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Demonstração do 5G na UFSC – entendendo a tecnologia

Demonstração da tecnologia 5G na UFSC

Entre os dias 26 de junho e 05 de julho de 2019 em Florianópolis, na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), esteve montado um estande de demonstração da tecnologia 5G. O trial foi realizado em conjunto com a Fundação CERTI, juntamente com a empresa de telefonia TIM e a multinacional chinesa Huawei. A princípio, a Agência Nacional de Telecomunicações (ANATEL) realizará o leilão de frequências em março de 2020 e a previsão para a disponibilidade da tecnologia fica para 2021. Entretanto, a Anatel cedeu uma licença especial para que fosse instalado na UFSC, com objetivo de demonstração, uma antena irradiando sinal 5G. Nesse meio tempo, o grupo VIA Estação Conhecimento esteve no estande e ouviu o Engenheiro de RF (Radiofrequência) da Huawei, Marcos Cardoso, a fim de obter mais detalhes sobre a tecnologia.

Entendendo o 5G – As três principais funções que a tecnologia engloba

No geral, o 5G engloba as três seguintes funções principais, segundo a nomenclatura ITU-R:

  • Enhanced Mobile Broadband (eMBB)
  • Massive Machine-Type Communications (mMTC)
  • Ultra-Reliable and Low-Latency Communications (URLLC)

Como resume Popovski et al. (2018), o eMBB suporta conexões estáveis com taxas de pico de dados muito altas. Já o mMTC suporta um grande número de dispositivos da Internet das Coisas (IoT), que são apenas ativados esporadicamente e necessitam enviar pequenos pacotes de dados. Por fim, o URLLC suporta transmissões de baixa latência de pequenos pacotes úteis com confiabilidade muito alta a partir de um conjunto limitado de terminais, os quais são ativados de acordo com os padrões normalmente especificados por eventos externos, como por exemplo, alarmes.

O 5G vai além da alta velocidade

Apesar dos valores astronômicos de download variando de 700Mbps (Megabit por segundo) a 1Gbps (Gigabit por segundo), o 5G não é somente para altas velocidades. Uma vez que a tecnologia apresenta também massiva conectividade e comunicação de baixíssima latência. Dessa maneira, vale lembrar que nem todo dispositivo ou aplicação necessita de alta banda. Por exemplo, a tecnologia de Narrowband IOT. Também, quando se pensa em massiva conectividade, deve-se pensar em massivo compartilhamento e massivo processamento. Dessa forma, esse processamento pode ser na nuvem ou em edge-computing.

Conforme menciona o Eng. Marcos Cardoso, o 5G envolve alta segurança, alta disponibilidade, alta confiabilidade e baixa latência. Ele cita: “Se você está, por exemplo, controlando um drone por controle remoto, você tem uma conexão humano-drone. Se eu colocar um algorítimo no seu lugar para controlar o drone, haverá uma conexão máquina-máquina. Esta conexão M2M necessitará de baixíssima latência e alta confiabilidade. Muitas vezes confiabilidade e latência são antagônicos, devido ao fato do processamento para a correção de erros aumentar o tempo de resposta.” O Engenheiro completa que a nova estrutura de corda, redes, fibra óptica, capilaridade e Quality of service (QoS) de servidor garantem a confiabilidade com baixa latência.

5G é exemplo de tecnologia disruptiva

Marcos Cardoso diz que a ideia do 5G é ser completamente sustentável e disponível para a sociedade, abrangendo diversas áreas de aplicação. Certamente, o objetivo do 5G é muito mais amplo. Uma vez que, este traz a transformação digitando gerando transformação social. Esta transformação se dá pelo alcance do 5G em áreas menos favorecidas, menos urbanizadas, remotas ou rurais. Mesmo que a comunicação geral em grande massa, de altíssima velocidade, seja próximo as antenas. O fato é que o 5G possui um espectro de frequências muito amplo, o qual vai desde a banda milimétrica, de altíssima velocidade, até a banda com frequência menor (700MHz). Dessa forma, as bandas de frequências mais baixas, embora mais lentas, possuem maior penetração e alcançam uma área maior com uma menor perda de sinal. Atualmente, nenhuma tecnologia de banda larga móvel utiliza um espectro tão amplo de frequências.

Por fim, Marcos fala que em questões de velocidade, o 4G já supre a maior parte da necessidade dos usuários. Entretanto, se você estiver em um show lotado, ou em algum lugar com uma concentração muito grande de pessoas, você provavelmente terá problemas de conexão com a tecnologia atual. Problemas desse tipo, para os usuários, o 5G resolverá. Contudo, o Engenheiro fala que é importante não somente pensar no usuário, mas nas máquinas, na indústria, na agricultura, em cidades inteligentes, IOT, etc. Com toda essa banda disponível, serão abertas muitas oportunidades de negócios que quebrarão padrões. Assim, pelas inúmeras possibilidades de quebra de padrões, o 5G mostra-se como uma incrível tecnologia disruptiva.

REFERÊNCIAS

POPOVSKI, Petar et al. 5G Wireless Network Slicing for eMBB, URLLC, and mMTC: A Communication-Theoretic View. IEEE, S.i, abr. 2018

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Patrick Walter Rüdiger Scheidt

Graduando em Eng. de Materiais, aficionado por ciência, tecnologia e inovação. Mergulhador (Divemaster PADI®).

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