Capital social como valor na sociedade do conhecimento
O curso de Engenharia de Materiais da UFSC recebeu Sicilia Vechi – mestranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento, para tratar do capital social sob a perspectiva de valor na sociedade do conhecimento. Vechi expôs que a economia do conhecimento requer maior capacidade de inteligência acumulada para as organizações.
O conhecimento acaba se transformando em experiência, vantagem competitiva, capital, inovação e riqueza. E os laços formados nessa transição serão determinantes para as relações geradas. Como as pessoas são parte integrante para o sucesso e desenvolvimento, uma importante análise a ser considerada diz respeito ao capital social, baseado em relações, redes de confiança, segurança e troca.
Mas, afinal, o que é capital social?
- Como ideia de construção social:
“Capital social é um valor constituído a partir das interações entre os atores sociais. Refere-se à conexão entre indivíduos, redes sociais e normas de reciprocidade e confiança que emergem dela” (PUTNAM, 2000, p. 19).
- Uma definição mais estrutural aponta:
“(…) a soma dos recursos atuais e potenciais incorporados dentro, disponíveis através, e derivados de redes de relacionamento possuída por uma unidade individual ou social” (NAHAPIET, GHOSHAL; 1998, p. 243).
- Na perspectiva dos interesses individuais atendidos pelas relações sociais:
“O capital social é o agregado dos recursos atuais e potenciais, os quais estão conectados com a posse de uma rede durável, de relações de conhecimento e reconhecimento mais ou menos institucionalizadas, ou em outras palavras, à associação a um grupo – o qual provê cada um dos membros com o suporte do capital coletivo (…)” (BOURDIEU 1983, p.248-249).
No mundo dos negócios, estas interações podem extrapolar o ambiente e, assim, beneficiar tanto organizações, quanto grupos e indivíduo. Os laços entre estes podem ser fracos e fortes, algo significativo para definir o nível de reciprocidade entre os membros de uma rede. De maneira geral, o capital social depende do interesse dos indivíduos em integrar redes, seja em benefício próprio, seja pelo interesse na esfera coletiva, como custo ou benefício.
Como o Capital Social se apresenta
Obrigação moral e normas, confiança (valores sociais) e redes sociais são elementos necessários para gerar o capital social. Já o modo como ele se apresenta ou é percebido divide-se entre aspectos que podem ser desfrutados pelo indivíduo, como capital social relacional, normativo e cognitivo; e outros que são benefícios do coletivo, que apenas se dão na relação do tempo e da interação estabelecida entre um grupo de pessoas, como a confiança no ambiente social e o capital social institucional. (BERTOLINI; BRAVO, 2001; RECUERO, 2009, p.50-51). Veja uma descrição de cada aspecto:
“a) Relacional – que compreenderia a soma das relações, laços e trocas que conectam os indivíduos de uma determinada rede.
b) Normativo – que compreenderia as normas de comportamento de um determinado grupo e os valores deste grupo.
c) Cognitivo – que compreenderia a soma do conhecimento e das informações colocadas em comum por um determinado grupo.
d) Confiança no ambiente social – que compreenderia a confiança no comportamento de indivíduos em um determinado ambiente.
e) Institucional – que incluiria as instituições formais e informais, que se constituem na estruturação geral dos grupos, onde é possível conhecer as ‘regras’ da interação social, e onde o nível de cooperação e coordenação é bastante alto.”
Quanto mais se fortalecem as dimensões coletivas do capital social, mais o indivíduo é capaz de se apropriar deste capital. Tal apropriação é o resultado capital social encontrado nas redes de organizações.
REFERÊNCIAS
BOURDIEU, P. The forms of Capital. Originalmente publicado em “Ökonomisches Kapital, kulturelles Kapital, soziales Kapital” In: Soziale Ungleichheiten (Soziale Welt, Sonderheft 2). Goettingen: Otto Schartz &Co. 1983. (pp 98 -183). Traduzido para o inglês por Richard Nice.
BERNETT, D., TEODOROSKI, R.C., SANTOS, N. O capital intelectual sob a perspectiva teórica do capital social. In: Capital Intelectual: Reflexão da teoria e prática. Ed. EGC, Florianópolis, 2014.
BERTOLINI, S.; BRAVO, G. Social Capital, a Multidimensional Concept. 2001.
NAHAPIET, J., GHOSHAL, S. Social capital, Intellectual capital, and the organizational advantage. Academy of Management Review, v. 23, n. 2, p. 242-266, 1998.
RECUERO, R. Redes sociais na internet. Porto Alegre: Sulina, 2009. (Coleção Cibercultura).
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