Network Readiness Index 2020: estão as sociedades preparadas para a aceleração digital?
Desde 2002 o informe internacional NRI (Network Readiness Index) apresenta dados relevantes sobre a influencia das TICs na competitividade e desenvolvimento de mais de 100 países. Com a finalidade de medir a propensão dos países na exploração das potencialidades das TICs, o índice apresenta dados estatísticos de fácil leitura. Na edição 2020 o responsável é o Portulans Institute com sede em Washington, DC.
Assim, a última publicação do índice (outubro 2020) traz um ranking de 134 economias com base nos resultados de 60 variáveis. Pelo fato de ter sido elaborado durante a pandemia, os realizadores destacaram a importância da aceleração digital na fase pós-covid. As classificações no documento trazem dados estatísticos que avaliam se os países estão ou não prontos para impulsionar o desenvolvimento das TICs.
Assim, o título do relatório de 2020 é a “Acelerando transformação digital em uma economia global pós-COVID”, e os organizadores do documento discorrem sobre este assunto no prefácio.
“A aceleração impulsionada pelo COVID não se limitou ao uso das ferramentas digitais. Também induziu um “aprofundamento” significativo da forma como os governos, empresas, e indivíduos consideram a transformação digital. (…) O resultado é que a transformação digital é vista como uma preocupação crítica por todos os todos os interessados: governos (central e local), corporações (grandes e pequenas), e indivíduos cidadãos”.
Conforme o relatório, nas últimas duas décadas houve uma transformação digital de tal magnitude que hoje, 60% dos habitantes do planeta estão conectados. A internet virou o “sangue vital” das economias globais, o combustível da inovação e o avanço tecnológico. Por tal motivo, é importante que no futuro haja uma democratização da ferramenta para que chegue a todos.
Qual o conteúdo do Network Readiness Index 2020?
Cabe destacar que apesar de ser um documento de mais de 300 páginas a sua estruturação facilita a leitura. Além do prefácio inicial, o Network Readiness Index 2020 apresenta 10 mensagens e resultados chaves para 2020, onde destaca aquilo que deve continuar sendo aprimorado. Na segunda parte do relatório, apresenta dados os detalhados do ranking global e também por perfil de cada país.
Com relação à transformação digital, o documento explica que existem 04 níveis que devem ser considerados quando falamos da “transformação digital” de um país.
1)As funções “régias” de um estado soberano (assuntos fiscais, leis, normas, segurança nacional);
2)A organização do dia a dia e a prestação dos serviços públicos (saúde, educação, justiça, etc.);
3)Bom funcionamento da economia e da sociedade conforme normas já aceitas, um sistema econômico particular, e valores culturais e confessionais;
4)A eficiência geral e o desempenho da economia nacional como um todo ao competir no cenário internacional.
Também, o relatório mostra que ainda que a transformação digital já aconteça em todos os contextos (internacional, nacional e local), ela está mudando o planeta. No entanto, os experts se perguntam se com essa transformação digital o mundo estaria realmente mudando para melhor. A resposta é ambígua pois, para desafios antigos como: mudança climática, saúde, e desigualdade, a transformação digital é uma ferramenta essencial para o futuro. Porém, sem o devido controle, essa mesma ferramenta pode ser prejudicial.
Por tal motivo, é necessário que exista um reequilíbrio dos aspectos humanos e digitais para o sucesso dessa transformação.
Que países lideram o ranking?
Para avaliar e ranquear os diferentes países, o Network Readiness Index se apoia em quatro pilares: Tecnologia, Pessoas, Governança e impacto. Por sua vez, cada um desses pilares subdivide-se em outros três sub pilares conforme o modelo a seguir:
A pesar de não haver mudanças quanto ao ano anterior com relação aos 10 melhores posicionados, houve alguns reposicionamentos no pódio das melhores performances. Certamente Dinamarca teve um notório avanço no último ano e escalou da sexta posição para a segunda do ranking global obtendo uma pontuação de 82.19.
Assim como o resultado da Dinamarca é destacado no Network Readiness Index 2020, também vale ressaltar a Suécia que continua liderando o ranking global mais um ano consecutivo com quase 83 pontos. Todavia, existe uma ínfima diferença de apenas 1.5 pontos entre os quatro primeiros países do ranking, e menos de 10 pontos de diferença entre o primeiro e o décimo colocado.
Vale destacar também os líderes regionais, ou seja, os três primeiros colocados de cada uma das 06 regiões do globo.
Conforme a tabela acima, observamos que na região das Américas, os três primeiros colocados são Estados Unidos, Canadá e Uruguai. Este último ocupando a posição 47 do ranking global. É importante mencionar também, que no Network Readiness Index 2020 aparecem apenas 04 países da região das Américas entre os primeiros 50 colocados: Estados Unidos (8); Canadá (13); Uruguai (47) e Chile (50).
Logo após uma rápida análise, observamos uma notória predominância dos países europeus nos cinquenta primeiros ranqueados, com um total de 32 países.
Como se posiciona o Brasil no Network Readiness Index 2020?
De acordo com o ranking global, Brasil encontra-se na posição 59 com um total de 50.58 pontos, sendo o sexto país da região das Américas a aparecer no relatório. Entretanto, 04 dos 05 países que lhe antecedem: Estados Unidos (8); Canadá (13); Uruguai (47) e Chile (50) estão catalogados como países de “alta renda”. Já Costa Rica (54) e Brasil (59) aparecem no relatório como países de “renda média alta”.
Com relação aos quatro pilares utilizados pelo Network Readiness Index 2020 para obter a pontuação e elaborar o ranking, o Brasil obteve os seguintes resultados:
- No ranking do pilar Tecnologia – posição 69;
- No ranking do pilar Pessoas – posição 47;
- No ranking do pilar Governança – posição 53;
- No Ranking do pilar Impacto – posição 69.
A pesar do Brasil ser citado no relatório como uma potência econômica das Américas, ficou posicionado no lugar 59 atrás de pequenos países como Uruguai, Chile e Costa Rica. Ainda com esse resultado, o informe destaca as fortaleças e debilidades conforme a análise dos 04 pilares antes citados. Duas fortaleças são destacadas nesse análise: o uso das TICs entre as pessoas (47), e o uso das TICs por parte do Governo (53) no engajamento cidadão. Ao passo que os pontos fracos se refletem nos outros dois pilares: Impacto e Tecnologia, ambos com o mesmo resultado (69).
Por último, as recomendações feitas ao Brasil quanto ao impacto das TICs focam no aumento da produtividade do trabalho e na redução da desigualdade de renda. Essas duas áreas atendidas ajudariam a elevar a Economia (69) e a Qualidade de Vida (80) no país.
Deseja acessar ao documento e ler mais sobre o assunto?
O Network Readiness Index é de livre acesso e está disponível clicando nesse link: https://networkreadinessindex.org/wp-content/uploads/2020/11/NRI-2020-V8_28-11-2020.pdf
Referências
PORTULANS INSTITUTE, The Network Readiness Index 2020. Accelerating Digital Transformation in a post-COVID Global economy. Dutta S. and Lanvin B. editors.
Alison Bibiana Autino Cabrera
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