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Uma estrutura conceitual para ecossistemas regionais de inovação

Olá, leitores.

Hoje trago o resumo de um artigo científico muito interessante que propõe uma estrutura conceitual para o desenvolvimento de ecossistemas regionais de inovação na Ucrânia. Esse artigo foi publicado na revista European Journal of Sustainable Development em 2020. As autoras da pesquisa são: Iryna Pidorycheva, Hanna Shevtsova, Valentina Antonyuk, vinculadas ao Institute of Industrial Economics of the National, e Nataliia Shvets Hanna Pchelynska, vinculada a Volodymyr Dahl East Ukrainian National University.

Conceito

Ecossistema regional de inovação é um sistema que consiste em uma comunidade dinâmica de organizações (atores) em rede (não hierárquicas) com diferentes funções e papéis, que são construídas na estrutura institucional da região. Operam sob a influência de fatores de negócios, ambientes de políticas regulatórias e de inovação. Compartilham uma visão comum para o desenvolvimento sustentável da inovação na região e no país e estão abertos à colaboração com atores de outros ecossistemas de inovação.

Objetivo da pesquisa

O artigo “A Conceptual Framework for Developing Regional Innovation Ecosystems” aborda a importância da criação de ecossistemas de inovação regionais para o desenvolvimento econômico e social de uma determinada área geográfica. Para que esses ecossistemas possam ser desenvolvidos de forma efetiva, é necessário um conjunto de políticas, programas e ações que possibilitem a integração de empresas, universidades, governo e sociedade civil.

A pesquisa tem como objetivo criar um quadro conceitual para o desenvolvimento de ERIS ao nível das zonas econômicas da Ucrânia, respeitando os requisitos da classificação europeia NUTS 1. Dessa forma, as autoras propõem uma estrutura que seja condizente com a classificação das áreas econômicas da União Europeia. Áreas econômicas estão divididas em Unidades Territoriais de Estatística, em inglês NUTS, da seguinte forma:

  • NUTS 1 (população de 3 a 7 milhões de pessoas)
  • NUTS 2 (população de 800 mil pessoas até 3 milhões de pessoas)
  • NUTS 3 (população de 150 a 800 mil pessoas)

As autoras se concentram nas duas divisões com maior número de população. A divisão administrativa da Ucrânia é condizente com a classificação NUTS 2 da União Europeia sendo composta por 24 regiões administrativas, chamadas oblasts. Por outro lado, a Ucrânia possui áreas econômicas que se enquadram como NUTS1 e, que não podem ser negligenciadas, de 6 a 9 regiões na Ucrânia. Dessa forma, desenvolvem uma estrutura conceitual comum, mas que possui estratégias diferentes para formação de ecossistemas regionais de inovação considerando regiões NUTS1 e NUTS2.

Estrutura conceitual

O modelo conceitual apresentado no artigo tem quatro dimensões: o propósito do ecossistema, os atores, o ambiente e os relacionamentos. O Propósito do ecossistema na Ucrânia, segundo as autoras, é garantir o desenvolvimento sustentável da inovação na região (área econômica) como base para o alto padrão de vida da população. Os atores do ecossistema são compostos por:

  • setor empresarial: cria produtos (serviços) inovadores e constitui a principal demanda por inovação;
  • setor público: promove (apoia) ou bloqueia inovações;
  • setor científico e educacional: ensina, aumenta o potencial humano; produz novos conhecimentos, ideias, descobertas;
  • setor de segurança financeira: financia inovações durante o ciclo de inovação;
  • setor de suporte de infraestrutura: conecta os atores em um local, realiza incubação, teste, aprovação, promoção no mercado;
  • setor de associações públicas: fornece e divulga informações, une atores na solução de objetivos comuns, ajusta o estabelecimento de metas em áreas socialmente significativas.

Por sua vez, a terceira dimensão é o ambiente das organizações, composto pela formação de um ambiente favorável à inovação nos ambientes de negócios, regulamentação e política de inovação;
desenvolvimento de instituições inclusivas e de bloqueio de instituições extrativistas.

A quarta dimensão, sistema de relações entre os atores, diz respeito a necessidade de garantir uma comunicação efetiva dentro de um setor, diferentes setores e com os atores de outros ecossistemas de inovação (regional, nacional, interestadual e transfronteiriço).

Apoio institucional

Para a efetividade do modelo conceitual, o apoio institucional é fundamental, como grande orquestrador dos ecossistemas. Dessa forma, um componente importante da governança do ERIS deve ser o apoio institucional, o que implica o estabelecimento de políticas e estratégias claras para o desenvolvimento da inovação, a criação de redes de cooperação e o envolvimento ativo dos setores público e privado na tomada de decisões.

Assim, as autoras sugerem que a coordenação nas regiões NUTS 1 deve ser realizada por meio de centros regionais de pesquisa (existem 8 espalhados pelas diferentes regiões do país). Esses centros, atuam como mecanismos de coordenação para diferentes atores do ecossistema de inovação. Como não existem órgãos administrativos, a coordenação de atividades na área econômica pode ser realizada de forma voluntária com o envolvimento dos principais atores no processo de inovação de todas as regiões que fazem parte da área econômica. As funções do coordenador principal devem ser desempenhadas pelos centros regionais de pesquisa. Desse modo, criando um núcleo organizacional com parceria público-privada, que une interessados em inovações e atores regionais capazes. A Figura 1 representa as regiões NUTS1 e seus respectivos centros regionais de pesquisa.

Figura 1 – Áreas econonômicas e respectivos centros regionais de pesquisa.

Já no nível NUTS 2, a coordenação deve ser realizada por meio da criação de centros de coordenação, como conselhos regionais de inovação. Portanto, um centro de coordenação especial, público-privada, deve ser estabelecido para desenvolver e estabelecer atividades no ERI. O centro reuniria representantes do governo, empresas, ciência, especialistas, inovadores reconhecidos e outros atores do ecossistema de inovação. Este pode ser um conselho regional de inovação, que pode realizar suas atividades sob a administração estadual regional e ter certos poderes no campo do desenvolvimento inovador integral do território.

Assim, as autoras definem como tarefas prioritárias desse conselho: i) estabelecer prioridades estratégicas e tarefas operacionais; ii) recomendações para regulamentações locais e incentivos à inovação; iii) envolver uma ampla gama de partes interessadas na interação e cooperação; iv) ofertar suporte científico e informativo do processo de inovação; v) estabelecer parcerias inter-regionais e internacionais.

Leia o artigo na íntegra: A Conceptual Framework for Developing of Regional Innovation Ecosystems

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Guilherme Paraol

Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC) e membro do grupo de pesquisa VIA - Estação Conhecimento. Realiza pesquisas com foco em ecossistemas de inovação. Atua em diversos projetos de inovação.