As lições que podemos tirar do índice global de inovação de 2020 (GII)
O que é o índice global de inovação (GII)?
O GII é uma referência para medir o desempenho de inovação de uma nação. O índice foi criado em 2007, com o objetivo de avaliar o nível de potencial inovador, nos sistemas socioeconômicos nacionais e para apoiar o desenvolvimento de políticas e práticas que estimulem a inovação [1]. Além disso o índice é considerado uma valiosa ferramenta de benchmarking que facilita o diálogo público-privado e orienta os formuladores de políticas, líderes empresariais e outros stakeholders para avaliação do progresso da inovação em seus países (CORNELL, INSEAD & WIP0, 2020). O índice foi desenvolvido em conjunto pela Universidade de Cornell, a escola de negócios INSEAD e Organização Mundial de Propriedade Intelectual (WIPO).
Qual o objetivo do índice global de inovação ?
Em 2020, foi lançada a 13ª edição do índice, dedicada ao tema Quem Financiará a Inovação? O relatório foi desenvolvida a luz do financiamento da inovação investigando a evolução dos mecanismos de financiamento para empreendedores e outros inovadores. Além disso, apontou os progresso e os desafios restantes para o processo de inovação- inclusive no contexto da desaceleração econômica induzida e a crise induzida pelo COVID 19. Nesse contexto, o relatório apresentou tendências globais no terreno da inovação e analisou o desempenho de 131 economias em matéria de inovação.
Como é medido o índice global de inovação?
O índice depende de duas categorias de indicadores, os inputs de inovação e os outputs de inovação. São considerados “inputs” os fatores que sustentam a capacidade de inovação. Ou seja, as instituições, políticas, capacidade humana, infraestrutura, sofisticação tecnológica, mercados de negócios e capital. Já os “outputs” o foco de análise, são os benefícios que uma nação deriva da criação de conhecimento, competitividade e geração de riqueza. Cabe destacar que cada categoria é formada por 3 pilares, que agrupam indicadores individuais totalizando 80 indicadores quantitativos e qualitativos.
Framework – Global Innovation Index 2020
Fonte: Cornell INSEAD WIPO ( 2020)
Quais países foram apontados como os líderes globais de inovação de 2020?
A dez anos a Suíça ocupa a liderança como país mais inovador, e é seguida pela Suécia e EUA. Destaca-se, que Coreia do Sul é o segundo país asiático no ranking dos 10 países mais inovadores no mundo. Uma vantagem do ranking, é poder observar a movimentação dos países e identificar ações e políticas que adotam para ampliar sua capacidade inovadora, como o exemplo da Coréia e da China.
Fonte : Cornell INSEAD & WIP0 (2020)
Os países que lideram no campo da inovação adotam abordagens que garantem complementaridade e equilíbrio, entre diferentes áreas do seu sistema de inovação. Porque para o sucesso do SNI, é necessário equilibrar as forças que impulsionam os insumos de inovação com as forças que direcionam os produtos da inovação. São insumos da inovação : criação, a exploração e os investimentos em conhecimento. E são considerados produtos da inovação : ideias e tecnologias para a aplicação prática, exploração e o impacto.
Quais as principais lições do índice global de inovação ?
O relatório é uma valiosa ferramenta de benchmarking. O objetivo é orientar os esforços de uma nação, para tratar a inovação como uma prioridade. Desse modo, o relatório aponta que os países devem ter uma política de inovação clara, e adotar a inovação como um tema transversal, por todas as esferas e ações do governo. Além disso deve ser considerado o alinhamento entre as políticas de propriedade intelectual e as políticas de inovação, com metas e ações quantificáveis, que possam ser revisadas e avaliadas regularmente. Por isso, os atores do SNI devem atuar ativamente no estabelecimento e execução de planos e políticas de inovação.
Importância da inovação na retomada econômica
A inovação se tornou crucial para retomada econômica pós covid e a crescem as demandas por respostas tecnológicas, modelos colaborativos, investimentos contínuos do setor privado em inovação.
Desse modo, é importante um Estado mais empreendedor para prover as condições ideais para aumentar a capacidade de inovação do país [2]
“ Diante de uma crise sem precedentes precisamos alavancar ao máximo o poder da inovação para promovermos coletivamente uma recuperação coesa dinâmica e sustentável” (Cornell INSEAD & WIP0, 2020).”
Assim nesse momento, nos planos de retomada econômica, observa-se que países como EUA, China, Japão e alguns países da Zona do Euro, estão orientando suas políticas, para o fortalecimento do Sistema nacional de Inovação, com uma participação ativa do Estado em com ações pautadas em investimento em Ciência, Tecnologia e Inovação.
É possível identificar pontos comuns nos planos desses países como investimentos para qualificação das pessoas, o fortalecimento da indústria de semicondutores, o investimento em sistemas de inteligência artificial, desenvolvimento de tecnologias para aumentar a capacidade de conectividade e processamento e investimentos em outras áreas estratégicas de P&D&I. O foco é impulsionar a inovação e reduzir a dependência externa tecnológica.
Considerações sobre o relatório de inovação de 2020
As lições do índice global de inovação, apontam que o aumento da capacidade de inovação de um país depende interação e processo de aprendizagem sistêmica entre os atores do SNI. Ou seja depende das instituições privadas, investimentos em tecnologias de fronteira e a participação do Estado.
O relatório pode inspirar políticas públicas para a retomada econômica, processos de colaboração para que a inovação esteja na agenda de políticas desenvolvimento econômico das nações. Os governos têm um papel importante para promover as forças que estimulem a inovação de forma indireta ou direta. Sendo assim, deve também, serem articulados e potencializados mecanismos inovadores para mercados de propriedade intelectual, crowndfunding ( financiamento coletivo), soluções de finthec e especialmente mecanismos de políticas públicas para financiamento da inovação.
Cabe ao Estado um papel ativo e empreendedor que proporcione as condições ideias para que a inovação floresça e seja vista como um meio para construção de um futuro sustentável e inclusivo[2]
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Referências Bibliográficas
Cornell INSEAD & WIP0, Global Innovation Index 2020
Freeman, C. (1987). Technology policy and economic performance: lessons from Japan. London: Pinter
Mazzucato, M. (2018). The value of everything: Making and taking in the global economy. Hachette UK.
Ronise Suzuki_VIA
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