VII Circuito de Habitats de Inovação e Empreendedorismo
Os desafios e oportunidades do empreendedor para o crescimento acelerado
Uma das atividades do grupo VIA Estação Conhecimento é a aproximação dos atores do ecossistema de forma a levar o conhecimento produzido na academia e, em contrapartida, levar a realidade das práticas para dentro da universidade. A partir da nossa missão “promover transferência de conhecimento entre academia, empreendedores, governo e sociedade, por meio de ações de ensino, pesquisa e extensão, buscando sinergias de um trabalho colaborativo” o Circuito de Habitats de Inovação e Empreendedorismo surgiu!
A VII edição do circuito ocorreu no dia 12 de novembro no auditório Teixeirão da Universidade Federal de Santa Catarina. O evento, realizado em parceria com o SEBRAE, fez parte da Semana Global do Empreendedorismo, e teve como tema principal os desafios e oportunidades do empreendedor para o crescimento acelerado. O evento foi aberto pela professora Drª. Clarissa Teixeira e pela Juliana Grigoli representante do SEBRAE. Posteriormente, fizeram parte do painel Theo Orosco, CEO da Exact Sales e André Hotta, Head of Community da aceleradora Darwin Startups. O painel foi mediado pelo professor Dr. Rogério Lacerda. Confira a seguir os principais temas debatidos no evento.
Conexão SEBRAE e Universidade para um ecossistema inovador
É de conhecimento que a universidade é um ator fundamental para o ecossistema de inovação, por meio da realização de pesquisas e fornecimento de capital humano. Deste modo, Grigoli iniciou sua fala relatando a importância do evento como forma de conectar universidade e ecossistema. O SEBRAE, segundo Juliana, considera as Instituições de Ensino Superior como fundamental para desenvolver o ambiente empreendedor. Ainda, destacou a atuação do SEBRAE no fortalecimento do ecossistema empreendedor de Santa Catarina. Desse modo, o evento serviu como um meio importante de aproximar SEBRAE e universidade, debatendo com alunos e professores assuntos relacionados ao empreendedorismo, e, principalmente, a criação e aceleração de startups. Ao se apresentar, o professor Dr. Rogério Lacerda destacou a importância que há na interação entre universidade e mercado para desenvolver um ecossistema inovador.
Habitats de inovação no ciclo de desenvolvimento das startups
Hotta mencionou que o empreendedor passa por seis etapas: inspiração, aprendizado, início como empreendedor, estruturação de sua startup (equipe), ganho de escala e, por fim, empresa com grande faturamento ou oferta de IPO. Para tanto, Hotta se baseou na jornada do empreendedor. Cada etapa dessa, como destacou, tem atuação de todo o ecossistema. Primeiro, na parte de inspiração, podem ser considerados, por exemplo, eventos e palestras. Para o aprendizado, o palestrante citou o Startup Weekend. A partir de então, numa parte mais intermediária da jornada, citou os habitats de inovação como a pré-incubação, incubação e aceleração.
De acordo com Hotta a ideia de incubação surgiu ligada a universidade. De forma que, projetos de pesquisa que precisavam de um tempo ou de uma estrutura se juntavam para ficar dois anos com benefícios para desenvolver o projeto. Atualmente, existem incubadoras que não estão ligadas a universidade, mas que ajudam com estrutura, assessorias e mentorias. Hotta destacou que a Darwin Startups atua como aceleradora. A principal diferença é que a aceleradora coloca dinheiro na startup. No caso da Darwin, este valor é de 170 mil em startups que viram sócias da empresa.
O processo de aceleração da Darwin é de 4 meses, onde é oferecido mentoria e, principalmente, acesso ao mercado. Hotta comentou que um bom empreendedor vai atrás de contato e mercado, mas a aceleradora ajuda a encurtar esse tempo de aproximação e conexão com o mercado, e portanto, as startups aceleradas conseguem crescer mais rápido. Portanto, as aceleradoras ajudam principalmente os empreendedores que estão na fase early stage (inicial), preparando-as para um mercado de escala. Nesse processo ou crescem muito rápido, conquistando muitos clientes, ou vão para a próxima etapa que é fundo de investimento. No fundo o empreendedor busca um investimento maior de 1, 2 ou até 10 milhões de reais.
Consulte aqui: As características definidoras das aceleradoras e suas diferenças para outras organizações filantrópicas.
A ideia (apenas) não vale nada
Orosco foi taxativo “a ideia é 10%, enquanto que, 90% é execução”. Destacou ainda que, antes de ir para uma aceleradora, receber investimento, é preciso“sentar a bunda na cadeira” e provar valor, vender. Em continuidade, o empreendedor mencionou que só há um negócio quando alguém acredita na sua ideia e paga por ela. Como segundo passo a aceleradora é muito importante, mas num primeiro momento, é preciso começar a gerar dinheiro para provar que o seu negócio tem valor. Por fim, Orosco declarou, “não se apeguem na ideia e no dinheiro que precisa para performar.”
Passos para desenvolver a ideia
Orosco mencionou alguns passos para desenvolver como empreendedor. O 1º passo é se qualificar muito bem, se aproximar do SEBRAE, olhar os principais casos de sucesso, participar do meio de empreendedorismo e inovação. De modo que, em sua fala, fica nítida a importância de se fazer presente no ecossistema de inovação. Depois é partir para a observação, entender muito bem o que está acontecendo no mercado, qual é o problema real. Posteriormente, é preciso fazer o Minimo Produto Viável (MVP), de forma que, resolva o problema de uma maneira muito simples, sem gastar nada de dinheiro. Então, é preciso encontrar alguém disposto a pagar por essa solução.
Segundo Orosco, esse é o passo a passo inicial. O empreendedor lembra que no início a Exact Sales era toda baseada em planilhas de excel, e mesmo assim a empresa já faturava. A empresa foi investida, segundo ele, porque já tinha um monte de gente pagando pela solução. Portanto, era uma necessidade que realmente existia no mercado, o que agregou valor para o seu negócio.
Por sua vez, Hotta destaca os ciclos de aprendizagem na construção de uma startup. Segundo o próprio, muitos empreendedores esperam ter um produto finalizado para então vender. No entanto, a empresa tem que vender, ver o que está errado e melhorar de novo e ficar sempre nesse ciclo de aprendizado. A dica, portanto, e ir cedo para o mercado, entender a dor do cliente e aprender com isso. Para Orosco, tem que meter a cara, não existe sucesso sem risco. Resiliência é uma palavra chave para o empreendedor, mesmo que a ideia anterior não deu certo.
Ideias que não deram certo
Segundo Hotta, o maior fator de fracasso das startups são as pessoas. Para tanto, como dica, Hotta menciona que os empreendedores têm que desenvolver muito bem suas habilidades pessoais. Tudo envolve pessoas. Muita gente fala em cultura, fala em pessoas, mas na hora de ir escolher o sócio, definir a cultura fazem errado. Destaca ainda, que a principal falha da empresa foi ter uma cultura diferente do seu sócio. Portanto, é preciso escolhê-lo bem. Além disso, é preciso contratar pessoas com habilidades diferentes.
Orosco destaca que fez errado em depender de grandes empresas. Além disso, outro erro é não ter um bom planejamento estratégico. Segundo o empreendedor, também pode ser considerado como erro o fato de desenvolver um segundo produto que prejudicou o seu primeiro. Portanto, destaca que foco é essencial. Por último, salientou que um desafio do empreendedor é conciliar vida pessoal e profissional. Ter um equilíbrio é muito difícil, mas é essencial.
Habilidades para empreender
Além da resiliência e da observação já citadas, Orosco menciona que a coragem é a primeira e principal habilidade que o empreendedor deve ter. “O empreendedor é um eterno corajoso.” Se o empreendedor não largar tudo e focar na sua empresa as chances de dar certo são mínimas.
Além disso, lidar com as pessoas é fundamental. Hotta cita que na Darwin eles trabalham muito com a ideia de pessoas. Um dos pilares dessa ideia é chamado de “conhece a ti mesmo”. Quando o empreendedor não conhece a si mesmo, não sabe onde melhorar. Outro item citado por Hotta é que muitas vezes você acha que é de um jeito, mas a imagem passada é diferente, de modo que, as pessoas te entendam de outro jeito. Passar uma mensagem diferente daquela que se deseja é muito ruim para a organização. Outro pilar é conhecer o outro. É preciso entender o perfil das outras pessoas para comunicar diferente para pessoas diferentes. E, por fim, conhecerem como trabalham.
Orosco finaliza destacando que o empreendedor é o maior exemplo para a organização. Todas as atitudes tomadas pelo empreendedor precisam servir de bom exemplo para os colaboradores. Além disso, formar uma rede de colaboradores desde muito cedo é essencial para o empreendedor, que deve estar conectado com muitas pessoas.
Confira o evento na íntegra no vídeo abaixo.
Guilherme Paraol
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