Industrial

A quarta revolução industrial bate à porta

Você está preparado para a indústria 4.0?

A pesquisa da Deloitte Global em parceria com a Forbes mediu o preparo dos executivos de 19 países para a quarta revolução industrial. A pesquisa ocorreu na segunda metade de 2017, com 1603 executivos de empresas com receita de US$1 bilião ou mais. Ela cobriu quatro dimensões: impacto social, estratégia, talentos e mão-de-obra, e tecnologia. Com isso, revelou que os executivos entendem as mudanças que a indústria 4.0 trará. Porém, ainda estão incertos quanto as ações necessárias para beneficiarem-se dessas mudanças.

A quarta revolução industrial

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A primeira revolução, no século XVIII, introduziu a mecanização a vapor e mudou a forma como os produtos eram feitos. A segunda, no século XIX, se deu pelo desenvolvimento das linhas de montagens, passando para uma fabricação em massa. A terceira, também chamada de revolução técnico-científica, teve início nos anos 70, quando o computador passa a ter um papel-chave na indústria. Isto permitiu a programação e automação das antigas linhas de montagem, que segue até os dias de hoje. Porém, o recente casamento entre tecnologias físicas e virtuais, tem sido visto como a quarta revolução industrial. Como resultado do surgimento da industria 4.0 tem-se tido o desenvolvimento de tecnologias como IA, IoT, Machine Learning e outras.

Impacto Social

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Esta é a primeira das quatro dimensões da pesquisa da Deloitte Global. Assim, ao analisar como os executivos imaginam poder tornar o mundo um lugar melhor na Indústria 4.0, revelou-se que eles percebem que a indústria 4.0 trará mais igualdade e estabilidade. Todavia, os executivos enxergam as organizações públicas como principais influenciadoras desta mudança.

Particularmente, a Índia, a África do Sul e a China vislumbram como resultado da Indústria 4.0 o aumento da desigualdade. De acordo com o texto, a principal possibilidade de tal achado o fato destes países terem passado por grandes mudanças econômicas ou políticas recentemente. Isto acabou por introduzir problemas sociais anteriormente desconhecidos, tornando-os sensíveis a novas mudanças.

Como principal responsabilidade nessa nova era, os executivos enxergam o fornecimento de melhores produtos e serviços aos seus clientes. No entanto, eles acreditam não serem capazes de influenciar nos desafios de sustentabilidade ambiental.

A região Ásia-Pacífico (APAC) se destaca por possuir a menor confiança na capacidade dos executivos de atuar como administradores na Indústria 4.0. Um quinto dos entrevistados acredita que enfrentará transtornos sociais e maior desigualdade. Enquanto isso, os executivos norte-americanos e latino-americanos são os menos preocupados, com 8% e 6%, respectivamente. Já os executivos da região da Europa/Oriente Médio/África (EMEA) estão no meio. Assim, 14% deles expressam preocupações sobre questões sociais resultantes da Indústria 4.0.

Estratégia

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Na segunda dimensão, perguntar-se como os executivos estão planejamento suas estratégias de negócios para esta nova era da indústria. Assim sendo, têm-se que as discussões organizacionais mais frequentes são sobre o desenvolvimento de novos produtos/serviços. Em segundo lugar tem-se discussões sobre o aumento da produtividade da organização.

Nas palavras de Chun-Yuan Gu, presidente da APAC, apesar de assustador, o emprego de tecnologia para transformar modelos de negócios gera inovação e melhora a competitividade. Isto alinha-se ao que tem sido discutido pelas empresas, que devem inovar para manter-se competitivas no mercado.

Analisando os próximos 5 anos, os executivos acreditam que os problemas com maior impacto nas suas respectivas organizações serão a mudança do ambiente regulatório e o surgimento de novos negócios ou modelos de entrega. Por isso, tem-se discutido mundialmente as oportunidades que tecnologias disruptivas trazem. Porém, como frisado no texto, a toda oportunidade está atrelado um risco. Assim, nem toda tecnologia disruptiva afetará positivamente as empresas. No entanto, grandes recompensas estão guardadas àqueles que se arriscam.

A pesquisa também mostrou que executivos das Américas estão mais focados em interrupções do que executivos da EMEA e da APAC. Os executivos da APAC desde que articulados EMEA estão mais atentos à redução de custos do que os americanos.

Talentos e mão-de-obra

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A terceira dimensão diz a respeito aos talentos e mão-de-obra necessárias às mudanças que a Industria 4.0 trará. Nesta, a maioria dos executivos julgam-se focados em criar uma força de trabalho para a quarta revolução industrial. Apesar disso, talento/RH é o último item quando pergunta-se sobre o tópico mais discutido dentro das organizações.

A maioria dos executivos acreditam que as futuras relações de trabalho tendem a ser de empregados contratuais e temporários. Isto é, para um projeto ou atividade específica, ao invés de trabalhadores em tempo integral. Para isso, eles acreditam que a maioria da mão-de-obra pode ser treinada para desenvolver as habilidades necessárias para a organização.

Com o avanço acelerado da tecnologia, os empregos estão tendo que ser reinventados, criando a força de trabalho aumentada. Na opinião de Frithjof Netzer, vice-presidente sênior e diretor de informações da BASF, esta nova força de trabalho deve ter a cultura de TI como integrante do currículo de qualquer pessoa.

Esta nova força de trabalho irá requerer uma abordagem de gerenciamento de capital humano diferenciada para a Indústria 4.0. Porém muitas organizações ainda mantêm as práticas de RH provenientes da última revolução industrial. Como resultado, precisa-se de novos modelos de RH para ajudar líderes e organizações a se adaptarem às mudanças da indústria 4.0. Desta forma, eles poderão ajudar as pessoas a se adaptarem aos novos modelos de trabalho e carreiras.

Tecnologia

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Na última dimensão, os executivos foram perguntados sobre como usam as ferramentas tecnológicas da Indústria 4.0 para melhorar seus negócios. Assim, eles alegam ter majoritariamente a área de operação e processo na mira das iniciativas tecnológicas. Entretanto, apenas uma pequena parcela deles (22%) sente que compreende como essas tecnologias vão mudar sua força de trabalho e estrutura organizacional.

Na opinião dos executivos, tem-se como principal desafio na adoção de novas tecnologias e seus aplicativos a falta de alinhamento interno sobre as estratégias da organização. Em seguida vem a falta de colaboração com parceiros externos, como desafio para adoção destas tecnologias. Apesar disso, uma grande parte dos executivos entendem como integrar suas soluções às infraestruturas externas (como por exemplo, cidades inteligentes). Certamente que ainda influencia o investimento nestas tecnologias avançadas é o fato de eles não saberem se essas novas tecnologias serão fundamentais para novos modelos de negócios. Além disso, ainda há o fato da capacidade deles em integra-las com as tecnologias existentes da organização.

Conforme a pesquisa, cerca de um terço dos entrevistados das Américas consideram a tecnologia um importante diferencia competitivo. Entretanto, apenas 12% na APAC e 18% na EMEA consideram a tecnologia um importante diferencia competitivo. Esse foco na tecnologia gera um certo grau de confiança: mais entrevistados da América do Norte acreditam ter um forte argumento de negócios para suas soluções tecnológicas (14%). Já os entrevistados da APAC são os mais duvidosos (5%). Enfim, considere-se os níveis de confiança relativamente baixo, em todos os grupos.

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Referência

DELOITTE TOUCHE TOHMATSU (FIRM). The Fourth Industrial Revolution is here: are you ready?. 2018

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André Borba Mondo

Graduando em Engenharia de Materiais pela Universidade Federal de Santa Catarina. Dedica-se a pesquisar temas que permeiam a educação empreendedora, além de atuar apoiando o desenvolvimento de metodologias do Grupo VIA. Possui pensamento sistemático e, por consequência, preza pela lógica das coisas. andrebmondo@gmail.com

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