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Os dados abertos da Colômbia para a transformação social

A série Via na Colômbia apresenta como o país dos indicadores transforma a realidade de seus cidadãos por meio da Rede Cómo Vamos

Na colômbia, as iniciativas que integram a Rede Cómo Vamos buscam o controle social e dos governos por meio do monitoramento dos dados do governo e percepção de sua comunidade acerca das situações que vivenciam na cidade. O diferencial da Rede para Mónica Villegas – gerente de projetos da Fundação Corona, são os dados que a Rede apresenta, uma vez que são periódicos, públicos, verificáveis, comparáveis e oficiais.

Atualmente, a experiência Cómo Vamos tem metodologia própria de implantação sendo determinadas as áreas e temas que são fundamentais para o monitoramento da cidade e para o entendimento da qualidade de vida. Estas se associam a observar a cidade nos aspectos de:

  • pobreza e desigualdade,
  • educação,
  • saúde pública,
  • mercado laboral,
  • segurança e convivência da cidadania,
  • serviços públicos,
  • espaços públicos,
  • meio ambiente,
  • mobilidade,
  • cultura,
  • recreação e esporte,
  • entorno macroeconômico,
  • gestão e finanças públicas,
  • habitação.

Segundo Mónica Villegas a cultura da informação dentro do governo Colombiano está sendo buscada, tanto por meio de dados objetivos quanto subjetivos. Entretanto, em 19 anos de Cómo Vamos, ainda não é possível levar essa cultura ao governo. Os dados objetivos, por exemplo, são solicitados via ofício e os governos encaminham suas informações à rede de diversas formas. Cabe a rede trabalhar e disponibilizar os dados de diferentes formas, tangibilizando as ocorrências para a comunidade. Já os dados subjetivos são coletados por empresa, uma vez ao ano, que é licitada pela Rede a partir da definição metodológica já definida pela mesma. Entretanto, segundo Alejandro García – coordenador de Pereira Cómo Vamos – os indicadores objetivos e subjetivos se complementam, sendo ambos importantes estratégicas da cidade.

 Além disso, a rede atua na explicitação do conhecimento por meio da disponibilização de dados abertos (em plataforma digital), que podem ser baixados diretamente da página da Rede Cómo Vamos, assim como gráficos gerados pelo usuário a partir do seu interesse.

 Mesmo com diversas ações, Esteban Peláez Gómez – coordenador de projetos na Fundação Corona – indica que a própria plataforma está sendo melhorada em termos de usabilidade. A facilidade de uso do sistema (sistema amigável) vai fazer com que o cidadão realmente entre na plataforma e possa utilizar os dados.

Atualmente, ainda não há controle por parte da rede das ações feitas com os dados baixados da plataforma pelos diferentes usuários. Também não foram relatados programas como Hackathons, ou desafios das cidades a partir dos dados apresentados anualmente.

Os esforços de Cómo Vamos ainda estão em qualificar a opinião do cidadão fazendo que os insumos recebidos sejam válidos e realmente incorporados na população para a mudança de cultura, afirma Villegas.

A transparência dos dados e a confiança cidadã colombiana

A transparência dos dados da cidade é um dos objetivos da rede e, como forma de potencializar a informação, diversas ações são feitas nas cidades. Villegas ainda comenta que, como há desconhecimento do todo ocorrido nas cidades, muitas informações disponibilizadas não são úteis, principalmente aquelas feitas pelos governos em suas comunicações. Neste mesmo contexto, a comunicação dos dados coletados pela Cómo Vamos, tanto objetivos quanto subjetivos, deve ser levada ao cidadão para compreensão e análise.

Alejandro García diz que a confiança das pessoas faz parte do processo para a realidade de sucesso das redes colombianas. Para tanto, as redes precisam identificar as entidades que tem e acreditam no propósito das cidades, inclusive em longo prazo. Demonstrar o benefício da rede é fundamental para a aderência das entidades. A promoção do trabalho de alianças em torno da qualidade de vida foi realizada de forma intensa e hoje, só em Bogotá, há 130 entidades alinhadas as ações para amplificar a voz do que se tem na cidade. Além disso, essa aderência demonstra o interesse e apoio dos entes privados à rede.

O movimento Cómo Vamos fez com que houvesse uma concentração dos dados com 140 indicadores, comparáveis entre as cidades, disponibilizados de forma aberta a população. Entretanto, mesmo na Era da Informação e do Conhecimento, apenas as redes sociais não são suficientes para a disseminação do conhecimento e para que as informações fossem escaladas a toda a comunidade. Assim, a academia e os meios de comunicação amplificam a utilização das informações, seja por meio de estudos científicos, potencializados por meio da academia, ou ainda por meio de informações jornalísticas, potencializados pelos meios de comunicação.

Carlos Eduardo García Cortés – coordenador de comunicação de Manizales Cómo Vamos indica que diferentes ações são realizadas para que as informações cheguem ao grande público.  Em Manizales, por exemplo, são realizadas atividades que envolvem a transformação dos dados explicitados em jogos de tabuleiro de forma a indicar o que pensam as pessoas sobre a qualidade de vida na cidade.

Além disso, documentos em linguagem de infografia são comuns em Manizales e considerados como diferencial. O Cómo Vamos Manizales apresenta inclusive dados comparando as cidades da Colômbia.

Infografia de Manizales. Disponível aqui.

Cortés salienta que a comunicação dos dados deve ser realizada de diferentes formas para o envolvimento de todos da comunidade. Para comunicar bem, as dicas do coordenador são: aterrissar os conteúdos técnicos em linguagens compreensíveis, inovar e promover criatividade, definir objetivos de comunicação que sejam sustentáveis, pensar e atuar de forma estratégica para os objetivos que são de longo prazo, trabalhar em equipe e unir forças. Assim, Manizales vem apresentando diferenciais em relação a outros programas.

Ernesto Cortés ainda indica a necessidade dos jornalistas estarem capacitados para os conhecimentos associados aos desafios urbanos. Segundo o editor, hoje o jornalismo baseado em dados é um dos diferenciais da Colômbia.

No caso de Pereira, Alejandro García comenta que projetos específicos são funções fundamentais para o engajamento do cidadão com a cidade. Pereira tem trabalhado desde 2013 com ações que envolvem o comportamento cidadão que, até então, era considerado muito baixo. Nesta data, foram criados “Coletivos Pereira” para fazer com que a população tenha alto orgulho da cidade. Assim, em 2014 criou-se o Yo Creo em Pereira e em 2015 foi lançado o Programa Futuros Dirigentes, que busca fazer transformação social em jovens, para que estes tenham apreço pela cidade em que vivem. García comenta ainda que é um processo gradual de envolvimento cidadão. De 80 para 400 participantes, as ações dos Futuros Dirigentes se apresentam como potencial para que haja reflexões em torno dos desafios da cidade. Além disso, hoje o programa já é sustentável e conta com os próprios participantes (dirigentes) como disseminadores nas escolas. Em 2016 foi lançado o Con-Tato Social, onde é explicitada de forma unificada as atratividades da cidade por meio de agendas. Atualmente em Pereira, ações focadas nos espaços públicos de qualidade vêm sendo desenvolvidas.

Quer saber mais? Acompanhe a Rede de Monitoramento Cidadão de Florianópolis! Em breve teremos novidades!

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Equipe de pesquisadores com foco na transformação do conhecimento de forma tangível e utilitária para a sociedade, governo e empreendedores, por meio de ações de ensino, pesquisa e extensão. Atuamos de forma colaborativa e em rede, conectando pessoas e organizações ao nosso propósito.

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