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Os diferentes tipos de ecossistemas de inovação

A literatura apresenta diferentes tipos de ecossistemas de inovação. O conceito de ecossistemas de inovação é amplamente articulado e possui uma ampla gama de abordagens e definições. Dessa forma, compreender toda a sua abrangência e os modos que o conceito é utilizado na literatura torna-se um desafio. Assim, com o objetivo de melhorar a compreensão do seu termo e de suas possibilidades de uso, o conceito de ecossistema de inovação é apresentado a seguir sobre a lente de 4 diferentes teorias.

Fluxos de pesquisa e os ecossistemas de inovação

Para elucidar o tema, será utilizado o estudo das autoras Russel e Smorodinskaya (2018) que analisaram a teoria da complexidade e os ecossistemas de inovação. Para isso, as autoras identificaram que o ecossistema de inovação é utilizado em 4 diferentes fluxos de pesquisa:

  • literatura de gestão;
  • redes entre empresas e negócios;
  • a política de inovação e agenda de competitividade;
  • ecossistemas de inovação localizados e em toda a economia.

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Literatura de Gestão

A literatura de gestão explora os ecossistemas de inovação por meio da lente do conceito de ecossistema de negócios. A visão central do ecossistema nessa literatura são as empresas e como elas podem se beneficiar do ecossistema que o rodeia, geralmente em torno de uma empresa focal ou de uma plataforma tecnológica. Nesse ecossistema, conhecido como plataforma de inovação, os atores estão relacionados à produção de inovação em uma empresa focal. Os atores desse tipo de ecossistema de inovação são fornecedores, clientes, outras empresas do mesmo setor, spin-offs, e assim por diante. São ecossistemas voltados para cocriação de uma determinada tecnologia, ou um grupo de tecnologias. Outras pesquisas de gestão descrevem o ecossistema como uma estrutura, que corresponde a uma configuração coesa de interconexões e interdependências de múltiplos atores, que emerge não em torno de uma empresa focal, mas de uma “proposta de valor única”, por meio de uma motivação coesa entre os partícipes (RUSSEL; SMORODINSKAYA, 2018).

Literatura econômica e sociológica

A literatura econômica e sociológica analisa os ecossistemas de inovação sobre o contexto das redes entre empresas. Nessa literatura os ecossistemas de inovação são analisados como estruturas complexas baseadas em rede. Essa abordagem é utilizada para estudar redes e ecossistemas da cadeia de valor em uma variedade de indústrias. Nessa interpretação, os ecossistemas de inovação podem assumir várias escalas como centros regionais de inovação, comunidades de inovação em todo o país, redes locais entre empresas, etc. De forma geral, os ecossistemas de inovação nessa literatura são entendidos como comunidades que se formam em torno de um mesmo objetivo (RUSSEL; SMORODINSKAYA, 2018).

Literatura econômica sobre política de inovação e agenda de competitividade

A  literatura econômica sobre política de inovação e agenda de competitividade interpreta o ecossistema de inovação como derivado do conceito de sistema de inovação. Como os sistemas de inovação, nacionais e regionais que foram construídos não atenderam a crescente complexidade do processo de inovação, o conceito deu lugar aos ecossistemas de inovação. Esses ecossistemas são propostos principalmente como uma ferramenta analítica para considerar como as políticas públicas poderiam facilitar a inovação, fortalecendo os vínculos interativos nos sistemas de inovação existentes. Nessa literatura o termo ecossistema de inovação captura sinergias complexas entre uma variedade de esforços colaborativos de grandes e pequenas empresas, universidades, institutos de pesquisa, laboratórios e empresas de capital de risco, todos envolvidos em trazer inovação ao mercado. Em termos claros, a literatura que trata de políticas para facilitar a competitividade e o crescimento liderado pela inovação descreve os ecossistemas de inovação sob a lente de sua função principal de fornecer uma troca contínua e suave de fluxos de conhecimento para trazer inovações ao mercado (RUSSEL; SMORODINSKAYA, 2018).

Interpretações de ecossistemas de inovação localizados e em toda a economia

Ecossistemas de inovação localizados enfatizam a importância da localização no processo de inovação. Assim, as estratégias de desenvolvimento econômico de vários países são todos baseados na co-localização para produção de co-inovações, uma vez que, a proximidade geográfica de agentes em rede (especialmente de empresas e universidades) é crucial para facilitar a transferência de conhecimento. Um ecossistema de inovação local é um nó sustentável de comunicação entre empreendedores, pesquisadores e outros atores institucionais, que lhes permite gerar coletivamente conhecimento, trocá-lo mutuamente e transformá-lo em ativos inovadores comerciais por meio da colaboração. O ecossistema de inovação do Vale do Silício é um exemplo (RUSSEL; SMORODINSKAYA, 2018).

Por sua vez, o ecossistema de inovação em toda a economia é visto como um ambiente colaborativo e competitivo que a nível de país compõe um ecossistema nacional de inovação. Em alguns países grandes, ecossistemas complexos semelhantes aparecem nos níveis regionais, constituindo assim ecossistemas regionais de inovação. Um grande número de jurisdições (Finlândia, Dinamarca, Coréia, China, Suécia, Reino Unido, Austrália etc.), estabeleceram políticas e instituições para promover a formação de ecossistemas amplos, nacionais e regionais, como meio para acelerar a transição da economia para uma economia baseada no conhecimento (RUSSEL; SMORODINSKAYA, 2018).

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Referência

RUSSELL, Martha G.; SMORODINSKAYA, Nataliya V. Leveraging complexity for ecosystemic innovation. Technological Forecasting and Social Change, v. 136, p. 114-131, 2018.

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Guilherme Paraol

Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC) e membro do grupo de pesquisa VIA - Estação Conhecimento. Realiza pesquisas com foco em ecossistemas de inovação. Atua em diversos projetos de inovação.