Empresas inseridas em parques inovam mais?
Empresas inseridas em parques tecnológicos inovam mais?
Uma introdução ao assunto
Os parques como habitats de inovação são comumente divididos em cinco tipologias. Portanto, temos: parques de pesquisa, parques científicos, parques de inovação, parques tecnológico e parques científicos e tecnológicos. Contudo, alguns autores alegam que a diferença entre as tipologias se dá unicamente por um fator geográfico. Neste sentido, temos como exemplo os EUA com seus parques de pesquisa e a Ásia com os parques tecnológicos.
Independente disso, todas as tipologias de parques seguem alguns preceitos, conforme descrito pela IASCP (International Association of Science Parks and Areas of Innovation). Segundo a entidade, os parques são ferramentas para o desenvolvimento regional e devem ser geridos por profissionais especialistas. Ainda mais, adotam uma cultura de inovação e cedem infraestrutura que promova a inovação nas empresas. Dessa forma, este habitat deve atuar como um ponto de convergência de instituições criadoras de conhecimento e empresas inovadoras.
Portanto, as empresas instaladas nos parques inovam mais?
De acordo com Ubeda, Criado e Valentín (2019), a otimização dos processos de inovação em empresas inquilinas do parque depende de um fator chave: sua capacidade de absorção. Em resumo, o aprendizado de uma empresa pode ser dividido em dois grandes blocos: Conhecimento produzido internamente (associado a pesquisa e desenvolvimento – P&D) e conhecimento obtido de fontes externas. A princípio, o conhecimento interno dirige as competências tecnológicas da empresa e atua diretamente sobre a capacidade de absorção. Por outro lado, os conhecimentos externos provêm de dois tipos de instituição: extra-setoriais que promovem inovação, como universidades, e intra-setoriais, sendo empresas do mesmo setor. Contudo, existe um fator que define quanto as empresas conseguem interagir com conhecimentos exteriores e aplicar internamente, o coeficiente de absorção.
O coeficiente de absorção depende diretamente do nível de P&D da empresa. Neste sentido, se faz claro que o investimento em P&D é essencial para a incorporação interna de conhecimentos complexos externos à empresa. Contudo, nota-se um problema de dualidade. Quando o P&D interno se desenvolve para as fronteiras do conhecimento, os conhecimentos exteriores à empresa perdem seu valor. Portanto, os autores propõem um modelo não-linear descrito por um gráfico. De um lado: a otimização da performance inovadora motivada pelo parque, Alfa. Do outro, o conhecimento interno da empresa, Mi. Como resultado, temos o gráfico ao lado.
Os três tipos de empresas em parques
Uma análise do gráfico mostra três tipos de empresas. A tipologia segue o diferente comportamento destas em relação aos benefícios de inovação promovidos pelos parques, pelo menos quando levamos em consideração seu conhecimento interno. As primeiras, nomeadas pre-catching up firms pelos autores, não possuem P&D interno o suficiente para aproveitar dos benefícios que os parques apresentam em prol da inovação. Seguindo, temos as catching up firms e as pre-frontier sharing firms. Ambos os tipos otimizam sua performance de inovação dentro de parques, contudo, as pre-frontier sharing firms se desenvolvem ao ponto de haver uma dualidade do conhecimento, que diminuí o valor dos conhecimentos externos a empresa. Portanto, os parques trazem benefícios para as empresas, desde que estas apresentem um valor mínimo de investimento em pesquisa e desenvolvimento interno.
Post adaptado do artigo: Fernando Ubeda & Marta Ortiz-de-Urbina-Criado & Eva-María Mora-Valentín, 2019. “Do firms located in science and technology parks enhance innovation performance? The effect of absorptive capacity,” The Journal of Technology Transfer, Springer, vol. 44(1), pages 21-48, February.
Caio Prange Piva
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