Innovación

Hoje o assunto é Inovação!

VIA discute artigos científicos voltados a temática de inovação

Na maratona da busca pelo conhecimento os esforços do grupo de estudos se concentram na análise de artigos científicos de relevância mundial. Assim, trazemos neste post um artigo altamente relevante que apresenta a definição dos termos de inovação e inovatividade!!!

Para isso, a base da discussão se centrou no texto A critical look at technological innovation typology and innovativeness terminology: a literature review (Uma visão crítica sobre a tipologia da inovação tecnológica e a terminologia da inovatividade: uma revisão da literatura), escrito por Rosanna Garcia e Roger Calantone, da Michigan State University, EUA. Publicado em 2001 no The Journal of Product Innovation Management (acesse o artigo aqui!). O artigo apresenta relevância internacional e vem sendo citado em diversos estudos.

Hoje existe muita irregularidade terminológicas quanto a inovação o que acaba ocasionando a impossibilidade de acumular conhecimento sobre os tipos de inovação, assim como diagnosticar os diferentes graus de novidade que influenciaram o processo de desenvolvimento de novos produtos (NPD). Essa ambiguidade na classificação torna impossível comparar com precisão os estudos e pesquisa cientificas realizadas.

Portanto este artigo surge justamente com o objetivo de delinear o domínio do termo “inovação” e “inovatividade”, fornecendo uma definição operacional para orientar a pesquisa futura.

Definições dos autores

As definições são iniciadas com a apresentação dos autores ao conceito de inovação ditada pelo Manual de Oslo – um documento da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) – que apresenta propostas e diretrizes para a disseminação da inovação tecnológica. O manual define que:

a inovação é um processo iterativo iniciado pela percepção de um novo mercado e/ou a nova oportunidade de serviço para uma invenção baseada em tecnologia que leva a desenvolvimento, produção e tarefas de marketing que buscam o sucesso comercial da invenção.

Já a Inovatividade é considerada:

a medida do grau de novidade de uma inovação. Os produtos “altamente inovadores” são vistos como tendo um alto grau de novidade e os de “baixa inovação“ com baixo grau de inovação.

Os autores afirmam que a inovação e a inovatividade estão interligados. No entanto, muitas são as outras formas encontradas na própria academia para definir inovação. Os autores afirmam que essa disparidade, relativa a definição da inovação, contribuiu para a falta de avanço na compreensão do processo de desenvolvimento de novos produtos, uma vez que os estudos não podem ser comparados em diferentes unidades de análise. Apesar das diferentes perspectivas de “inovação”, ela é sempre modelada de acordo com o grau de descontinuidade no marketing e/ou na tecnologia. Ou seja, a inovatividade de um produto é uma medida do potencial de descontinuidade que um produto (processo ou serviço) pode gerar no processo de marketing e/ou tecnológico.

Os autores trabalham com dois tipos de perspectivas: uma macro e uma micro. Sob a perspectiva macro, “inovatividade” é a capacidade de uma nova inovação criar uma mudança de paradigma na ciência e tecnologia e/ou estrutura de mercado em uma indústria. De uma perspectiva micro, “inovatividade” é a capacidade de uma nova inovação influenciar os recursos de marketing existentes na empresa, os recursos tecnológicos, as habilidades, o conhecimento, as capacidades, ou a estratégia.

Os autores enfatizam que inovatividade de produto não é igual a inovatividade da empresa. A inovatividade da empresa, ou organizacional, é definida como a possibilidade da empresa em inovar ou desenvolver novos produtos, e também como a propensão da empresa em adotar inovações. De qualquer forma a inovatividade de um produto que uma empresa coloca no mercado ou adota não é considerada uma medida de inovatividade organizacional. A estratégia de inovação de imitar e melhorar produtos ou tecnologias existentes é a mais comumente adotada pelas empresas. Os autores citam o case da Microsoft como um exemplo de inovação de imitação. Desta forma, temos que um produto altamente inovador não implica automaticamente em empresas altamente inovadoras.

Por fim, os autores constroem uma estrutura para identificar diferentes tipos de inovação de produtos com base em suas descontinuidades. Os tipos são:

 

  • Inovação Radical inovações que incorporam uma nova tecnologia que resulta em uma nova infraestrutura de mercado. As inovações radicais na inovação resultam em descontinuidades em nível macro e micro. Uma inovação que provoca a descontinuidade em um nível mundial, industrial ou comercial causará automaticamente descontinuidades no nível da empresa e do cliente. Se uma nova indústria resulta de uma inovação radical (ou seja, a World Wide Web), novas empresas e novos clientes também emergem para essa inovação.
  • Inovação Realmente Nova –
  • Em um nível macro, um produto realmente novo resultará em uma descontinuidade do mercado ou uma descontinuidade tecnológica, mas não incorporará os dois. Se ambos ocorrerem, ele deve ser classificado como uma inovação radical, se não houver descontinuidade no nível macro, ele deve ser classificado como uma inovação incremental. Em um nível micro, qualquer combinação de marketing e / ou descontinuidade tecnológica pode ocorrer na empresa. As inovações realmente novas são facilmente identificáveis ​​pelos critérios que uma descontinuidade deve ocorrer tanto em uma base de marketing ou macro tecnológica em combinação com uma descontinuidade de micro nível. Eles podem evoluir para novas linhas de produtos (por exemplo, Sony Walkman), extensões de linha de produtos com novas tecnologias (por exemplo, Canon Laserjet) ou novos mercados com tecnologia existente (por exemplo, máquinas de fax precoce).
  • Inovação incremental –
  • As inovações incrementais podem ser definidas como produtos que oferecem novos recursos, benefícios ou melhorias na tecnologia já existente no mercado também existente. As inovações incrementais são importantes por duas razões: primeiro como uma arma competitiva em um mercado tecnologicamente maduro; e segundo, porque procedimentos simplificados baseados em tecnologia existente podem ajudar a alertar um negócio sobre as ameaças e oportunidades associadas à mudança para um novo patamar tecnológico. Para muitas empresas, as inovações incrementais são a força vital da organização.
  • Inovações Descontínuas – Uma inovação descontínua pode ser uma inovação radical ou inovação realmente nova, dependendo de qual nível (macro / micro) e qual (s) curva (s) de S (marketing / tecnologia / ambos) é afetada pela introdução da invenção no mercado. Exemplos apresentados pelos autores: o raio-X digital da GE, o projetor de luz digital da TI, o veículo híbrido da GM, os dispositivos de silício de germânio da IBM e o elevador bidirecional Otis. Esses exemplos demonstram novas tecnologias que não levaram à descontinuidade nas infraestruturas de mercado existentes. O raio-X digital e o projetor de luz digital são extensões de linha de produtos. O veículo híbrido, o semicondutor da IBM e o elevador bidirecional são novas linhas de produtos. Assim, afirmamos que a maioria dos exemplos de inovações descontínuas são inovações realmente novas.
  • Inovação Imitativa –A inovação ocorre apenas na primeira empresa para completar a P&D industrial que culminou no lançamento do primeiro produto no mercado. As inovações rivais são imitações designadas por processos de P&D muito similares ou sejam apenas a uma curta distância um do outro cronologicamente. As imitações podem, portanto, ser tão intensivas em recursos, especialmente as intensivas em P&D, como a primeira inovação. Imitadores inovadores podem alterar significativamente a direção do mercado.

Reflexões

Esta revisão da literatura demonstra que existem poucas consistências na literatura de desenvolvimento de novos produtos para operacionalizar a “inovatividade do produto”. Como observado anteriormente, essa falta de consistência resultou em pouco conhecimento acumulado além de um nível ad hoc quanto aos efeitos da inovatividade de um produto no processo de desenvolvimento de novo produto (NPD). Muitos estudos resultam em descobertas “novas” que são apenas outra maneira de redigir o mesmo problema abordado em outro estudo.

 

Referências:

ORGANIZAÇÃO PARA A COOPERAÇÃO E DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO (OCDE). Manual de Oslo: proposta de diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação tecnológica. São Paulo: FINEP. 2004. p. 136.

GARCIA, Rosanna; CALANTONE, Roger. A critical look at technological innovation typology and innovativeness terminology: a literature review. Journal of product innovation management, v. 19, n. 2, p. 110-132, 2002.

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Ingrid Santos Cirio de Azevedo

Bacharela em Relações Internacionais, e mestranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento, entusiasta sobre culturas, línguas, gastronomia, música, e pesquisadora em temas que rodeiam o empreendedorismo, inovação, e principalmente as temáticas acerca das cidades inteligentes. Uma internacionalista, multitasking, workaholic que não se cansa de aprender.

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