Post-its Ilustrando Na Parede Tipos De Inovações

Três tipos de inovações na competitividade de empresas.

Olá, leitores! Todas as semanas, no nosso grupo de estudos que acontece toda segunda-feira, fazemos a apresentação de artigos científicos. Nessa semana tivemos a apresentação do artigo  “A Chain Multiple Mediation Model Linking Strategic, Management, and Technological Innovations to Firm Competitiveness” que fala sobre três tipos de inovações e sua influência na competitividade das empresas. O artigo é fruto da pesquisa dos dois autores renomados Chen Han e Shanxing Gao, ambos doutores pela Universidade Xi’an Jiaotong, Xi’an, China.

Têm colaborado em pesquisas voltadas para a inovação e competitividade empresarial, utilizando técnicas avançadas de análise de dados e modelagem estatística. 

O principal objetivo do artigo é uma investigação sobre a relação entre inovações estratégicas, gerenciais e tecnológicas e a competitividade das empresas. A pesquisa utiliza um modelo de mediação em cadeia múltipla para examinar como esses tipos de inovações interagem e afetam a competitividade da empresa.

Este estudo tenta construir uma estrutura integrada para discutir a influência de três tipos de inovações – a estratégica, de gestão e a tecnológica – na competitividade de empresas.

Como a teoria da inovação de Schumpeter define inovação como o estabelecimento de uma nova área de produção, ou seja, a recombinação de fatores de produção, e distingue cinco tipos de inovações (Schumpeter, 1934), os acadêmicos classificaram a inovação de acordo com vários critérios (Černe et al., 2016; Crossan & Apaydin, 2010; Han, Kim & Srivastava, 1998).

No entanto, uma perspectiva mais ampla da inovação considera as inovações tecnológicas e não tecnológicas (Černe et al., 2016). Inovações não tecnológicas são inovações que incluem elementos não técnicos, compostas pela inovação de gestão (também conhecida como inovação gerencial ou inovação administrativa), inovação estratégica, inovação de modelo de negócio, inovação de marketing e inovação verde ou ecológica, entre outras.

No intuito de responder a lacuna de pesquisa “Como a inovação estratégica, a inovação de gestão e a inovação tecnológica impactam coletivamente a competitividade das empresas?”, os autores definem as terminologias com base na literatura.

Inovação Estratégica

Refere-se ao desenvolvimento de mudanças inovadoras e não triviais nos modelos de negócio e à utilização de estratégias competitivas extraordinárias para quebrar as regras atuais do mercado (Lee et al.,2010; Schlegelmilch et al., 2003). A inovação estratégica coloca uma ênfase maior em ter os clientes no cerne das estratégias corporativas. O mercado forçam as empresas a permanecerem adaptáveis por meio da inovação em estratégias competitivas.

Inovação de Gestão

Envolve a invenção e adoção de novos processos, práticas e estruturas de gestão voltados à melhoria do desempenho organizacional e à consecução dos objetivos organizacionais. (Birkinshaw, Hamel & Mol, 2008). Ao transformar processos regulatórios, métodos e processos, é possível elevar significativamente todo o processo de gestão, melhorar a eficiência e a eficácia operacional e permitir que as empresas aproveitem as oportunidades de mercado. Portanto, a inovação de gestão aumenta substancialmente a competitividade das empresas. 

Inovação Tecnológica

E o processo de concepção, pesquisa, desenvolvimento e introdução de novos produtos e serviços no mercado. Inclui todo o processo e resultado do desenvolvimento de produtos e serviços (Crossan & Apaydin, 2010). No processo de P&D de produtos e serviços tecnologicamente inovadores, as empresas constroem seu conhecimento heterogêneo, tácito e casualmente ambíguo, o que impede que concorrentes imitam e fazem engenharia reversa e, assim, garante que as empresas fiquem à frente de seus concorrentes na competição de mercado. Em segundo lugar, a inovação tecnológica funciona como um regime implícito No entanto, uma perspectiva mais ampla da inovação considera as inovações tecnológicas e não tecnológicas (Černe et al., 2016). Inovações não tecnológicas são inovações que incluem elementos não técnicos, compostas pela inovação de gestão (também conhecida como inovação gerencial ou inovação administrativa), inovação estratégica, inovação de modelo de negócio, inovação de marketing e inovação verde ou ecológica, entre outras.

Para concluir, a inovação estratégica é um tipo abrangente de inovação que é mais provavelmente um antecedente das inovações de gestão e tecnológica. Dessa forma, desenvolveram o modelo teórico na Figura 1.

H1: A inovação de gestão atua positivamente como mediadora da relação entre a inovação estratégica e a competitividade das empresas.

H2: A inovação tecnológica atua positivamente como mediadora da relação entre a inovação estratégica e a competitividade das empresas.

H3: O efeito mediador positivo da inovação de gestão é mais relevante do que o da inovação tecnológica na relação entre a inovação estratégica e a competitividade das empresas.

H4:A inovação estratégica afeta positivamente a inovação de gestão que, por sua vez, promove a inovação tecnológica, o que aumenta a competitividade das empresas.

A inovação estratégica, difundida na organização, é mediadora da inovação de gestão que molda o clima organizacional e a visão compartilhada, que é mediadora da inovação, seja ela tecnológica ou não, mas que essa caminho conectado é fator gerador de vantagem competitiva nas organizações

Além disso, demonstram que a inovação de gestão exerce um efeito mediador maior do que a inovação tecnológica no elo entre a inovação estratégica e a competitividade de empresas, levando a inovação de gestão a uma posição paralela à inovação tecnológica. No entanto, a inovação de gestão e a inovação tecnológica não têm relação causal. A inovação de gestão aumenta drasticamente a sensibilidade e a capacidade de resposta de uma empresa e cria uma atmosfera organizacional favorável a novos produtos e serviços. Portanto, a inovação de gestão promove a inovação tecnológica.

Vantagem competitiva

O artigo não menciona se foram considerados outros fatores que possam influenciar a competitividade das empresas. A pesquisa se concentra na relação entre inovações estratégicas, de gestão e tecnológicas e a competitividade das empresas. A teoria da vantagem competitiva das empresas enfatiza a capacidade da empresa de se beneficiar da concorrência no mercado e do crescimento no longo prazo em relação aos seus concorrentes. (Hitt, Irlanda & Hoskisson, 2012)

Metodologia

O objetivo do estudo foi examinar como as inovações estratégicas, de gestão e tecnológicas estão relacionadas à competitividade das empresas, considerando a influência mediadora de outras variáveis. Em resumo, o estudo usou técnicas estatísticas avançadas para entender como diferentes tipos de inovação afetam a competitividade das empresas, levando em conta outros fatores que podem influenciar essa relação.

O protocolo de metodologia da pesquisa incluiu a definição das variáveis e suas medidas, a seleção da amostra, a coleta de dados por meio de questionários, a análise de dados por meio de técnicas estatísticas avançadas e a validação do modelo por meio de análise de dados e estatísticas descritivas.

As hipóteses foram testadas empiricamente. Eventualmente, o estudo obteve 303 questionários pareados de 303 empresas entrevistadas, sendo que, 1500 empresas convidadas na China continental com empresas de diferentes setores e tamanhos, sendo 500 de cada uma das 3 regiões da China continental.

Para cada empresa: dois gerentes de nível sênior ou intermediário preencheram  dois questionários idênticos de forma independente, com uma duração média  de aproximadamente uma hora. De acordo com o artigo, as empresas participantes foram selecionadas por meio de uma amostragem aleatória estratificada, com base nos setores de atividade econômica e no tamanho da empresa. No entanto, não é fornecido detalhamento sobre como foram definidos os critérios de inclusão e exclusão e se as empresas são de fato representativas do setor.

Como a China continental é composta por três regiões, de acordo com o nível de desenvolvimento econômico (região leste e costeira, região central e região oeste), o método de amostragem estratificada foi empregado para incluir as diferenças inter-regionais. De acordo com o artigo, as empresas participantes foram selecionadas por meio de uma amostragem aleatória estratificada, com base nos setores de atividade econômica e no tamanho da empresa com base no PIB de 2009.

As perguntas do questionário foram elaboradas com base em referências bibliográficas relevantes e validadas por meio de pré-testes realizados com empresas de diferentes setores. A análise dos dados foi realizada com o software SPSS AMOS e a Macro SPSS PROCESS, em combinação com a técnica de bootstrapping, para avaliar os efeitos diretos e indiretos das variáveis do modelo.

Cada uma dessas medidas e variáveis é importante no estudo, pois permitem avaliar diferentes aspectos da relação entre inovação e vantagem competitiva das empresas. 

VARIÁVEIS

Independente

Eles medem a extensão da singularidade e do valor nas estratégias das empresas e os esforços dedicados ao desenvolvimento e manutenção de suas estratégias.  

Mediadora

Três itens foram adotados para medir a inovação das empresas em pesquisa científica, invenções tecnológicas, novos produtos, serviços e desenvolvimento de processos

Dependente

Os entrevistados foram convidados a avaliar a vantagem competitiva relativa da empresa em comparação com seus principais concorrentes em termos de derrotar a concorrência, fornecer produtos e serviços de alta qualidade, reconhecer mudanças nas regras de mercado e responder a oportunidades emergentes. 

Controle

Para minimizar possíveis efeitos de confusão, seis fatores organizacionais e setoriais relacionados à inovação e desempenho da empresa foram controlados. 

Resultados quantitativos obtidos na pesquisa

Com base nos resultados quantitativos obtidos na pesquisa, foram encontradas as seguintes relações:

A inovação estratégica está positivamente relacionada com a inovação gerencial e tecnológica (β=0,40, p<0,001), indicando que empresas que adotam práticas inovadoras em suas estratégias tendem a adotar práticas inovadoras também em suas gestões e tecnologias.

A inovação gerencial está positivamente relacionada com a inovação tecnológica (β=0,44, p<0,001), indicando que empresas que adotam práticas inovadoras em suas gestões tendem a adotar práticas inovadoras também em suas tecnologias.

A inovação estratégica, gerencial e tecnológica estão positivamente relacionadas com a vantagem competitiva (β=0,43, p<0,001), indicando que empresas que adotam práticas inovadoras em suas estratégias, gestões e tecnologias tendem a ser mais competitivas.

A vantagem competitiva está positivamente relacionada com o desempenho financeiro (β=0,38, p<0,001), indicando que empresas mais competitivas tendem a apresentar melhores resultados financeiros.

Esses resultados indicam que as empresas podem obter vantagens competitivas a partir da adoção de práticas inovadoras em suas estratégias, gestão e tecnologias, o que pode resultar em um melhor desempenho financeiro.

Comparados às empresas estrangeiras, os empreendimentos chineses ainda têm como base a tecnologia e são orientados para a tecnologia; incrivelmente, ainda falta o reconhecimento e a implementação de inovações não tecnológicas (Guo, Su & Ahlstrom, 2016).

Resultados

A inovação estratégica afeta a competitividade das empresas não só diretamente, como também indiretamente, por meio da promoção da inovação tecnológica e da inovação de gestão. Portanto, as empresas devem enfatizar a posição abrangente da inovação estratégica no fomento de sua competitividade e, ao mesmo tempo, adotar as inovações tecnológica e de gestão. Através da utilização de mecanismos diretos e indiretos que vinculam a inovação estratégica à competitividade das empresas, com atenção especial à inovação estratégica, as empresas definem as regras de mercado e de concorrência, integram recursos internos, melhoram a adaptabilidade e a flexibilidade para responder às mudanças e aproveitam oportunidades no ambiente externo para se destacar dos concorrentes

Através da utilização de mecanismos diretos e indiretos que vinculam a inovação estratégica à competitividade das empresas, com atenção especial à inovação estratégica, as empresas definem as regras de mercado e de concorrência, integram recursos internos, melhoram a adaptabilidade e a flexibilidade para responder às mudanças e aproveitam oportunidades no ambiente externo para se destacar dos concorrentes

A pesquisa demonstrou que a inovação de gestão exerce um efeito mediador maior do que a inovação tecnológica no elo entre a inovação estratégica e a competitividade de empresas, levando a inovação de gestão a uma posição paralela à inovação tecnológica, além de ajudar a aumentar o interesse acadêmico e atrair atenção à inovação de gestão. 

As empresas devem enfatizar a posição abrangente da inovação estratégica no fomento de sua competitividade e, ao mesmo tempo, adotar as inovações tecnológica e de gestão. 

Embora a inovação estratégica, a inovação de gestão e a inovação tecnológica sejam realizadas em áreas distintas das operações organizacionais, elas contribuem coletivamente para a melhoria da competitividade das empresas. A inovação é o motor que impulsiona o desenvolvimento das empresas. Os autores concluem que:

“Se uma empresa mantiver uma estratégia estática e não implementar inovações estratégicas, ela inevitavelmente limitará sua criatividade e o desenvolvimento no longo prazo, perderá oportunidades futuras e, eventualmente, entrará em declínio. Em resumo, a inovação estratégica ajuda a aumentar a competitividade das empresas.”

 

Referências

W.; CHEN, H.; GAO, S. Competitive advantage in the context of innovation: a study in Brazilian manufacturing companies. Revista Brasileira de Gestão de Negócios, v. 23, n. 1, p. 67-84, 2021. DOI: https://doi.org/10.7819/rbgn.v23i1.5425.

Birkinshaw, J., Hamel, G., & Mol, J. M. (2008). Management Innovation. Academy of Management Review, 33(4), 825-845. doi:10.5465/amr.2008.34421969

Černe, M., Kaše, R., & Škerlavaj, M. (2016). Nontechnological innovation research: Evaluating the intellectual structure and prospects of an emerging field. Scandinavian Journal of Management, 32(2), 69-85. doi:https://doi.org/10.1016/j. Scaman.2016.02.001

Crossan, M. M., & Apaydin, M. (2010). A multi-dimensional framework of organizational innovation: A systematic review of the literature. Journal of Management Studies, 47(6), 1154-1191. doi:10.1111/j.1467-6486.2009.00880.x

Han, J. K., Kim, N., & Srivastava, R. K. (1998). Market orientation and organizational performance: Is innovation a missing link? Journal of Marketing, 62(4), 30-45. doi:10.2307/1252285

Hitt, M. A., Ireland, R. D., & Hoskisson, R. E. (2012). Strategic management cases: Competitiveness and globalization: Cengage Learning.

Lee, S. M., Olson, D. L., & Trimi, S. (2010). Strategic innovation in the convergence era. International Journal of Management and Enterprise Development, 9(1), 1-12.  

Schumpeter, J. A. (1934). The theory of economic development. Cambridge: Harvard University Press.

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Laura Pertile

Entusiasta do universo de empreendedorismo e inovação. Bacharel em Administração, com MBA em gestão estratégica de pessoas, é Mestranda em Engenharia e Gestão do Conhecimento na Universidade Federal de Santa Catarina e pesquisadora integrante do grupo VIA Estação Conhecimento. Acredita que o mundo é feito de pessoas, para pessoas e por pessoas.

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