Características do Ecossistema de Inovação
Ecossistema de Inovação
O construto do ecossistema de inovação surgiu na década de 1930 tendo significados diferentes ao longo dos anos. Recentemente, autores como Gomes et al (2016) se dedicaram a definir o conceito com base nas publicações científicas existentes.
O construto emergiu como uma abordagem promissora na literatura sobre estratégia, inovação e empreendedorismo. Estudiosos desenvolveram um conjunto de definições e conceitos em uma variedade de contextos, empregando ecossistema de inovação com diferentes rótulos e, em alguns casos, com diferentes significados e propósitos. Por um lado, os usos podem estar associados à relevância e flexibilidade do conceito. Por outro lado, conceituações tão diferentes podem levar a conceitos contraditórios e, em alguns casos, concorrentes.
De forma geral, a temática associada a ecossistemas ganha força com o desempenho de territórios, como por exemplo o Silicon Valley, que apresenta um ecossistema maduro em termos de desenvolvimento de negócios e de inovação. A partir disso, é possível identificar a competitividade regional e o próprio desempenho econômico, com a co-localização de empresas que aumentam sua produtividade, impulsionando a inovação e estimulando a formação de novos negócios.
Mas afinal, o que é Ecossistema de Inovação?
O estudo de Gomes et al (2016) indica com relação ao ecossistema de inovação os termos de empreendedorismo, inovação, colaboração, criação, desenvolvimento de produtos e tecnologia. Ecossistemas vêm sendo considerados como redes de relações em que a informação e talento fluem, por meio de sistemas de co-criação de valor sustentado (ETZKOWITZ E LEYDESDORFF, 2000). Na visão de Jishnu, Gilhotra e Mishra (2011) e Russell et al. (2011) ecossistema de inovação refere-se aos sistemas inter organizacionais, políticos, econômicos, ambientais e tecnológicos da inovação, em que ocorre a catalisação, sustentação e apoio ao crescimento de negócios.
Basole e karla (2011) consideram que um ecossistema pode ser descrito como um sistema em rede que contém um conjunto de objetos como os atores que estão ligados uns aos outros. Estes atores apresentam papéis de liderança, de acordo com suas estruturas organizacionais.
Os ecossistemas de inovação se constituem num conjunto de indivíduos, comunidades, organizações, recursos materiais, normas e políticas por meio de universidades, governo, institutos de pesquisa, laboratórios, pequenas e grandes empresas e os mercados financeiros numa determinada região. Estes atores trabalham de modo coletivo a fim de permitir os fluxos de conhecimento, amparando o desenvolvimento tecnológico e gerando inovação para o mercado (WESSNER, 2007).
Os papéis dos atores do Ecossistema de Inovação
Diferentes são os papéis dos atores que constituem o ecossistema de inovação. Autores como Dedehayir, Mäkinen e Ortt (2016) indicam que além da liderança, há funções de criação direta de valor. Em muitos casos pode haver um ator central que lidera o ecossistema. Este será dependente da fase em que o ecossistema se encontra para atuar na governança do ecossistema, na realização de parcerias, na gestão de plataformas e no próprio gerenciamento de valor.
As atividades de cada um dos atores são distintas. Em alguns casos podem ser concorrentes, mas devem levar a região a patamares superiores considerando o desenvolvimento de negócios e a implementação de inovações. Thomas e Autio (2013) e Thomas e Autio (2014) descrevem basicamente quatro atividades para que os ecossistemas venham a emergir: i) atividades – aquisição e gerenciamento de recursos pelo hub de atores; (ii) atividades tecnológicas – o desenho e fornecimento de tecnologias; (iii) atividades institucionais – o estabelecimento e implementação das regras de engajamento; e (iv) atividades de contexto que considerem os estímulos provenientes do ambiente que influencia a operação do ecossistema.
Além disso, para Dedehayir, Mäkinen e Ortt (2016) um ecossistema precisa ter os papéis dos atores definidos, com interações internas e externas coordenadas, e fluxos e recursos entre parceiros orquestrados. As parcerias realizadas devem atrair e reunir parceiros relevantes que estejam juntos, formando alianças estratégicas mesmo que de diferentes segmentos. Colaboração vem sendo considerado o termo de maior relevância em ecossistema, uma vez que pode criar valor, por meio de vínculos fortes, para a evolução coletiva.
Os atores precisam também estimular investimentos complementares de forma a prover oportunidades para criação de nicho. Assim, embora ainda possua teoria fragmentada e diversificada, dificultando sua consolidação, de acordo Ritala e Almpanopoulou (2017), a definição de ecossistema de inovação pode ser empregada para as atividades de inovação, que envolvam interdependência dos atores em um contexto particular, com coesão intrínseca ao desenvolvimento de cada um.
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Outros posts da VIA:
Os atores que compõem o Ecossistema de Inovação
Ecossistema de Inovação X Ecossistema de Negócios
Referências
BASOLE, R. C.; KARLA, J. On the evolution of mobile platform ecosystem structure and strategy. Business & Information Systems Engineering. v. 3, n. 5, p. 313–322, 2011
DEDEHAYIR, O.; MÄKINEN, S. J.; ORTT, R. Roles during innovation ecosystem genesis: A literature review, Technological Forecasting & Social Change, 2016.
ETZKOWITZ, H.; LEYDESDORFF, L. The dynamics of innovation: from national systems and ‘Mode 2’ to a triple-helix of university-industry-government relations. Research Policy, v. 29, n. 22, p.100-123. 2000.
GOMES, Leonardo Augusto de Vasconcelos; FACIN; Ana Lucia Figueiredo; SALERNO; Mario Sergio; IKENAMI; Rodrigo Kazuo. Unpacking the innovation ecosystem construct: Evolution, gaps and trends. Technological Forecasting and Social Change, 2016.
JISHNU, V.; GILHOTRA, R. M.; MISHRA, D. N. Pharmacy education in India: Strategies for a better future. Journal of Young Pharmacists, v. 3, n. 4, p. 334-342, 2011.
RITALA, P.; ALMPANOPOULOU, A. In defense of ‘eco’in innovation ecosystem. Technovation, v. 60, p. 39-42, 2017.
RUSSELL, M. G. et al. Transforming innovation ecosystems through shared vision and network orchestration. In: Triple Helix IX International Conference. Stanford, CA, USA. 2011.
THOMAS, L.D.W., AUTIO, E. The processes of ecosystem emergence. Working Paper, 2014.
THOMAS, L.D.W.; AUTIO, E. Emergent equifinality: An empirical analysis of ecosystem creation. Proceedings of the 35th DRUID Celebration Conference 2013 Barcelona, Spain. p.17–19, 2013
WESSNER, C. W. et al. (Ed.). Innovation policies for the 21st century: report of a symposium. Washington: National Academies Press, 2007.
Priscila Machado Borges Sena
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