Conheça o case do Sava Mala Quarter
Olá leitores do blog VIA!
Hoje vamos conhecer um trabalho excepcional, publicado em 2015 pela revista científica Energy and Buildings. Denominado “Culture design-led regeneration as a tool used to regenerate deprived areas. Belgrade—The Savamala quarter; reflections on an unplanned cultural zone” que apresenta o caso de constituição do Sava Mala Quarter, um espaço cultural na cidade Belgrado, capital da Sérvia.
Pressupostos teóricos
Para compreender melhor o estudo de caso de Sava Mala Quarter, os autores traçam alguns pontos do caminho ideal para uma renovação urbana tendo como motor a cultura e inovação, sendo estes:
- A atração de empreendedores criativos, criação de hubs criativos e impulsionamento da produção cultural;
- O governo integrando o processo com planos diretores, participações público privadas e diretrizes gerais;
- Participação popular no processo decisório e nos rumos que estão sendo estabelecidos;
- Foco no fortalecimento das identidades das comunidades envolvidas e no sentimento de pertença;
- Desenvolvimento de uma vida saudável e atrativa;
Ainda para avançarmos nesse pressuposto teórico, os autores contextualizam 03 fases diferentes do processo de renovação urbana europeu:
- 1º fase: nos anos 1970s e 1980s, com foco no resultado financeira e na revitalização de antigas áreas industriais. O uso das Artes como mobilizadoras do sentimento de pertença, geração de empregos e atração de turistas;
- 2º fase: nos anos 1990s e 2000s, com foco no desenvolvimento sustentável e na qualidade de vida;
- 3º fase: nos anos 2010s em diante, denominada época da “Renascença”, como reação aos processos de gentrificação e turistofobia, o foco é a Sustentabilidade, Qualidade para todos e Identidade Cultural;
O case do Sava Mala Quarter
Sava Mala localiza-se na cidade de Belgrado, capital da Sérvia, sendo criada como um porto no Rio Sava pelo Império Otomano no séc. XIX, era uma área conhecida pelos artesãos e foi bastante afetada durante a segunda guerra mundial e pela guerra dos Balcãs nos anos 1990. Depois se tornou uma região associada à prostituição, à violência, ao barulho e à poluição atmosférica, tendo ficado de fora de grandes projetos estruturais da capital sérvia como o new Belgrad e o Belgrad Waterfront.
Todavia demonstrando uma contradição com a literatura proposta pelos próprios autores, surgiu o Sava Mala Quarter, a partir de um processo de regeneração sem planejamento e baseado inicialmente em iniciativas culturais individuais lideradas por atores do ecossistema criativo local como o Grad Cultural Centre (KC GRAD), o The Mikser Festival e a The Nova Iskra Design Incubator. Como consequência do surgimento do Sava Mala Quarter, houve para o território:
- Aumento da sensação de segurança, 24×7;
- Aumento do valor imobiliário;
- Sava Mala tornou-se uma atração turística;
- Baixo investimento em infraestrutura para população local, consequência da ausência de participação do governo no início das atividades;
- Público-alvo restrito a jovens adultos de classe média que frequentam ambientes criativos;
Para o futuro, os envolvidos com Sava Mala Quarter desejam ampliar a participação de políticas públicas e com isto:
- Fortalecer o patrimônio histórico-cultural;
- Engajar as pessoas do território;
- Combater à gentrificação;
O que podemos aprender com o Sava Mala Quarter
A conclusão dos autores é que a formação de territórios criativos precisa acompanhar um plano complexo e flexível compilado por uma série de especialistas com foco na geração emprego e na melhoria da infraestrutura, respeitando à sustentabilidade, trazendo o senso comunitário, combatendo à gentrificação e à guetização, e tendo as indústrias criativas, os setores culturais e a inovação como gatilhos iniciais.
O trabalho mencionado nesse post pode ser lido na integra aqui.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
LAZAREVIĆ, Eva Vaništa; KORUŽNJAK, Arch Boris; DEVETAKOVIĆ, Mirjana. Culture design-led regeneration as a tool used to regenerate deprived areas. Belgrade—The Savamala quarter; reflections on an unplanned cultural zone. Energy and Buildings, v. 115, p. 3-10, 2016.
Danisson Luiz dos Santos Reis
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