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Gestão do Conhecimento nas organizações

A implantação da gestão do conhecimento nas organizações (GC), de acordo com Furlanetto e Oliveira (2008), necessita um planejamento por meio de práticas administrativas que engaje o compartilhamento do conhecimento em todas as hierarquias, de acordo com as características individuais da entidade e dos ambientes em que estão inseridas.

Os modelos de gestão do conhecimento são criados para atender as particularidades das empresas, com propósitos específicos e com destaque diferenciado entre organizações públicas e privadas, pois, possuem sistemas de avaliação e de valores completamente distintos, o que afeta diretamente a metodologia de implantação da estratégia de GC.

Imagem captada no Freepik.

A necessidade por implantar uma ferramenta de gestão do conhecimento, voltada para administração pública ou privada para Batista (2012), deve ressaltar duas premissas:

    1. A primeira diz respeito ao público-alvo, que nas organizações públicas são cidadãos, usuários, servidores públicos, governos municipal e estadual, sindicatos, associações de classe, entre outros. Já as empresas privadas almejam atingir retorno dos investimentos realizados, por meio da qualidade dos serviços prestados e no aumento das vendas de seus produtos.

    2. A segunda premissa está relacionada com os resultados da GC: enquanto as organizações privadas consideram a GC uma ferramenta relevante de inovação de processos, produtos e serviços ao qual é possível alavancar sua produtividade e lucratividade, os objetivos da inovação no setor público é otimizar a eficiência e melhorar a qualidade dos serviços prestados a comunidade.

Mallmann corrobora com Batista, enfatizando que nas entidades públicas, a implantação da gestão do conhecimento está focada em buscar formas mais ágeis em seus processos, bem como oferecer serviços menos burocráticos e a uma melhor qualidade para a população; já nas privadas, fica destoado para a construção de ações criativas e de inovação, buscando torná-las mais competitividade no mercado (MALLMANN, 2012).

Escolha do Modelo de Gestão

A partir disto, pode-se afirmar que a motivação da organização em buscar a gestão do conhecimento em seus processos é considerado um fator determinante para escolha do modelo ao qual será implantado.

Para atingir os resultados esperados e relevantes, a gestão do conhecimento na administração pública, conforme Batista (2012, p.49), deve ser entendida como:

“[…] um método integrado de criar, compartilhar e aplicar o conhecimento para aumentar a eficiência; melhorar a qualidade e a efetividade social; e contribuir para a legalidade, impessoalidade, moralidade e publicidade na administração pública e para o desenvolvimento brasileiro.”

Desta forma, analisar a motivação pela qual irá utilizar determinado modelo, as particularidades da empresa sobre o seu uso, bem como as ações estratégicas para promover o compartilhamento do conhecimento, atrelado a uma cultura organizacional que contribua na longevidade desta disseminação, se torna um caminho adequado para driblar o fracasso da implantação de um modelo de gestão do conhecimento nas organizações.

A não compatibilidade dos modelos utilizados nas organizações públicas e privadas requer a construção de novos modelos de gestão do conhecimento específicos para atender principalmente o setor público, que por sua vez, caminha a passos lentos na busca por novos conhecimentos e tecnologias, para alavancar a qualidade dos serviços prestados a comunidade.

Gestão do Conhecimento organizações

Imagem obtida no site Freepik.

Modelos propostos

Para disseminação do conhecimento, abaixo será apresentado alguns modelos de Gestão do Conhecimento, que estão adequados a uma organização pública. DAMIAN, et al (2019), apresentam seis modelos de Gestão do Conhecimento em sua pesquisa:

Road Map for Knowledge Management Results (2003)

Modelo de sete dimensões da Gestão do Conhecimento – Terra (2005)

Organizational Knowledge Assessment OKA – Fonseca (2006)

Metodologia de implementação da GC APO (2009)

Modelo de implantação da GC – Castillo e Cazarini (2009)

Modelo de Gestão do Conhecimento para a Administração Pública Brasileira (MGCAPB) – Batista (2012)

Cada método possui características específicas que precisam ser analisadas com profundidade, evitando dois atores cruciais para que a empresa se mantenha competitiva no atual cenário, que é o tempo e o dinheiro.

Implantar um método de GC para qualquer setor, seja público ou privado, é um desafio que costumeiramente levasse tempo, pois a entidade precisa reconstruir o conhecimento organizacional.

Diferente de uma sistema operacional que o consultor faz o download na máquina e pronto! A modelagem de gestão do conhecimento é algo mais completo, necessita avaliar os níveis de maturidade da entidade para entender as adaptações necessárias no processo de implantação.

Qualificar a equipe, por meio de treinamentos, capacitações, consultorias, para que uma cultura organizacional seja regenerada no tocante ao método utilizado, adequar os processos, aquisição de tecnologias, entre outros gastos que impactam financeiramente a empresa, são alguns fatores necessários na fase de implementação.

Uma escolha equivocada, pode acarretar em novos custos originários para reverter todo o processo, más, uma escolha assertiva, alavancará a entidade nos aspectos de qualidade dos produtos e serviços prestados, competitividade, processos organizacionais, bons relacionamentos interpessoal e melhores resultados financeiros.

Pesquisas Futuras

A escassez de modelos específicos de implantação de gestão do conhecimento para as entidades públicas, corrobora com a necessidade de manutenção do presente tema para trabalhos futuros, uma vez que para alavancar a economia local, além das atividades desenvolvidas pelas entidades privadas, necessita de um serviço público de qualidade, gerando retorno direto aos contribuintes.

Referências bibliográficas:

BATISTA, F. F. Modelo de gestão do conhecimento para a administração pública brasileira: como implementar a gestão do conhecimento para produzir resultados em benefício do cidadão. Brasília: Ipea, 2012.

DAMIAN, I. P. M.; ZANCHETA, F.H.B.; IGARASHI, R. T.; MARQUES, D. S. P. Análise de modelos de implantação da gestão do conhecimento para uma incubadora de empresas. Ci.Inf., Brasília, DF, v.48 n.3, p.130-134, set./dez. 2019.

FURLANETTO, A.; OLIVEIRA, M. Fatores estratégicos associados às práticas de gestão do conhecimento, Análise, Porto Alegre, v. 19, n. 1, p. 99-123, jan./jun. 2008.

MALLMANN, M. L. Diagnóstico qualitativo dos processos de gestão do conhecimento pela utilização de parâmetros do método OKA: o caso da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos. 2012. Dissertação (Mestrado em Engenharia e Gestão do Conhecimento) – Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.

Santos, N., & Varvakis, G. (2021). Criação de Conhecimento Organizacional [Material de apoio de aula online]. Programa de Pós-Graduação em Engenharia e Gestão do Conhecimento, Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina.

Via Estação Conhecimento. Disponível https://via.ufsc.br/wp-content/uploads/2018/09/Sicilia-Vechi-Gon%C3%A7alves.pdf. Acessado em 03/05/2022.

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Ricardo Silvestro

Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento/UFSC e Pesquisador Grupo VIA Estação Conhecimento. Experiência como consultor de empresas, influenciando os processos de Incubação, consolidando ideias e negócios.