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Conheça os atores do ecossistema de inovação

Olá, tudo bem? O post de hoje apresenta os atores que participam de um ecossistema de inovação. De um modo geral, um ecossistema só existe pela relação de troca entres os seres que o compõe. Em um ambiente de inovação, estes seres são denominados atores. Ou seja, são todos os partícipes que direta ou indiretamente estão envolvidos com a inovação.

A crescente complexidade da inovação

Com a complexidade que envolve a economia do século XXI, a inovação não pode ser entendida por um pensamento linear ou simplório. De fato, a inovação muitas vezes é resultado um processo complexo, da combinação de inúmeros fatores, interesses e elementos que se unem em sinergia. Desse modo, cada ator do ecossistema de inovação possui um papel importante e específico, que compõe um todo necessário para gerar inovação disruptiva e contínua. É claro que algumas inovações podem surgir ao acaso. No entanto, é cada vez mais difícil e improvável que isso aconteça.

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Com as rápidas transformações do mundo atual, tecnologias antes inovadoras tornam-se rapidamente obsoletas, e a busca pela adaptação aos novos mercados e pela inovação constante transforma-se numa necessidade e em um grande desafio. Portanto, uma rede de atores que atuam em um ecossistema colaborativo é um recurso fundamental para superar esses desafios. Entender quem são estes atores é o primeiro passo para estabelecer um ecossistema de inovação colaborativo.

Os atores que compõe o ecossistema de inovação

O modelo mais popular, reconhecido mundialmente e fonte de inspiração de inúmeras políticas de inovação é chamado de tríplice hélice. Este modelo, criado por Etzkowitz e Leydesdorff (1996) com base na abordagem de sistemas de inovação separa os atores em três hélices: governo, academia e empresas. Assim, o governo é responsável pela criação de politicas públicas, leis, incentivos e diretrizes para inovação.  Representa a atuação do poder público no ecossistema de inovação. A academia é responsável por realizar pesquisas que serão utilizadas para produzir inovação. Além disso, forma talentos para o ecossistema. As empresas, por fim, são os atores que colocam a inovação no mercado.

No entanto, com a evolução da complexidade inovativa, a tríplice hélice não foi suficiente para contemplar o crescimento inovador à longo prazo (MACGREGOR; MARQUES-GOU; SIMON-VILLAR, 2010). Assim, mais hélices foram acopladas ao modelo. Surgiram, portanto, a quádrupla hélice (CARAYANNIS; CAMPBELL, 2009) e a quíntupla hélice (CARAYANNIS; CAMPBELL, 201o). Estes novos modelos adicionaram a quarta hélice sociedade e a quinta hélice meio ambiente como atores do ecossistema de inovação. Mesmo assim, a literatura menciona outros atores que não são compátiveis com nenhuma dessas hélices (MARKKULA; KUNE, 2015). São mencionados, por exemplo, prestadores de serviços, investidores de risco, clientes, fornecedores, associações comerciais, etc (ELIA; MARGHERITA; PETTI, 2016). Assim, resolvemos agrupar os atores em sete hélices, entendendo que este modelo consegue englobar todos os atores que participam do ecossistema de inovação.

As sete hélices do ecossistema de inovação

As sete hélices do ecossistema de inovação são as seguintes:

Ator Conhecimento

São responsáveis por formar pessoas, promover o espírito empresarial e fomentar a criação de empresas futuras. Fornecem o principal ativo para a inovação: pessoas com conhecimento, os chamados talentos. Possibilitam o desenvolvimento de novas pesquisas, construção de novos conhecimentos e, criação de novas tecnologias.

Ator Público

São promotores do ecossistema de inovação, uma vez que, promovem programas, regulamentos, políticas e incentivos. Articulam um ambiente de negócios favorável não apenas na geração da inovação, mas também ao nascimento, crescimento e investimentos em empresas. Os atores públicos estão em âmbito federal, estadual e municipal. O ambiente regulatório permite a adoção de políticas públicas eficientes.

Ator Empresarial

Organizações que convertem ideias, planos e modelos de negócios em novos produtos, serviços, processos e, finalmente, em empresas. Desse modo, conseguem juntar a visão técnica com a visão de negócios para colocar uma novidade no mercado. São os motores do ecossistema. Estão entre startups, micro, pequenas, médias e grandes empresas.

Ator de Habitats de Inovação

Geram os espaços propícios para que a inovação e o empreendedorismo ocorram. Eles são os hubs do ecossistema de inovação e promovem as ações necessárias de animação do ecossistema em termos de desenvolvimento estratégico de talentos, capital e conhecimento. Ademais, os habitats promovem ambiente para o compartilhamento de conhecimento e aproximação dos atores do ecossistema de forma a maximizar os resultados e diminuir os riscos dos empreendedores.

Ator de Fomento

Não podem ser encarados apenas como bancos e fundações de amparo. Os investidores privados (anjos, semente ou de risco) também são esperados em ecossistemas fortes. Portanto, fornecem recursos reembolsáveis e não reembolsáveis para fomentar a inovação e permitem o acesso necessário ao capital para o desenvolvimento e crescimento do empreendedorismo e da inovação.

Ator Institucional

Organizações públicas ou privadas e independentes que atuam com inovação e representam demais atores ou classes de atores. Assim, os atores institucionais atuam de forma a impulsionar os interesses de nichos diversos.

Ator da Sociedade Civil

Pessoas que criam na sociedade demandas e necessidades, podendo influenciar os negócios e impactar no desenvolvimento da inovação. Dessa forma, atuam de forma voluntária no ecossistema e são animadores e entusiastas de diferentes atividades. Organizações não governamentais (ONGs) também podem ser enquadradas nesse segmento, desde que hajam em prol de ações do ecossistema.

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Referências

CARAYANNIS, Elias G.; CAMPBELL, David FJ. ‘Mode 3’and’Quadruple Helix’: toward a 21st century fractal innovation ecosystem. International journal of technology management, v. 46, n. 3-4, p. 201-234, 2009.

CARAYANNIS, Elias G.; CAMPBELL, David FJ. Triple Helix, Quadruple Helix and Quintuple Helix and how do knowledge, innovation and the environment relate to each other?: a proposed framework for a trans-disciplinary analysis of sustainable development and social ecology. International Journal of Social Ecology and Sustainable Development (IJSESD), v. 1, n. 1, p. 41-69, 2010.

ELIA, Gianluca; MARGHERITA, Alessandro; PETTI, Claudio. An Operational Model to Develop Technology Entrepreneurship “EGO-System”. International Journal of Innovation and Technology Management, [s. l.], v. 13, n. 05, p. 1640008, 2016.

LEYDESDORFF, Loet; ETZKOWITZ, Henry. Emergence of a Triple Helix of university—industry—government relations. Science and public policy, v. 23, n. 5, p. 279-286, 1996.

MACGREGOR, Steven P.; MARQUES-GOU, Pilar; SIMON-VILLAR, Alexandra. Gauging Readiness for the Quadruple Helix: A Study of 16 European Organizations. Journal of the Knowledge Economy, Faculty of Economics, University of Girona, Campus Montilivi, 17071 Gerona, Spain, v. 1, n. 3, p. 173–190, 2010.

MARKKULA, Markku; KUNE, Hank. Making Smart Regions Smarter: Smart Specialization and the Role of Universities in Regional Innovation Ecosystems. TECHNOLOGY INNOVATION MANAGEMENT REVIEW, [s. l.], p. 7–15, 2015.

 

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Guilherme Paraol

Doutor em Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC) e membro do grupo de pesquisa VIA - Estação Conhecimento. Realiza pesquisas com foco em ecossistemas de inovação. Atua em diversos projetos de inovação.