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Pet places e centros urbanos

Pet Places: reorganização dos espaços públicos

Certamente a maioria de nós já ouviu aquela frase “o cão é o melhor amigo do homem”. Pois bem, pode até ser que esta frase não seja tão verdade ao pé da letra, embora cada dia mais essa aproximação entre animais domésticos e humanos se faz presente nos lares brasileiros e fora do ambiente privado, como os pet places.

Os pet places são espaços reservados para cães, eles podem ser tanto uma praça ou parque, como também uma lanchonete na esquina da sua rua. Dados do IBGE (2015) evidenciam que o número de animais domésticos no Brasil é superior ao de crianças.

Nesse sentido, tal questão justificaria o aumento no número de pet places nas cidades urbanas. Sobretudo, associado diretamente ao investimento do capital privado nesse setor da economia.

Low (2005) afirma que cada vez mais os espaços públicos estão desaparecendo, marcado por processos de segregação espacial. No entanto, as praças são bens importantes para as comunidades locais. Para Sell (2017), além disso a abertura de espaços públicos garante melhor qualidade de vida a população.

Interação e convívio com cães, o caso toby: um cão cocker, preto e de 25 anos

O toby entrou na vida da sua tutora quando a mesma estava passando por dificuldades com seu filho, era uma criança de dois anos que não andava e falava. Por conseguinte, a partir da imitação dos comportamentos de Toby, a criança passou a engatinhar e emitir sons. Tanto a criança, assim como o cão tornaram-se amigos inseparáveis. A criança desenvolveu-se significativamente com o auxílio do animal (Nara Bona, Médica Veterinária).

O bairro Kobrasol – São José (SC): a convivência com os animais

Especialmente tratando-se dos cães, os pet places tornaram-se realidade cotidiana em diversos lugares da Grande Florianópolis, por exemplo a praça Eugênio Raulino Koerich adotada pela WOA Empreendimentos Imobiliários no bairro Kobrasol em São José (SC). Reinaugurada em 2015, embora ainda não tenha um grande espaço exclusivamente destinado aos cachorros, atualmente ela reúne diariamente diversos deles com seus moradores dos bairros Kobrasol e Campinas.

Praça Eugênio Raulino Koerich. Registro: Iolete Oliveira

 

Segundo a moradora Maristela Cunha, essa convivência entre pessoas e cães é maravilhosa.

“No começo era apenas um trio e não sei como, mas foi crescendo porque qualquer integrante pode adicionar quem quiser ao grupo. Agora, nós já somos mais de trinta pessoas e quando nos encontramos na praça é maravilhoso”.

Conforme Nara Bona, médica veterinária e moradora do bairro Kobrasol, “eles são seres desprovidos de preconceitos” e “promovem encontros interpessoais, especialmente quando seus donos os levam para passear na rua”.

Assim, Nara Bona descreve que “os cães têm uma grande importância na socialização de pessoas e animais”. Sob minha perspectiva, as praças juntamente com os animais e tutores tendem a construir laços de pertencimento ainda maiores coletivamente.

Egnardo Gouveia outro morador do bairro relata:

“Vim morar no Kobrasol a pouco tempo e para minha surpresa encontrei um grupo de pessoas que nos receberam, a mim e minha teca (cachorra) com tanto carinho. São amigos a pouco tempo, mas este tempo que passo com eles e seus bichinhos de estimação me faz muito bem e serve como terapia”

Com relação a praça do Kobrasol, há desde um grupo no WhatsApp criado em decorrência da socialização favorecida por meio dos cachorros. Neste grupo, são marcados encontros mensais como cafés da manhã, “tarde da cervejada” nos meses de verão e comemoração dos aniversariantes ao final de cada mês.

Tendências

A equipe de colunistas da Versar (2018) afirma que os pet places estão se espalhando pelos centro urbanos. Aliás, tornou-se uma tendência nas grandes cidades a medida que novos padrões de comportamento social vão sendo estabelecidos.

Hoje em dia Florianópolis-SC destaca-se com um dos principais destinos brasileiros com espaços destinados aos patudos (pet friendly). A cidade oferece uma gama de serviços destinados aos tutores de animais domésticos, ampliando ainda mais o mercado turístico. Tudo isso ainda conta com o aplicativo Petinerary, disponível para Android e IOS ele mapeia os lugares onde os bichinhos são bem aceitos.

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REFERÊNCIAS

EQUIPE VERSAR. Tendência em centros urbanos, pet places estão se multiplicando em locais públicos. Disponível em: <https://www.revistaversar.com.br/pet-places/>.

IBGE. Pesquisa nacional por amostra de domicílios : síntese de indicadores 2013. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.

IBGE. Pesquisa nacional de saúde 2013, acesso e utilização dos serviços de saúde, acidentes e violências: Brasil, grandes regiões e unidades da federação. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 2015.

LOW, Setha. Transformaciones del espacio público en la ciudad latinoamericana: cambios espaciales y prácticas sociales. Dialnet, Espanha, n. 5, p.1-14, 2005.

REDAÇÃO ND. Aplicativo que mapeia locais ‘pet friendly’ é criado por jovens de Florianópolis. Disponível em: <https://ndonline.com.br/florianopolis/noticias/aplicativo-que-mapeia-locais-pet-friendly-e-criado-por-jovens-de-florianopolis>.

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Vitor Martins

Graduando em Administração (FGV-Sociesc) e Psicologia (UFSC). Escreve sobre temas transversais relacionados à Deficiências e Trabalho, População de Rua, Gênero e Políticas Públicas. Atua como Pesquisador em Iniciação Científica (UFSC) com bolsa financiada pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cujo estudo encontra-se vinculado ao Programa de Pós Graduação em Engenharia do Conhecimento (PPGEGC/UFSC) e ao grupo Via Estação do Conhecimento. Endereço para acessar este CV: http://lattes.cnpq.br/4817371773157513

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