Vestida para matar: o valor do vestuário
Como o vestuário pode influenciar no seu trabalho
Já imaginou um médico de chinelo? Ou um advogado de regata? Não? O modo como a gente se veste acabam por influenciar como as pessoas nos percebem em nossos ambientes de trabalho. Sabendo disso, Peluchette, Karl e Rust (2006) investigaram as atitudes e crenças dos indivíduos com relação aos trajes utilizados nos seus locais de trabalho. Eles ainda examinaram até que ponto estes indivíduos utilizam seus trajes para alcançar determinados objetivos profissionais. Para isso, eles estudaram homens e mulheres que trabalham em ambientes de trabalho corporativos.
Diariamente, nas organizações, buscamos pistas sobre o que os outros pensam, de forma a reagirmos de acordo com essas expectativas. Para isso, desenvolvemos esquemas cognitivos sobre quais os comportamentos adequados para uma dada função ou atividades. Assim, esses esquemas se baseiam, dentre outras coisas, no vestuário utilizado por determinada pessoa. Em outras palavras, também analisamos as roupas dos outros de forma a captar seus pensamentos.
Isto pode ocorrer por diferentes motivos. Um deles é o fato de que, quando vestidos adequadamente, temos a impressão de ser significativamente mais responsáveis, competentes, conhecedores, profissionais, honestos, confiáveis, inteligentes, trabalhadores e eficientes.
Assim como diferentes motivos, há pessoas com diferentes sensibilidades à escolha do vestuário de trabalho. É provável que esta diferença se dê pelas variações o automonitoramento dos indivíduos. Este, é um traço de personalidade que é específico para cada um. Aliás, ele refere-se ao grau em que os indivíduos tentam controlar a forma como se apresentam aos outros. Dessa forma, aqueles com um automonitoramento mais elevado buscam se comportar de maneiras socialmente aceitáveis. Além disso, eles são mais preocupados com o que os outros pensam deles.
O estudo
Assim, Peluchette, Karl e Rust (2006) analisaram 106 estudantes pós-graduação matriculados em programas de MBA. Estes foram selecionado entre três universidades de médio porte, dos Estados Unidos. Diferentemente das pesquisas anteriores, cerca de 60% da população o estudo era do sexo masculino. A amostra tinha idades entre 22 e 59 anos, com uma média de 30 anos. Ainda, no que diz respeito a sua ocupação, a maioria deles eram executivos (48%). Ademais, 25% trabalhavam em bancos, 22% no setor de manufatura e 11% no da saúde. Os demais integrantes da pesquisa atuavam na educação, no governo ou em organizações sem fins lucrativos. Apesar do tempo de trabalho médio dos entrevistados ser de 9 anos, a grande maioria estavam em seus respectivos cargos há 5-7 anos.
Para analisar as percepções da amostra acerca das suas vestimentas no local de trabalho, os pesquisadores utilizaram um questionário de autopercepção. Este era compostos por duas seções, comportamento de automonitoramento e crenças e atitudes pessoais sobre vestuário. Além dessas, havia uma seção para coletar os dados demográficos da população.
Os resultados
Como resultado da pesquisa, os entrevistados mostram um baixo comportamento de automonitoramento. Ainda assim, se mostram interessados em vestuário, colocando um alto valor no traje de trabalho. Além disso, indicaram alto interesse em usar trajes para gerenciar as impressões dos outros.
A respeito do trabalho de aparência, indicaram certo esforço ao planejamento e manutenção de seus trajes de trabalho. Isto porque, eles acreditavam fortemente que seus trajes afetavam a visão dos outros. Porém, os consideraram menos eficazes em afetar seu poder/influência e seus resultados no trabalho. Ainda assim, os trajes afetavam seus sentimentos de autoconfiança, amistosidade, autocompetência e produtividade. Poucos aqueles que se sentiam inferiorizados devido seus trajes.
Conclusão
A partir dos seus achados, Peluchette, Karl e Rust (2006) concluem que o vestuário desempenha um papel fundamental nas atitudes e crenças dos indivíduos em relação aos seus trabalhos. Isto porque, ao manipular seus trajes, os indivíduos acreditavam que poderiam influenciar os pontos de vista de outros. Assim, eles poderiam alcançar maior poder e influência. Além de possibilitar a obtenção de resultados relacionados ao trabalho, como aumento ou aumento de remuneração.
Além do mais, eles associaram seus trajes, quando configurados para impressionar, com experiências positivas de autopercepção. Ou seja, eles sentiam-se mais seguros, competentes, produtivos e amigáveis. Assim, vestir-se bem se provou útil aos auto-monitores ou àqueles que ocupavam cargos executivos ou de gerência. Além disso, a preocupação com vestuário se fez mais evidente em mulheres. Dessa forma, os autores evidenciam o alto valor dado ao vestuário no local de trabalho. Devido a isso, eles sugerem que as organizações reconheçam e recompensem a atenção dos funcionários ao vestuário.
REFERÊNCIAS
PELUCHETTE, Joy V.; KARL, Katherine; RUST, Kathleen. Dressing to impress: Beliefs and attitudes regarding workplace attire. Journal of Business and Psychology, v. 21, n. 1, p. 45-63, 2006.
André Borba Mondo
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