Berlim e os ecossistemas de inovação territoriais
A capital alemã é uma cidade global que vive em constante revolução desde o final dos anos 1980. Centro econômico da Europa e uma das principais cidades do mundo quando o assunto é inovação, o seu pioneirismo se estende pelas suas infraestruturas modernas, pela potência da sua indústria criativa, na vanguarda da transformação digital e nas relações inovadoras com seus ecossistemas. Sendo assim, neste post vamos observar de perto um dos principais construtos da inovação alemã: a relação de Berlim e os ecossistemas de inovação territoriais.
Relembrando…O que são ecossistemas de inovação?
Segundo Carayannis e Campbell (2009), um ecossistema de inovação pode ser compreendido como o meio onde pessoas, a cultura e a tecnologia se encontram catalisando a criatividade e o empreendedorismo, e desta forma, acelerando a inovação na academia, nas instituições de tecnologia, nas organizações públicas e nos entes privados, sendo orientado tanto por políticas públicas, como por práticas bottom-up.
Granstrand e Holgersson (2020) cravam que
Um conjunto em evolução de atores, atividades e artefatos, e as instituições e relações, incluindo relações complementares e substitutas, que são importantes para o desempenho inovador de um ator ou de uma população de atores”
Berlim e os Ecossistemas de inovação territorial
A fim de fortalecer seus ecossistemas locais de inovação, A capital alemã lançou a estratégia Zukunftsorte – Future Locations em 2012. 11 locais espalhados pela cidade a fim de criar ecossistemas de inovação territoriais, ou seja, baseados nos conceitos de ecossistemas de inovação, porém com a definição clara do território a qual se pretende ser desenvolvido por meio de suas vocações e potências. Estes locais são fomentados a partir da conexão entre instituições de ciência e tecnologia, startups e centros tecnológicos, tendo uma vasta quantidade de possibilidades em relação à cultura, à inovação social e ao surgimento de ideias (ZUKUNFTSORTE BERLIN, 2022).
Os 11 Zukunftsorte são:
Adlershof – Um dos 20 maiores parques de inovação do mundo, abrigando 1187 companhias e 16 instituições científicas. Só o Media City, centro focado nos setores criativos do entretenimento, possui 195 empresas. Ao todo, o Parque registrou ganhos maiores que 2,5 milhões de euros.
Berlin-Buch – Aqui empresas da saúde e bem estar, da biomedicina e farmacêuticas somam-se a hospitais, biotechs e habitats de inovação criando e desenvolvendo o futuro da medicina.
Berlin SÜDWEST – Considerada a Oxford alemã, o foco são as biotechs e spin offs acadêmicas.
Berlin TXL – Hub focado em empresas, universidades e instituições de pesquisa que focam no desenvolvimento de tecnologias urbanas sustentáveis.
Campus Charlottenburg – Universidades, institutos de pesquisa, empresas, instituições culturais e associações criam um ambiente inter e transdisciplinar único.
CleanTech Business Park – A maior área industrial de Berlim é totalmente focada no desenvolvimento de empresas de manufatura especializadas em sustentabilidade.
EUREF – Local onde as pessoas trabalham colaborativamente em prol da neutralização dos efeitos das mudanças climáticas e da busca das smart city do amanhã.
Humboldthain Technology Park – O foco de atuação é em tecnologia automotiva, mobilidade, energia, construtechs, automação e microssistemas.
Siemensstadt Square – A atual localização da Siemens em Berlim está sendo convertida até 2030 em um distrito pujante de inovação.
Tempelhof Airport – Usando como “palco” o ambiente construído do aeroporto homônimo, foi desenvolvido um distrito criativo para potencializar as artes, a cultura e a economia criativa da cidade. Gradualmente, este monumental pedaço da história alemã está sendo convertido em uma incubadora criativa.
Wirtschafts- und Wissenschaftsstandort Schöneweide – Caracterizado pela mistura de pesquisa aplicada, alta tecnologia e economia criativa, aqui ciência, digitalização e cultura fazem o casamento perfeito criando um modelo de smart city real.
Cada um destes ecossistemas de inovação territoriais são, ou estão se tornando, espaços de futuros em suas respectivas vocações. Agora, é aguardamos para visualizar os impactos desta estratégia ao longo dos anos e buscarmos entendê-la cientificamente a fim de que possamos, ou não, utilizá-la com mais um benchmarking de sucesso.
Referências Bibliográficas
CARAYANNIS, E. G.; CAMPBELL, D. F. J. “Mode 3” and “Quadruple Helix”: toward a 21st century fractal innovation ecosystem. International Journal of Technology Management, v. 46, n. 3-4, p. 201, 2009.
GRANSTRAND, O.; HOLGERSSON, M. Innovation ecosystems: A conceptual review and a new definition. Technovation, v. 90-91, 2020.
ZUKUNFSORTE BERLIN. Home. Disponível em < https://zukunftsorte.berlin/> . Acesso em 29 de jun. de 2022.
Danisson Luiz dos Santos Reis
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