Um Olhar Para O Empreendedorismo Feminino

Um olhar para o Empreendedorismo Feminino

Por que falar sobre Empreendedorismo Feminino?

É necessário levantar discussões sobre o empreendedorismo feminino. Na maioria das economias, novos empreendimentos são mais propensos a serem iniciado por homens do que por mulheres [1]. E hoje, apesar de haver certa participação feminina no empreendedorismo, em algumas áreas seus números ainda são críticos e apresentam resistência ao crescimento, como por exemplo, nas startups [2].

Um recente estudo inédito nomeado “Female Founders Report 2021”, produzido pelo Distrito Dataminer, em parceria com a B2Mamy e a Endeavor apresenta o contraste de que apesar de nas empresas tradicionais a  participação feminina estar equilibrada, isso muda radicalmente no panorama das startups.

Quando se fala dessas empresas que trabalham com inovação, a representação constatada é de apenas 9,8% de participação feminina. Quando se apontam aquelas fundadas exclusivamente por mulheres, o dado fica ainda mais preocupante, tendo apenas 4,7% [2], o que representa uma área ainda resistente à diversidade.

Destaca-se a importância de ações voltadas para essa realidade ao passo que a inclusão no empreendedorismo é crítica para qualquer economia. Se um grupo na sociedade não está começando negócios em pé de igualdade com outros grupos, isso vai limitar a criação de empregos, inovação, geração de renda, e todos os outros benefícios que novos empreendedores trazem para a economia e sociedade [2]. Nesse contexto, cada vez mais iniciativas têm surgido para mudar essa realidade. A seguir, apresentamos algumas.

Mapa do Ecossistema de Apoio às Mulheres Brasileiras

O Instituto Rede Mulher Empreendedora com apoio da Rede Mulher Empreendedora realiza semestralmente um mapeamento de instituições públicas e privadas com iniciativas de apoio às mulheres. As instituições ou programas mapeados são totalmente focados no apoio às mulheres, com atuação em nível nacional e em operação no momento de atualização da pesquisa de mapeamento [3].

Assim, separa diversas instituições de apoio ao empreendedorismo feminino, programas de aceleração, investimento em startups, empregabilidade feminina, liderança e autoconhecimento, entre outros. Em 2021, é apresentada a 6ª versão do denominado “Mapa do Ecossistema de Apoio às Mulheres Brasileiras” que apresenta os números do primeiro semestre, onde apontam cerca de 200 empresas e subdividem os programas em 21 categorias.

O mapa completo pode ser acesso aqui.

Somos Dara

Já aconteceu de estar um evento de tecnologia e empreendedorismo e não conseguir ver nenhuma representatividade feminina? Essa é a preocupação da Dara, que em seu site se apresentam como “a ponte entre eventos de todos os tipos e mulheres palestrantes de todas as áreas de conhecimento”.

Com a perspectiva de tornar os eventos mais diversos, o portfólio da empresa apresenta uma rede mulheres palestrantes diversas, em todas as áreas de atuação e é oferecido gratuitamente para curadores de eventos. Lá, você encontra mulheres para falar de empreendedorismo, startups, inovação, marketing, tecnologia e vários outros temas. Ou seja: não há mais a desculpa de que não foi possível incluir diversidade nos eventos por falta de um nome da área.

Ainda, cabe destacar que de acordo com seu site, a Dara também vai além, oferecendo cursos e mentorias para o desenvolvimento de mulheres que já palestram ou querem começar a palestrar. Confira mais da iniciativa no site oficial SomosDara.com.

Programa Teresa de Benguela

Mostrando que não são apenas o terceiro setor e as empresas que têm feito a diferença no apoio ao empreendedorismo feminino, algumas iniciativas também surgem dentro das instituições de ensino.

Indicado ao Prêmio UNESCO GWE – Girl’s & Women’s Education nos anos de 2020 e 2021, o Teresa de Benguela é um Programa de Extensão do Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT), gerido pela Ativa Incubadora de Empresas do IFMT, que tem como objetivo central a elevação de renda através da educação e capacitação de mulheres que se encontram em condições de vulnerabilidade social.

Entre seus objetivos, o programa estabelece: Gerar produtos, negócios e empreendimentos liderados por mulheres, assim como contribuir na promoção da autonomia econômica e financeira de mulheres em vulnerabilidade social. Assim, promovendo a igualdade de gênero e também considerando a dimensão étnico-racial.

Dessa forma, visam quebrar o ciclo de vulnerabilidade social através da emancipação financeira dessas mulheres. O programa já formou uma startup de mulheres, já formou mulheres cervejeiras, mulheres artistas e já atuou até mesmo com mulheres indígenas. Tendo iniciado em 2017, hoje contabiliza mais de 1000 mulheres impactadas por todo o estado de Mato Grosso.

Confira mais da iniciativa no site oficial.

Referências

[1] GLOBAL ENTREPRENEURSHIP MONITOR (GEM) , 2021. GEM 2020/2021 GLOBAL REPORT. Disponível em: <https://www.gemconsortium.org/report/gem-20202021-global-report> Acesso em 10 set. 2021.

[2] DISTRITO; B2MAMMY; ENDEAVOR, 2021. Female Founders Report [online] . Disponível em: <https://materiais.distrito.me/dataminer-female-founders-report> Acesso em Ago. 2021.

[3] REDE MULHER EMPREENDEDORA (RME), 2021. 6ª versão do “Mapa do Ecossistema de Apoio às Mulheres Brasileiras”. Disponível em: <https://rme.net.br/2021/07/27/6a-versao-do-mapa-do-ecossistema-de-apoio-as-mulheres-brasileiras/> Acesso em 10 set. 2021.

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Carlos Marcelo Faustino da Silva

Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento, um dos primeiros pesquisadores nacionais a abordar ambidestria organizacional sob a perspectiva da inovação aberta. Contador pela UFMT, mentorava startups desde a graduação, por isso começou a atuar próximo a ambientes de inovação, já tendo fundado e administrado núcleos de incubação de empresas. Atualmente, segue mentorando startups e empresas de outras configurações, e estudando estratégias para melhorias de metodologias em ambientes de inovação.