Indústria Criativa

Qual o impacto da Indústria Criativa?

Nesta matéria, abordarei uma entrevista concedida neste ano por Andy Pratt, a fim de que possamos compreender o impacto da indústria criativa levado para as comunidades, bem como os processos culturais e criativos em um habitat de inovação ou no ecossistema.

Mas antes, disponibilizamos abaixo o vídeo do Encontro Internacional de Territórios Criativos, promovido pelo VIA, para que vocês possam compreender e acompanhar os trabalhos desenvolvidos pelos estudiosos do presente tema.

Andy Pratt é professor de Economia Cultural do departamento de Mídia, Cultura e Indústria Criativa da Universidade de Londres, sendo internacionalmente reconhecido no tema das indústrias criativas e culturais por seus estudos nas últimas décadas sobre a indústria cultural nos EUA, Europa e Japão.

Quando analisamos os principais impactos que a cultura e a criatividade poderiam provocar em uma área e no modo de vida das pessoas, Pratt comenta que o potencial benefício dos centros criativos criados em bairros negligenciados que tentam regenerá-los de algumas maneiras requer um esforço extra, pois a governança cultural e criativa tem que vir de fora, olhar para os vizinhos e para o bairro como um recurso importante, pois eles são um mercado em potencial.

Com uma boa vizinhança, qualquer um que tenha sucesso, precisa no mínimo cultivar um bom relacionamento com quem está de fora, para entender e para traduzir o que está acontecendo.

Para instigar um processos culturais e criativos em um ambiente, Pratt diz é necessário saber quais são as pessoas que estão no hub, ou seja, realizar um mapeamento de quem está lá, quais as suas habilidades, bem como o que eles precisam para ajudá-los a prosperar. Assim, é possível construir facilitadores e identificar os vínculos comuns entre eles, para que seja possível a construção de um hub criativo.

Quando analisado os principais desafios nesses processos, Andy identifica a renda como um dos principais impactos da indústria criativa para os ambientes criativos, pois, as atividades que sustentam e estimulam o ecossistema podem não ser tão rentáveis no curto prazo. Os ganhos de curto prazo do aluguel, por exemplo, às vezes prejudicar esses processos, bem como outras questões associadas à disponibilidade de espaços, termos e condições do aluguel deste local.

Uma das coisas que sabemos sobre os hubs criativos, são as incertezas como uma parte fundamental de sua atividade, conseguindo suportar essa incerteza e mitigando alguns dos riscos, é possível capitalizar os benefícios disso (Pratt, 2022).

Pratt comenta também que, as atividades criativas têm um alto grau de risco e incertezas, o que necessita de uma flexibilização nos termos de arrendamento para ganho de renda, pois muitas vezes, ficam engessados a alugueis caros e por longo períodos, e essas empresas muitas vezes são pequenas, porém, tem uma capacidade de crescer rapidamente, o que se faz necessário estar em espaços flexíveis para que elas possam expandir de forma rápida, ajustada e tenha uma condição facilitada.

A efervescência criativa em determinada território contribui para a criação de uma identidade local, bem como impulsiona a interação entre os diversos atores da indústria criativa, por meio da troca de informações e de recursos, o que reforça as atividades ali desenvolvidas, fortalecendo e facilitando a comunicação entre os profissionais da cadeia produtiva, permitindo assim, maior visibilidade à produção local, seja em uma cidade, um distrito ou um bairro, corroborando na criação de uma marca local a ser difundida e vendida para outras localidades (PUGLIESE; TOMÁS, 2020), gerando impacto direto da indústria criativa nos territórios onde estão inseridos.

Eai, gostaram?

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Referências

GOLDBERG-MILLER, Shoshanah BD; HEIMLICH, Joe E. Creatives’ expectations: The role of supercreatives in cultural district development. Cities, v. 62, p. 120-130, 2017.

PUGLIESE, L. L. de T., TOMÁS. L. R. Projeto urbano e economia criativa: estudo de caso do distrito de design de Buenos Aires. In: Depiné. Ágatha. II. Teixeira. Clarissa Stefani (Orgs.) . Habitats de inovação: conceito e práticaSão Paulo: Perse. 220p. v.3: il. 2020.

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Ricardo Silvestro

Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento/UFSC e Pesquisador Grupo VIA Estação Conhecimento. Experiência como consultor de empresas, influenciando os processos de Incubação, consolidando ideias e negócios.