Startups Job-To-Be-Done

Vai começar uma startup? Conheça o Job-To-Be-Done e como ele pode ajudar

Foco no problema

Uma das principais características pelas quais as startups são conhecidas é o “foco no problema”. Ou seja, em vez de se apresentarem como uma empresa que oferece determinado produto ou serviço, apresentam-se como uma “solução” para determinada situação que ainda não se encontra atendida.

De fato, mesmo o Lean Startup, metodologia popular de constituição desses empreendimentos, constitui-se em um ciclo de “Construir-Medir-Aprender” para manter-se sempre alinhado às expectativas dos usuários e suas necessidades.

Por isso, tendo a solução como cerne de sua criação, não surpreende que o fato de que não resolver uma real questão do cotidiano das pessoas seja uma das principais causas de mortalidade das startups [1].

Isso demonstra que, embora pareça simples se alinhar às expectativas de um mercado específico, é uma tarefa um tanto complexa. Nesse contexto, algumas ferramentas podem ser utilizadas para facilitar essa missão. Entre elas, o Job-To-Be-Done.

Conhecendo o Job-To-Be-Done

Em sua tradução literal “Job To Be Done” (JTBD) significa “Tarefa A Ser Realizada”. Compreendendo que – inevitavelmente e cada vez de forma mais rápida – os produtos e serviços mudam completamente porque a evolução tecnológica possibilita melhores maneiras de criar soluções [2], torna-se muito mais seguro o empreendedor pensar na tarefa que deve ser realizada do que no produto em si.

Theodore, professor da Harvard Business School Levitt disse: “As pessoas não querem comprar uma broca de um quarto de polegada. Elas querem um buraco de um quarto de polegada [3].

Exemplo: em vez de se pensar como melhorar o transporte das pessoas, quando se pensa em como melhorar o fato de que elas precisam se locomover do ponto “A” ao ponto “B” garante que melhores ideias surjam, desatreladas ao que já existe, e, portanto, apresentem-se como soluções mais inovadoras e que, de fato, cumpram a missão proposta.

Ideia ou Necessidade?

Para estabelecer o desenvolvimento de uma solução através da necessidade e não de uma ideia, Tony Ulwick (que desenvolveu o conceito de JTBD) define 9 verdades fundamentais para o Job-To-Be-Done [2]:

1) As pessoas compram produtos e serviços para realizar uma “tarefa”.

2) As tarefas são funcionais, com componentes emocionais e sociais.

3) Uma “tarefa a ser realizada” é estável ao longo do tempo (voltando ao exemplo, não queremos saber como melhorar o carro, o trem, os táxis e afins, mas sim como melhorar a locomoção de uma pessoa de um ponto ao outro).

4) Uma “tarefa a ser realizada” é uma solução agnóstica. Isso significa que sua solução não é um aplicativo ou um site. Esses são canais para sua solução. Sua solução deve ter flexibilidade e adaptabilidade para encontrar o melhor meio de chegar ao público.

5) O sucesso vem de fazer da “tarefa”, ao invés do produto ou do cliente, a unidade de análise.

6) Uma compreensão profunda da “tarefa” do cliente torna o marketing mais eficaz e a inovação muito mais previsível.

7) As pessoas querem produtos e serviços que as ajudem a fazer um trabalho melhor e / ou mais barato

8) As pessoas procuram produtos e serviços que lhes permitam realizar toda a tarefa em uma única plataforma

9) A necessidade do cliente, quando ligada à tarefa a ser realizada, torna a inovação previsível

Algo muito interessante para quem está modelando a solução como negócios através de um Business Model Canvas é pensar a respeito da proposta de valor.

Por exemplo: Uma pessoa não alugava filmes em locadoras porque “queria assistir a filmes”. Ela buscava distração, momentos de confraternização, divertimento, lazer através de se conhecer novas histórias etc. Nesse sentido, os streamings ou canais virtuais de conteúdo acabaram se sobrepondo às locadoras porque encontraram o melhor jeito de fazer essa tarefa. A proposta de valor não eram os filmes, mas sim o meio de oferecer mais comodidade e facilidade para realizar a tarefa que os clientes buscavam através deles.

Gostaria de conhecer mais?

O criador do Job-To-Be-Done disponibiliza em seu site um e-book gratuito com acesso ao framework de atuação da ferramenta e toda a contextualização de suas especificidades.

Acesse aqui.

Conheça mais também sobre o Lean Startup.

Referências

[1] CBINSIGHS, 2021. The Top 12 Reasons Startups Fail. Disponível em: <https://www.cbinsights.com/research/startup-failure-reasons-top/> Acesso em 07 nov. 2021.

[2] BOUTY, L. 2021. Marketing Canvas – Job To Be Done. Disponível em: <https://laurentbouty.com/blog/2017/marketing-canvas-job-to-be-done> Acesso em 07 nov. 2021.

[3] ULWICK, A. W., 2018. Jobs To Be Done, Theory to Practice. Disponível em: <https://jobs-to-be-done-book.com/> Acesso em 07 nov. 2021.

The following two tabs change content below.

Carlos Marcelo Faustino da Silva

Mestre em Engenharia e Gestão do Conhecimento, um dos primeiros pesquisadores nacionais a abordar ambidestria organizacional sob a perspectiva da inovação aberta. Contador pela UFMT, mentorava startups desde a graduação, por isso começou a atuar próximo a ambientes de inovação, já tendo fundado e administrado núcleos de incubação de empresas. Atualmente, segue mentorando startups e empresas de outras configurações, e estudando estratégias para melhorias de metodologias em ambientes de inovação.