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Como anda a mobilidade urbana de Florianópolis?

No ano passado, o VIA destacou alguns desafios e diretrizes da mobilidade urbana da cidade de Florianópolis, ressaltando a importância do debate ao redor do tema.

Se em 2019 a capital já demonstrava uma alta taxa de motorização, com 521 veículos para cada um mil habitantes, atualmente, os dados indicam um leve aumento da motorização na capital, com ao menos 693 veículos para cada mil habitantes [1].  Comparando com as outras cidades do Brasil, Florianópolis é a quarta cidade com maior taxa de motorização, atrás apenas de Goiânia (725 veículos/mil habitantes), Curitiba (777 veículos/mil habitantes) e Belo Horizonte (867 veículos/mil habitantes). 

Segundo o DETRAN [2], em 2020 Florianópolis registrou ao menos 371.793 veículos em circulação, sendo 56,24% deles automóveis e 15,65% motocicletas. Esse número posiciona a cidade em segundo lugar com mais veículos em circulação de Santa Catarina, perdendo apenas de Joinville, com 436.593 veículos. Os dados, mais uma vez, demonstram o alto índice de motorização de Florianópolis, que excede o nível satisfatório e requer uma atenção especial [3].

 

Fonte: Unsplash.

 

As modalidades e o tempo de deslocamento 

Em 2017, a Rede de Monitoramento Cidadão [4] realizou uma pesquisa de opinião pública com uma amostra de 1021 residentes de Florianópolis. A pesquisa indica que o ônibus (35%) e o carro (32%) são os meios de transporte mais utilizados para locomoção na capital, enquanto que a moto e a bicicleta são utilizadas cada uma por 4% dos participantes da pesquisa, e o táxi, uber ou similar são usados por apenas 1%.

Dentre as modalidades, a mais utilizada diariamente pelos respondentes é a do transporte a pé (57%), seguido do automóvel (28%) e ônibus (22%). E as modalidades menos utilizadas diariamente são o moto-táxi (92%), a moto (81%), a bicicleta (66%) e o transporte público individual, como táxi e uber (44%). 

Em relação ao tempo de deslocamento, a mesma pesquisa indica que 63% dos entrevistados chegam em seu local de atividade principal em até 30 minutos, 27% levam entre 30 minutos a 1 hora e apenas 8% demoram mais que 1 hora. O tempo médio de deslocamento é considerado adequado entre a maioria (68%) dos respondentes. 

A distribuição da frota de veículos

É importante destacar que a distribuição da frota de veículos varia dentro da Região Municipal de Florianópolis. Baseando-se nos estudos do Plamus, o artigo de Eduardo Leite e Maria Inês [5] relaciona a diferente distribuição de automóveis e motocicletas de acordo com a renda populacional. 

Segundo o artigo [5], as regiões que apresentam maior índice de posse de automóveis também são as de localização privilegiada, com concentração da população de maior renda. Enquanto que a região de maior índice de posse de motocicletas se encontra em áreas afastadas dos centros urbanos, que também apresentam os piores atendimentos das linhas de ônibus [5,6]. 

 

Por fim, sabe-se que a mobilidade urbana afeta outros aspectos da cidade, como o meio ambiente, com a poluição do ar, a saúde, com as ocorrências de acidentes de trânsito, e o planejamento da cidade, que envolve o uso da terra e a dinâmica urbana. Revela-se, assim, a importância do tema diante da vida pública, sendo necessário repensar as formas de deslocamento no ambiente urbano e abordar as modalidades de forma integrada.

Apesar de tamanha importância, os dados indicam que a mobilidade urbana de Florianópolis já se mostrou mais relevante nas iniciativas passadas da gestão pública. Por exemplo, nos anos de 2016 a 2018 foi quando o estado de Santa Catarina mais investiu em transporte [7]. No ano de 2020, esse número diminui radicalmente, a ponto de se igualar com os valores de 2012.  Mais especificamente em Florianópolis, segundo o último Relatório de Indicadores da cidade [3], o sistema de planejamento e administração de transporte encontra-se insatisfatório. A última pesquisa de origem-destino realizada na capital, por exemplo, foi há mais de 6 anos atrás, em 2014, pela PMF em conjunto com o Plamus.

Living Lab atua na questão da mobilidade com foco em caronas

Provavelmente você já precisou pegar uma carona com algum colega de trabalho ou da faculdade, ou então você foi o colega “gente boa” que deu a carona. Combinou antecipadamente, ou em cima da hora mesmo, na saída, por sorte. A carona sempre existiu, não é nenhuma novidade. Mas a tecnologia permite agora que você amplie a sua capacidade de buscar e oferecer caronas de forma mais segura dentro de uma rede de confiança, seja da empresa que você trabalha, do centro empresarial, ou da faculdade, por exemplo. E em uma cidade onde o congestionamento é um grande problema, ter cada vez mais pessoas em uma quantidade menor de carros é muito melhor.

Com o objetivo de melhorar a mobilidade urbana e incentivar o uso de novas tecnologias, o grupo VIA Estação Conhecimento e a consultora Thaís Nahas em conjunto com a ACATE Vertical Smart Cities lança o Living Lab para a Mobilidade. Nesta edição, a primeira iniciativa testada é o Waze Carpool – aplicativo para pedir ou oferecer carona. O aplicativo é disponível em Android e iPhone (iOS) e funciona integrado aos dados e à tecnologia do app Waze. A plataforma é colaborativa para pessoas que fazem o mesmo trajeto, casa-trabalho, casa-universidade, por exemplo, em um determinado horário. Dessa forma, o aplicativo torna possível que motoristas do Waze possam dar carona aos passageiros do Waze Carpool.

No âmbito do Living Lab, fomenta-se que organizações façam a adesão à parceria com o Waze Carpool. Neste sentido, após um trabalho de mapeamento de parceiros locais relevantes para o projeto, diversas entidades estão sendo convidadas à contribuir para um maior engajamento e incentivo ao uso do aplicativo que facilita a troca de caronas. Com esta adesão, é possível contribuir para a busca da eliminação do trânsito, a redução dos impactos do meio ambiente, melhoria da qualidade de vida de seus colaboradores, o fortalecimento da integração dos funcionários, a otimização de recursos de forma a reduzir gastos com outras soluções, e por fim criar uma comunidade engajada na questão da mobilidade da Grande Florianópolis.

Vamos juntos testar o waze carpool?

A metodologia Living Lab do grupo VIA Estação Conhecimento

O grupo VIA é detentor de um modelo de implantação, operação e acompanhamento personalizado de soluções inovadoras a serem testadas no âmbito urbano, rural ou organizacional. Com benchmarking nacional e internacional, além do apoio de Josep Miquel Piqué, a Metodologia VIA Living Lab leva em consideração o ecossistema de inovação local e o ambiente no qual a proposição está envolvida.

A participação é aberta à empresas, universidades, instituições de Ciência e Tecnologia, órgãos da administração pública; nacionais ou internacionais. Dessa maneira, valida-se as soluções diretamente com o público-alvo de forma a aprimorar ou validar a solução.

A metodologia contempla desde o planejamento de um Living Lab (busca por stakeholders, infraestrutura mínima, ferramentas de seleção de usuários), descrição e modelo de operação (serviços complementares, análise de propostas, contrato com usuários) até o acompanhamento e qualificação (planejamento, métricas e gamificação) dos usuários e clientes das soluções do living lab.

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Referências

[1] MOBILIDADOS (org.). MobiliDADOS Capitais. Disponível em: https://mobilidados.org.br/capitais/. Acesso em: 05 ago. 2021. 

[2] DETRAN SANTA CATARINA. Estatísitica Veículos. Disponível em: https://www.detran.sc.gov.br/estatisticas/veiculos. Acesso em: 05 ago. 2021.

[3] REDE DE MONITORAMENTO CIDADÃO. Rede Ver A Cidade. Relatório de Indicadores de Florianópolis 2020. Florianópolis, 2021. Disponível em: http://floripamanha.org/2020/06/novo-relatorio-anual-de-indicadores-de-florianopolis-e-apresentado-pela-rede-ver-a-cidade/. Acesso em: 05 ago. 2021.

[4] REDE DE MONITORAMENTO CIDADÃO. Pesquisa de opinião pública Florianópolis 2017. Florianópolis, 2017. Disponível em: https://materiais.floripamanha.org/pesquisa-opiniao-publica-rmc-2017. Acesso em: 05 ago. 2021.

[5] SOUZA, Eduardo Leite; SUGAI, Maria Inês. Minha Casa Minha Vida: periferização, segregação e mobilidade intraurbana na área conurbada de Florianópolis. Cadernos Metrópole, [S.L.], v. 20, n. 41, p. 75-98, abr. 2018. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.org/10.1590/2236-9996.2018-4104

[6] MEYER, B.; GÜNTHER, H. F.; SCHREINER, T. Os desafios da integração do transporte coletivo e da gestão associada: o caso da Região Metropolitana da Grande Florianópolis. Gestão & Conexões, v. 7, n. 2, p. 43-66, 2018.

[7] Governo de Santa Catarona. Portal da Transparência do Poder Executivo de Santa Catarina. Disponível em: http://www.transparencia.sc.gov.br/. Acesso em: 05 ago. 2021.

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Aline de Camargo Barros

Graduada em Arquitetura (SENAC - SP) e mestranda em Design (UDESC), investiga projetos inseridos no ambiente urbano, suas diretrizes e possibilidades diante das inovações tecnológicas da realidade contemporânea, buscando um viés centrado nas necessidades e demandas do cidadão e da comunidade.

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