O que são Distritos Criativos?
Continuando a Série Habitats de Inovação, o habitat abordado hoje é o distrito criativo.
No âmbito do discuros sobre o conceito de cidades criativas, muitos pesquisadores urbanos identificaram as características que compunham tal conceito em áreas mais concentradas. Isso porque a facilidade de planejar o espaço urbano é muito maior, bem como a possibilidade de que transformações ocorram. Assim, estudos empíricos que abordavam a regeneração urbana com base na criatividade em pequenas regiões começaram a aflorar o conceito de distritos criativos.
Localização, criatividade urbana e diversidade
A localização de tais distritos normalmente se dá em regiões degradadas. Isso por efeito de mudanças das áreas de negócios ou de moradia para outros locais nas cidades (DOUGLASS, 2016). Por consequência de um processo orgânico e/ou planejado, o local é transformado em um ambiente atrativo, onde existe uma expressiva concentração de negócios e atividades criativas. Tal concentração é imprescindível nestes distritos, tanto de facilidades e opções de consumo, quanto de pessoas que exerçam funções criativas, e locais de moradia e trabalho (ZHANG, 2017). O uso misto dos espaços é também um dos requisitos dos distritos criativos.
A criatividade urbana é outra característica crucial. Essa criatividade tem na sua origem a diversidade entre aqueles que no distrito moram, trabalham e se divertem. Padrões de flexibilidade e tolerância em pequena escala resultam em renovação e modernização urbana, enquanto que a inovação e a transformação surgem da heterogeneidade nos diversos setores da economia e da sociedade (DÖRRY; ROSSON; THISSEN, 2016). Dessa forma, emerge uma atmosfera nos distritos criativos para as expressões humanas e o surgimento de novas ideias. Esse clima possui um caráter de acolhimento daqueles que divergem de estilos de vida comuns.
Ademais, a história do local também é levada em consideração. A herança urbana, costumes e localidades típicas são valorizadas. Isso porque aqueles que já estavam na região e quem se insere naquele ambiente confere valor na herança urbana. Como resultado, o distrito por tais características torna-se atrativo para pessoas criativas, e promove uma forte sensação de pertencimento.
Desenvolvimento dos distritos criativos
Estes habitats de inovação são caracterizados por uma ocorrência natural. Tal acontecimento pode ser entendido por uma aglomeração orgânica das pessoas criativas e daquelas que desejam trabalhar e viver perto delas (GOLDBERG-MILLER; HEIMLICH, 2017). Por outro lado, como o viés de regeneração urbana é presente nos distritos, existe uma relação direta com a melhora da qualidade de vida e de espaço. Assim, a agenda é positiva em relação a transformações urbana. Isso faz com que organizações da sociedade civil e entidades públicas queiram participar no planejamento e incentivo ao sucesso do distrito. Em conclusão, a iniciativa comunitária segue o movimento das pessoas criativas. Depois, um ciclo de interesses é criado em prol do sustentabilidade do distrito criativo.
Quer saber mais sobre habitats de inovação? Confira aqui!
DOUGLASS, Mike. Creative communities and the cultural economy—Insadong, chaebol urbanism and the local state in Seoul. Cities, v. 56, p. 148-155, 2016.
DÖRRY, Sabine; ROSOL, Marit; THISSEN, Fee. The significance of creative industry policy narratives for Zurich’s transformation toward a post-industrial city. Cities, v. 58, p. 137-142, 2016.
GOLDBERG-MILLER, Shoshanah BD; HEIMLICH, Joe E. Creatives’ expectations: The role of supercreatives in cultural district development. Cities, v. 62, p. 120-130, 2017.
ZHANG, Jun. The geographic political economy of art district formation in China: The case of Songzhuang. Geoforum, 2017.
Beatriz Maria Vicente Testoni
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