Redes De Inovação

O que são redes de inovação?

Redes de inovação e a facilitação do processo de inovação

Você sabe o significado de redes de inovação? E qual a sua diferença para sistemas de inovação? Assim, este post visa esclarecer esta e outras dúvidas sobre o conceito que possui como objetivo a cooperação para inovação.

Assim, devido à evolução dos processos produtivos, desenvolvimento da tecnologia e dispersão do conhecimento, inovar transformou-se num processo cada vez mais complexo. Portanto, aliado a escassez de tempo e recurso, torna-se praticamente inviável que uma única empresa possua todos os elementos necessários para se tornar competitiva.

Dessa forma, a inovação é resultado da interação de diversos atores (ASHEIM et al., 2011). Portanto, é preciso cooperar! Há diversas formas de diferentes instituições cooperarem. De tal forma que, quando realizada por diferentes organizações, geralmente heterogêneas, a cooperação pode configurar uma rede de inovação (PELLEGRIN et al., 2007).

O conceito de redes de inovação

Com o aumento da complexidade da tecnologia e crescente necessidade de recursos adicionais para se tornar compettiva, a formação de redes tem sido encorajada desde meados da década de 90. Deste período em diante, pesquisadores se esforçaram para definir o conceito de redes e de redes de inovação. Esse interesse emergiu, principalmente, com o intuito de analisar o surgimento, a estrutura e evolução de atividades inovadoras que exigem a atuação flexível e adaptável de organizações que colaboram para alcançar resultados comuns (SPENA, TREGUA, BIFULCO, 2017).

A rede de inovação constitui-se a partir da atividade social e institucional de contrução de relacionamentos entre os seus atores. As empresas e os atores empresariais são os principais elementos das redes de inovação (GULATI, 1995). A rede é considerada um conjunto de recursos e conhecimentos que são ativados por meio das atividades de inovação, por empresas que visam a criação de valor  (GULATI, 2007; SPENA, TREGUA, BIFULCO, 2017).

Segundo Tidd et al (2003, p.225) “Uma rede pode ser considerada como um conjunto de posições ou nós, ocupado por indivíduos, empresas, unidades de negócio, universidades, governos, clientes ou outros agentes, e elos de ligação e/ou interações entre estes nós.”

Redes de inovação x sistemas de inovação

A temática inovação é cercada de um conjunto de conceitos que ao mesmo tempo que diferem estão relacionados. Dentre tais conceitos, econtram-se os sistemas de inovação e as redes de inovação. Ambos tem como objetivo descrever um melhor caminho para promover a inovação num ambiente multifacetado e interconectado (RUSSO-SPENA, TREGUA, BIFULCO, 2017). De forma que, a interação de diversos atores para promover a inovação pode se relacionar tanto com o conceito de sistemas como de redes de inovação.

Os sistemas de inovação são o resultado de um conjunto complexo de relacionamentos.  A realidade é entendida como complicada. As interações são previsíveis e envolvem atores econômicos e institucionais, que agem por conta própria. As regras de trabalho são geralmente bem definidas. Mecanismos de interação e coordenação entre componentes de sistemas são vistos como dependentes do caminho e não são intencionais, onde as instituições emergem como moderadoras nas interações (RUSSO-SPENA, TREGUA, BIFULCO, 2017). O sistema de inovação está mais concentrado na capacidade ou nos elementos necessários para desenvolver o processo produtivo.  Além disso, possui como foco principal o desenvolvimento econômico a nível de país, região ou setor (PELEGRIN et al. 2007).

Saiba mais sobre o conceito de redes de inovação em nosso livro Habitats de Inovação: conceito e prática.

Em redes de inovação, a realidade também é complicada, mas não há tanta previsibilidade. O desequilíbrio da rede é uma condição usual, mesmo que a teoria a trate como um sistema controlado. Como possuem objetivos mais específicos, os atores colaboram mais diretamente. As regras são estabelecidas com antecedência e podem sofrer alterações para melhorar os relacionamentos e a dependência entre os atores. Os mecanismos de governança consideram a tomada de decisão dependente do caminho, com atenção para o novo, a fim de apoiar o dinamismo e fornecer um guia constante dentro da mutável rede (RUSSO-SPENA, TREGUA, BIFULCO, 2017).

As redes de inovação possuem maior foco na competitividade das organizações. Ou seja, estão mais preocupadas com a inovação no nível das firmas. Por meio da interação com outras organizações, ou atores heterogêneos (governo, academia, agências de fomento), buscam cooperar num mesmo setor para acessarem mais facilmente  o conhecimento, princial insumo da inovação.  Portanto, as relações interfirma constituem o locus da inovação na rede (PELEGRIN et al. 2007).

A coordenação das redes de inovação

A cooperação em forma de rede, tem como principal objetivo acessar a maior parte do conhecimento disponível para produção de novos bens e serviços. De maneira que, o acesso a informação por uma empresa que atue em rede seja facilitada pelo mais rápido e fácil acesso as outras organizações da mesma rede. Dessa forma, a coordenação da rede é fundamental para a intermediação desses vários atores. Assim, sua função é coordenar e intermediar no processo de cooperação entre as instituições, dentro e fora da rede (PELEGRIN et al., 2007). Por sua vez, Dhanaraj e Parkhe (2006),  citam que um ator da rede frequentemente atua como um orquestrador.

Por fim, a atuação em rede, independente de sua tipologia, fornece inúmeros benefícios. Assim, tais quais, o compartilhamento de conhecimento entre os atores; o aumento de concorrência; a conexão do conhecimento de produtores, fornecedores e usuários e a agilidade na troca de informação (RAMOS; TEIXEIRA, 2018).

Portanto, para saber mais sobre redes de inovação e suas outras tipologias, acesse nosso ebook: Redes: alinhamento conceitual.

REFERÊNCIAS

ASHEIM, B. T.; SMITH, H. L.; OUGHTON, C. Regional innovation systems: theory, empirics and policy. Regional studies, v. 45, n. 7, p. 875-891, 2011.

GULATI, R. Social structure and alliance formation patterns: A longitudinal analysis. Administrative Science Quarterly, v. 40 n.4, p. 619-652, 1995.

GULATI, R. Managing network resources: Alliances, affiliations, and other relational assets, Oxford
University Press, Oxford, 2007.

PELLEGRIN, Ivan de et al. Redes de inovação: construção e gestão da cooperação pró-inovação. Revista de Administração – Rausp, São Paulo, v. 42, n. 3, p.313-325, jul. 2007.

RAMOS, D. N.; TEIXEIRA, C. S. Redes: alinhamento conceitual. Florianópolis: Perse, 2018.

RUSSO-SPENA, Tiziana; TREGUA, Marco; BIFULCO, Francesco. Searching through the jungle of innovation conceptualisations. Journal Of Service Theory And Practice, [s.l.], v. 27, n. 5, p.977-1005, 11 set. 2017.

TIDD, J.; BESSANT, J. e PAVITT, K. Gestão da Inovação: Integração das mudanças tecnológicas, de mercado e organizacionais, Monitor: Lisboa; 2003.

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Guilherme Paraol

Doutorando no PPEGC (UFSC) e membro do grupo de pesquisa VIA - Estação Conhecimento. Realiza pesquisa com foco em ecossistemas de inovação. Atua nos projetos de mapeamento, ativação e orquestração de ecossistemas de inovação.