Conceitos De Empreendedorismo

O empreendedorismo como área de pesquisa acadêmica

Grupo de estudos da VIA Estação Conhecimento explora artigo seminal sobre empreendedorismo

Um dos objetivos do grupo de estudos da VIA Estação Conhecimento é a compreensão de temas amplos e demandados em pesquisa, como o empreendedorismo. Em busca de aprofundar o conhecimento do grupo, exploramos o artigo The Promise of Entrepreneurship as a Field of Research. Em português, A promessa do empreendedorismo como área de estudo, dos americanos Scott Shane e S. Venkataraman. A pesquisa foi publicada em 2001, propondo uma estrutura que integrasse o campo do empreendedorismo, visando à qualidade de estudos subsequentes. Visto que, na época, o empreendedorismo não era tão bem definido quanto hoje, esse estudo possui bastante importância. São mais de 11 mil citações, como comprova uma rápida consulta em buscador da web.

Número de citações do artigo The Promise of Entrepreneurship as a Field of Research

conceitos de empreendedorismo

Fonte: Google Acadêmico

Os autores apontam que, por ser um termo muito amplo, o termo empreendedorismo não possui uma estrutura conceitual bem definida. O termo é difundido e cercado de definições que se sobrepõem e misturam na pesquisa. Além disso, o empreendedorismo era estudado por outros pesquisadores como sendo apenas quem é o empreendedor e o que ele faz. Para os autores deste artigo, empreendedorismo envolve dois fenômenos: a existência de oportunidades lucrativas e o empreendedor. Definir empreendedorismo apenas como sendo o indivíduo, torna as pesquisas e definições incompletas.

 

“Definimos o campo do empreendedorismo como o exame acadêmico de como, por quem, e com quais efeitos as oportunidades para criar bens futuro e os serviços são descobertos, avaliados e explorados” (VENKATARAMAN, 1997).

 

Shane e Venkataraman apontam que boa parcela da população engaja em comportamento empreendedor. A partir disso, eles fazem uma relação concluindo que é improvável dizer que empreendedorismo seja uma característica de certas pessoas, sendo a população um grande grupo e diverso de pessoas.

Eles, também, apresentam algumas razões para o estudo do tema:

  • Muitas informações técnicas são incorporadas em produtos e serviços através do empreendedorismo;
  • Empreendedorismo é um mecanismo que descobre e mitiga ineficiências temporais e espaciais da economia;
  • De acordo com Schumpeter (1934), das diferentes formas de mudança da sociedade capitalista, a inovação feita pelo empreendedorismo, em produtos e processos, é a principal força motriz das mudanças.

“A ausência de empreendedorismo nas teorias coletivas de mercados, empresas, organizações e mudanças torna a nossa compreensão do cenário comercial incompleta”

(SHANE; VENKATARAMAN, 2001)

Conceitos de empreendedorismo

Oportunidades empreendedoras:

Oportunidades empreendedoras são situações em que novos bens, serviços, materiais e métodos podem ser introduzidos e vendidos obtendo lucro (CASSON, 1982). Drucker (1985) segmenta 3 tipos de oportunidades:

  • Criação de novas informações a partir de novas tecnologias;
  • Exploração de mercado ineficiente;
  • Reação que muda a relação custo benefício. A distribuição desigual das informações faz com que certas pessoas descubram as oportunidades empreendedoras antes de outras.

 

“Uma oportunidade empreendedora ocorre quando alguém conjectura que algo não está sendo posto em seu melhor uso” (CASSON, 1982).

 

Algumas pessoas descobrem oportunidades empreendedoras e outras não. Seja pela posse da informação prévia necessária para identificar uma oportunidade, seja por propriedades cognitivas necessárias para valorizar a informação. A descoberta da oportunidade demanda diferentes estoques de informação entre as pessoas, por isso, não são óbvias a todos. Para identificar uma oportunidade, empreendedores precisam de informações anteriores, complementares às novas informações.

O desenvolvimento da Internet é um exemplo útil. Apenas um subconjunto da população teve atitudes empreendedoras em resposta ao desenvolvimento desta tecnologia. Algumas pessoas ainda não sabem o que é a Internet ou que existem oportunidades lucrativas para explorá-la. A descoberta de oportunidades não é um processo de cálculos (Baumol, 1993), mas de relações elaboradas a partir de mudanças.

A exploração de boas oportunidades empreendedoras depende de:

  • Larga demanda
  • Altas margens de lucro
  • Novo ciclo de vida tecnológico
  • Média densidade competitiva
  • Baixo custo
  • Mercado disponível

Referências:

Aldrich, H., & Zimmer, C. 1986. Entrepreneurship through social networks. In D. Sexton & R. Smilor (Eds.). The art and science of entrepreneurship. 3-23. Cambridge, MA: Ballinger.

Baron, R. In press. Counterfactual thinking and venture formation: The potential effects of thinking about “what might have been.” Journal of business Venturing.

Casson, M. 1982. The entrepreneur. Totowa, NJ: Barnes & Noble Books

Drucker, P. 1985. Innovation and entrepreneurship. New York: Harper & Row

Reynolds, P., & White, S. 1997. The entrepreneurial process. Greenwich, CT: Greenwook Press.

Schumpeter, J. 1934. Capitalism, socialism, and democracy. New York: Harper & Row.

Venkataraman, S. 1997. The distinctive domain of entrepreneurship research: An editor’s perspective. In J. Katz & R. Brockhaus (Eds.), Advances in entrepreneurship firm emergence, and growth, vol. 3: 119-138. Greenwich CT: JAI Press.

Coautoria:
Sicilia Vechi – http://via.ufsc.br/author/sicilia_via/

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Luiz Eduardo Brand Flores

Estudante da graduação de engenharia de materiais na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Investe muita energia e vontade em pesquisa e extensão sobre inovação e sonha em gerenciar um habitat de inovação.

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