento dos competidores, etc. Ou seja, é fundamentalmente uma questão de sobrevivência, através da adaptação às circunstâncias.

Mas, simplesmente gerar variedade não é o suficiente – é preciso selecionar naquele conjunto de opções, as variantes com mais possibilidades de auxiliar no crescimento e no desenvolvimento. Ao contrário da seleção natural, na qual o processo é aleatório, deve-se olhar como uma forma de escolha estratégica – de tudo o que poderíamos fazer, o que iremos efetivamente fazer – e por quê? Esse processo deve levar em conta a diferenciação competitiva – qual escolha nos dará a melhor chance de nos destacarmos na multidão? – e capacidades anteriores – podemos construir sobre o que já temos ou esse é um passo em direção ao desconhecido.

O terceiro passo é a implementação, ou seja, transformar as ideias em realidade. A tarefa é, essencialmente, a de gerenciar um grande comprometimento de recursos – tempo, energia, dinheiro e, acima de tudo, a mobilização de conhecimentos de vários tipos – em um contexto de incerteza.

Por fim, precisamos considerar o desafio da captura de valor com nossos esforços inovativos. Como iremos assegurar que os esforços são justificáveis – em termos comerciais ou em termos da criação de valor social? Como iremos impedir que outros se apropriem dos ganhos? E como podemos aprender com a experiência e adquirir um conhecimento útil sobre como aprimorar o processo de inovação no futuro?

Empreendedorismo e inovação:

A relação entre inovação e empreendedorismo estabelece-se pela natureza da inovação, que é fundamentalmente ligada ao empreendedorismo – uma potente mistura de visão, paixão, energia, entusiasmo, insight, julgamento e muito trabalho, o que permite que boas ideias se tornem realidade. Percebe-se:

  • A inovação é frequentemente a característica mais importante associada ao sucesso de empreendimentos.
  • Empresas inovadoras normalmente atingem um crescimento maior ou são mais bem-sucedidas que aquelas que não inovam.
  • Empresas que ganham participação no mercado e lucros crescentes são aquelas que inovam mais.

Acima de tudo, sejam quais forem as condições tecnológicas, sociais ou mercadológicas envolvidas, a chave para se criar – e manter – vantagem competitiva tende a pertencer àquelas organizações que inovam continuamente, através de uma boa gestão da inovação.

Dimensões da inovação (4 Ps do espaço inovativo):

Nesse aspecto, dentro do contexto da inovação, podemos considerá-la em 4 circunstâncias:

  • Inovação de produto – mudanças no que (produtos/serviços) uma empresa oferece;
  • Inovação de processo – mudanças na forma como os produtos/serviços são criados e entregues;
  • Inovação de posição – mudanças no contexto em que produtos/serviços são introduzidos;
  • Inovação de paradigma – mudanças nos modelos mentais subjacentes que orientam o que a empresa faz.

Deve-se considerar ainda que há um certo grau de inovação escondida, entre esses diferentes tipos de inovação existentes, as quais são:

  • Tipo I: Inovação idêntica ou similar às atividades mensuradas por indicadores tradicionais, mas excluída das medições.
  • Tipo II: Inovação sem uma grande base científica e tecnológica, como as inovações de modelos organizacionais ou de negócios.
  • Tipo III: Inovação criada a partir de novas combinações de tecnologias e métodos já existentes.
  • Tipo IV: Inovações desenvolvidas no âmbito local e em pequena escala que passam despercebidas não apenas aos olhos dos indicadores tradicionais, mas de muitas das organizações e dos indivíduos que trabalham em determinado setor.

Aspectos da inovação

Antes de fazer a aposta na inovação que está sendo pensada, é necessário analisar alguns aspectos para modelar as decisões estratégicas sobre onde e como atuar, fazendo uma adequada gestão da inovação. São eles:

  • Grau de novidade – inovação radical ou incremental?
    • Apenas cerca de 6% a 10% de todos os projetos que se dizem inovadores são de fato originais. Estudos acerca do desenvolvimento do processo incremental sugerem que os ganhos cumulativos de eficiência são muito maiores em longo prazo do que aqueles obtidos com as mudanças radicais ocasionais.
  • Plataformas e famílias de inovação
    • Essa é uma forma de criar espaço e elasticidade em torno de uma inovação e depende da capacidade de criar uma família ou uma plataforma básica forte que possa ser ampliada. As plataformas e famílias são formas importantes para que as empresas recuperem seu alto investimento inicial em P&D por meio da aplicabilidade da tecnologia em uma série de outros mercados.
  • Inovação descontínua – o que acontece quando as regras do jogo mudam?
    • Às vezes, acontece algo que desloca esse padrão e altera as regras do jogo. Por definição, não são eventos corriqueiros, mas possuem a capacidade de redefinir as condições de espaço e limites – abrem novas oportunidades, mas também desafiam os jogadores existentes a remodelarem o que estão fazendo à luz de novas condições.
  • Nível da inovação – em um componente ou na arquitetura?
    • As oportunidades para inovação também podem ser observadas por meio de um importante viés: os componentes dentro de sistemas maiores. Em uma analogia com bonecas russas, podemos pensar em inovações que alteram as coisas em termos de componentes e aquelas que causam mudanças maiores em um sistema inteiro.
  • Tempo/oportunidade – o ciclo de vida da inovação
    • Os canais e os fluxos existentes podem não ser adequados ou suficientes para atender à inovação, de forma que a empresa precisará desenvolver outras inovações.

Capital Intelectual e Inovação

A pesquisa do capital intelectual tem implicações para a gestão da inovação e impacta quatro tipos principais de partes interessadas, ou seja, academia, agências governamentais, profissionais e equipe de alta administração de organizações.

Interessante notar que o número de artigos publicados no Journal of Intelectual Capital (JIC) (Lin e Edvisson, 2020) mostram um pico ocorre em 2007-2008 quando o sistema financeiro entrou em colapso, provavelmente uma indicação da importância de intangível. O segundo pico ocorreu em 2017–2018, logo após o JIC obteve aumentou sua pontuação de fator de impacto.

Conforme explicitado pelos autores, o capital intelectual tem mostrado uma tendência produtiva na criação de valores e sustentabilidade. Como os principais temas do JIC refletem as preocupações da comunidade do CI e fornecem algumas indicações para o desenvolvimento de capital intelectual, vemos que sustentabilidade é uma tendência forte nas produções acadêmicas que refletem a sociedade e economia em geral.

O artigo traz uma importante contribuição ao mundo acadêmico, ao empenhar-se num esforço para analisar cerca de 700 artigos publicados no tema de capital intelectual ao longo das últimas décadas e apontando o tema de sustentabilidade como uma tendência que veio para ser incorporada nos contextos atuais e socioeconômicos.

Conforme mencionado pelos autores, o objetivo da pesquisa acadêmica não é apenas relatar fatos, mas desenvolver percepções sobre como um campo pode ser avançado, melhorando a compreensão do capital intelectual. Logo, se o capital intelectual tem como por objetivo sistematizar conhecimento em áreas importantes socialmente, e dada à maior conscientização acerca da sustentabilidade pela população como um todo e pelo setor de negócios (a exemplo da onda do ESG – fatores ambientais, sociais e de governança), vemos a necessidade de se realizar mais pesquisas no campo da sustentabilidade, desenvolvimento sustentável e conservação de recursos naturais em geral. Isso pode ser justificado não apenas por fatores ecológicos (ex: aumento de pandemias como COVID-19 devido à desequilíbrios ambientais), mas também por fatores econômicos (nota-se que uma empresa que segue a filosofia ESG tem uma performance financeira superior no longo prazo).

No contexto da inovação, é preciso estar antenado em tudo que é atual, tendência ou lacuna, para que sejam desenvolvidas soluções capazes de suprir a demanda seja por conhecimento, seja por produtos, processos ou serviços. É preciso fazer uma gestão da inovação adequada para prosperar! Dessa forma, vemos a sustentabilidade como um dos principais temas que devem ser tratados quando falamos de inovação.

Referências:

LIN, C. Y., & EDVISSON, L. Reflections on JIC’s twenty-year history and suggestions for future IC research. Journal of Intellectual Capital, 2020.

TIDD, J.; BESSANT, J.; PAVITT, K. Gestão da Inovação – Cap 1: Inovação – o que é e porque importa. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2015

 

 

The following two tabs change content below.

Suelen Jorge Felizatto Marostica

Graduada em Engenharia Florestal pela Universidade de Brasília, mestre em Clima e Ambiente pelo Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, especialização MBA em Gestão Estratégica e Econômica de Negócios pela Fundação Getúlio Vargas e doutoranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento pela UFSC. Ao longo de sua atuação profissional liderou projetos de cooperação internacional voltados ao desenvolvimento sustentável nas regiões da Amazônia brasileira, África, América Latina e Caribe, com interface com governo, setor privado, ONGs, organizações multilaterais e instituições de pesquisa com foco em mudanças climáticas, gestão do conhecimento, mecanismos financeiros para conservação, colaboração em redes, bioeconomia e inovação.

Latest posts by Suelen Jorge Felizatto Marostica (see all)