As inovações que compõem os dois braços da ambidestria organizacional
Exploração e explotação: os dois braços da ambidestria
O dilema das estratégias de inovação voltadas para exploração e explotação tornou-se um dos discursos importantes a emergir no campo da aprendizagem organizacional nas últimas décadas [1].
Muito associados a capacidade de uma empresa de inovar em duas linhas de frente (de forma incremental e de forma disruptiva), nem sempre há um consenso nos estudos da área sobre a conceitualização específica de explotação e exploração, o que pode tornar complexas as pesquisas a respeito de ambidestria.
Tema cada vez mais emergente, ainda há certa divergência na literatura científica a respeito de quais são os antecedentes e os estudos científicos que se seguiram que podem ter levado às diferentes abordagens de conceitualização desses construtos [1].
Evolução dos conceitos
Cientes desse desafio, Almahendra e Ambos (2015) [1] se propuseram em sua pesquisa “Exploration and exploitation: a 20-year review of evolution and reconceptualisation” a apreender o padrão estrutural de comportamento de citação e entendimento entre os estudiosos a respeito de exploração e explotação por meio da realização de uma profunda revisão bibliográfica em uma população completa de artigos sobre este tema, publicados nos principais periódicos seguindo o primeiro estudo que emergiu nessa área (sendo o de James March em 1991, intitulado “Exploration and Exploitation in Organizational Learning”).
No levantamento dos autores, March continua sendo o autor mais citado pelos estudos da área. Embora as características dos conceitos de exploração e explotação tenham evoluído com o passar dos anos, se aproximando e se distanciando em alguns pontos, eles se assemelham em aspectos gerais, principalmente quando se voltam para a questão da aprendizagem organizacional, conforme figura:
Conclusões do estudo
Seguindo a análise da literatura e identificando quais artigos trouxeram evoluções ou características novas (ou até mesmo distintas das anteriores em alguns aspectos) agregadas aos conceitos, os autores concluem que embora os temas de exploração e explotação tenham sido discutidos de forma heterogênea para os acadêmicos de administração, eles se concentraram no aprendizado e na evolução organizacional.
Assim, apontam que a literatura sobre este tema compartilha uma noção comum de que exploração e exploração são fenômenos subjacentes recorrentes em muitos sistemas adaptativos e concluem que nas últimas duas décadas as pesquisas observando que o aprendizado organizacional é a principal ferramenta estratégica para a sobrevivência das empresas no mercado tem crescido.
Nesse aspecto, há um consenso de que uma parte essencial do sucesso em relação ao aprendizado organizacional e o sistema adaptativo dependem de como a empresa gerencia o dilema entre a exploração e a exploração. Dessa forma, a exploração aproxima-se sempre das características mais associadas a inovação disruptiva e a explotação ao aproveitamento do que a empresa já concentra em suas atividades para uma melhora (inovação) incremental; e conseguir o equilíbrio entre essas atividades é o que garante sua competitividade, ou seja, dominar de fato a ambidestria organizacional [1].
Leia mais sobre o tema:
Entenda mais sobre ambidestria em: Ambidestria organizacional: é preciso mais do que inovar
Conheça estratégias para organizações ambidestras em: Ambidestria e Inovação Aberta: será que dá match?
Referências
[1] ALMAHENDRA, Rangga; AMBOS, Björn. Exploration and exploitation: a 20-year review of evolution and reconceptualisation. International Journal of Innovation Management, v. 19, n. 01, p. 1550008, 2015.
Carlos Marcelo Faustino da Silva
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