Quais as diferenças entre as cidades sustentáveis e as inteligentes?
Estudo compara indicadores de cidades inteligentes com as estruturas de sustentabilidade urbana!
O Grupo VIA realizou mais uma rodada do grupo de estudos e o tema da quinzena foi cidades! Nesse sentido, o artigo estudado ”What are the differences between sustainable and smart cities?” analisa os conceitos de cidades inteligentes e cidades sustentáveis e seus indicadores.
O futuro das cidades!
De acordo com estimativa da ONU, em 2050, 66% da população mundial estará vivendo nas áreas urbanas, logo, nas cidades. Diante desse contexto, existe uma preocupação cada vez mais frequente com o futuro das mesmas. Assim, faz-se necessário ”desenvolver soluções inteligentes para superar os desafios da urbanização” (AHVENNIEMI et al, 2017).
Sustentabilidade urbana
Para Castells (2000), a definição para uma cidade ser considerada sustentável está na sua condição de produção com o tempo que não pode destruir a sua condição de reprodução. Nesse sentido, o desenvolvimento sustentável serve de amparo para alcançar o equilíbrio no desenvolvimento das cidades. Auxilia também na proteção do meio ambiente, além de permitir o equilíbrio nas áreas sociais e de infraestrutura urbana (HIREMATH et al., 2013).
Assim, os indicadores de desenvolvimento sustentável são cada vez mais usados pela administração pública com o intuito de confirmar as estratégias de desenvolvimento das cidades. Porém, esses indicadores não refletem as interações sistêmicas da cidade (HUANG et al., 2009).
Cidades inteligentes
O conceito de ”cidade inteligente” inciou-se em 1994 (DAMERI, COCCHIA, 2013), ademais em 2010 o número de publicações sobre o tema ganha relevância. Nesse sentido, ainda não há uma clara compreensão do seu significado. Assim, uma cidade é inteligente no contexto que une as novas tecnologias com o capital humano, em conjunto com a sustentabilidade econômica, social e ambiental (NEIROTTI et al., 2014; GIFFINGER et al., 2007; HOLLANDS, 2008; NAM, PARDO, 2011). Assim, essa compreensão abrange a união da tecnologia com governo e sociedade a fim de permitir um ambiente, vida, governança e transporte inteligentes (IEEE, 2014).
Material e métodos
O presente estudo busca compreender as semelhanças e diferenças dos conceitos de cidade inteligente e cidade sustentável por meio dos seus indicadores. Dessa maneira, os autores selecionaram 8 estruturas de indicadores para a dimensão de cidade inteligentes e o mesmo número para a sustentabilidade urbana. Além disso, os 958 indicadores desses frameworks foram reorganizados em novas categorias.
Nesse sentido, as categorias foram dividas em: setor categorias e categorias de impacto. Assim, as categorias de impacto são as três dimensões de sustentabilidade, a ambiental, social e econômica. Ademais, o setor categorias abrange: ambiente construído, ambiente natural, gestão de água e resíduos, transporte, energia, economia, educação, bem-estar, saúde e segurança, TICs e governança.
Resultados e discussão
Nesse sentido, o estudo mostrou os seguintes resultados para as categorias de impacto:
- Cidade inteligente: sustentabilidade social 52%, ambiental 20%, econômica 28%
- Sustentabilidade urbana: social 47%, ambiental 43%, econômica 10%
Dessa maneira, pode-se perceber nos indicadores de cidade inteligente a ênfase nos aspectos econômicos e sociais. Em contrapartida, os aspectos ambientais são pouco abordados. Ademais, aspectos como ambiente construído, água e gestão de resíduos e energia aparecem de forma mais abrangente nos sistemas de avaliação de sustentabilidade urbana.
Conclusão
Assim, como o estudo mostra, a sustentabilidade em cidades inteligentes não é devidamente abordada. Ademais, para os autores a avaliação da sustentabilidade precisa ser parte do desenvolvimento da cidade inteligente. Nesse sentido, eles trazem a importância de integrar a sustentabilidade com a estrutura de cidades inteligentes a fim de que ambas sejam contabilizadas em estruturas de medição de seu desempenho. Dessa maneira, a pesquisa recomenda o termo ”cidades inteligentes sustentáveis”.
Nesse sentido, as cidades apresentam uma gradativa apreensão com assuntos relativos a sustentabilidade. Ademais, existem uma crescente busca por alternativas que ajudem a preservar seus recursos naturais e econômicos.
Quer ler mais sobre cidades? Veja nosso post sobre ”cidade caminhável”!
REFERÊNCIAS
Ahvenniemi, H., Huovila, A., Pinto-Seppä, I. y Airaksinen, M. (2017). What are the differences between sustainable and smart cities? Cities , 60 pp. 234-245.
Castells,M. (2000). Urban sustainability in information age. City, 4(1), 118–122.
Dameri, R., & Cocchia, A. (2013). Smart city and digital city: Twenty years of terminology
evolution (pp. 1–8)X Conference of the Italian Chapter of AIS, ITAIS 2013, Università
Commerciale Luigi Bocconi, Milan (Italy).
Giffinger, R., Fertner, C., Kramar, Kalasek, R., Pichler-Milanović, N., & Meijers, E. (2007).
Ranking of European medium-sized cities. Vienna UT, October: Centre of Regional
Sciencehttp.
Hollands, R. G. (2008). Will the real smart city please stand up? City, 12(3), 303–320.
Huang, S. -L., Yeh, C. -T., Budd,W.W., & Chen, L. -L. (2009). A Sensitivity Model (SM) approach
to analyze urban development in Taiwan based on sustainability indicators.
Environmental Impact Assessment Review, 29, 116–125.
IEEE (the Institute of Electrical and Electronics Engineers) (2014s). IEEE smart cities.
http://smartcities.ieee.org/about.html.
Nam, T., & Pardo, T. A. (2011). Conceptualising smart city with dimensions of technology,
people and institutions (pp. 282–291)Proceedings of the 12th Annual International
Digital Government Research Conference: Digital Government Innovation in Challenging
Times.
Neirotti, P., De Marco, A., Cagliano, A. C., Mangano, G., & Scorrano, F. (2014). Current
trends in Smart City initiatives: Some stylised facts. Cities, 38, 25–36.
Maria Eduarda Zanella
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